O Espírito Santo faz parte da Rota Imperial São Pedro D´ Alcântara. É o que foi constato, depois de mais um ano de pesquisas em arquivos dos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e em documentos do Exército, da Marinha e também em arquivos de Lisboa, em Portugal. À frente de todos levantamentos esteve o paleógrafo e historiador, João Eurípedes Franklin Leal.
A Rota Imperial São Pedro D´Alcântara é um projeto turístico que contempla dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e agora, também, o Espírito Santo. Pelas terras capixabas a estrada corta 14 municípios entre o litoral e o interior capixaba: Viana, Santa Leopoldina, Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Ibitirama, Iúna, Conceição do Castelo, Muniz Freire, Irupi, Ibatiba, Castelo, Cariacica, Santa Maria de Jetibá e Vitória.
Segundo o historiador, muitas pessoas não acreditavam que a estradas capixabas fizessem parte da ´Estrada Real´. “Os estudos foram feitos conforme o projeto de Resgate e Documentação Histórica do Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores. Eram necessários documentos microfilmados e digitalizados que comprovassem os levantamentos. Encontramos mapas do traçado das estradas”, explicou.
A construção da estrada foi ordenada pelo rei D João VI e foi umas das últimas estradas reais a ser construída. “Essa estrada foi iniciada em 1814 e concluída 1816. Entre muitos documentos encontrados, foi descoberta uma carta do próprio Dom João VI, na igreja da Vila de Itapemirim, no sul do Espírito Santo, sobre os motivos que o levaram a determinar a construção da estrada imperial”, relatou.
Entre os motivos, conta o historiador, estavam a necessidade de ligação de Minas Gerais ao mar e uma alternativa de acesso ao porto do Rio de Janeiro; a abertura de uma nova área territorial para expansão das fazendas – já que Minas Gerais possuía uma grande parcela da produção do ouro e muitas pessoas estavam à procura de outras terras como alternativa, o que acabou por gerar o povoamento do centro sul do Espírito Santo. Um outro motivo apontado por Dom João VI, na carta, estava a busca por outras minas de ouro, possivelmente escondidas em terras capixabas. E por fim, João Eurípides relata o episódio da matança dos índios botocudos. ” Como toda a região já estava habitada pelos índios, o governo português entendia que eles atrapalhavam o desenvolvimento da região. Desta forma, os primeiros habitantes foram atraídos para serem parceiros e aqueles que não aceitassem seriam exterminados. Foi nesta época que houve a matança dos botocudos. Os índios Buris aderiram aos portugueses´, lembrou.
A estrada imperial foi por anos a única ligação do Espírito Santo com Minas Gerias. Foi o Barão de Itapemirim o principal responsável pela revitalização da rota. Segundo João Eurípedes, a estrada que constituiu a rota imperial possuia uma largura de apenas 15 palmos, o que representava, aproximadamente, 3 metros de largura, suficiente para o comércio da época. “Alguns trechos foram alargados ao longo dos anos e outros asfaltados, mas muitos ainda permanecem da mesma maneira.
Para transformar toda esta história em atrativo cultura, a Federação das Indústrias do Espírito Santo constituiu o Instituto Rota Imperial, que será o gestor, aqui no Estado, do produto turístico da Rota Imperial. O projeto de criação da Rota Imperial tornou-se possível graças a uma parceria firmada entre a FINDES, a Federação das Indústrias de Minas Gerais, com apoio das Assembléias Legislativas dos dois Estados, assim como dos governos estaduais.
O marco zero da Rota Imperial será em Vitória, em frente ao Palácio Anchieta e de lá seguirá até Ouro Preto, em Minas Gerais. O objetivo do instituto será o de promover a economia das diversas cadeias produtivas das regiões que fazem parte da Rota Imperial, viabilizando os projetos que envolvam os municípios e desenvolvendo ações como licenciar produtos e aumentar o fluxo turístico, dentre outros. O levantamento histórico já foi feito e agora os parceiros estão partindo para a segunda etapa do projeto que será o de roteirização, sinalização e o geoprocessamento da rota.
* Gazeta Online