O Governo do Estado e do Incaper promoveram nesta sexta-fera (29) o lançamento da cultivar de Taro (Inhame) São Bento, descoberto por um produtor e pesquisado pelo Incaper, com 30% a mais de produtividade, se comparado aos cultivados tradicionalmente no Estado. É a primeira raiz genuinamente brasileira a ser registrada no Ministério da Agricultura.

A solenidade teve início às 9 horas, no auditório da comunidade do distrito de São Bento de Urânia, no município de Alfredo Chaves, com a presença do secretário da Agricultura, César Colnago, do presidente do Incaper, Gilmar Dadalto, do secretário de Estado de Gerenciamento de Projetos (Segep) e ex-presidente do Incaper, Ênio Brgoli, do presidente do Idaf, Antônio Possatti, entre outras autoridades, e cerca de 700 técnicos e produtores rurais de cerca de 30 municípios capixabas.

O secretário César Colnago parabenizou o produtor Jair Pianzoli, o descobridor do ‘São Bento’, em nome de todos os produtores de inhame presentes, pelo seu conhecimento em preservar a planta que descobriu em sua propriedade há quase 20 anos. ”Temos uma seleção de mestres e doutores aqui presentes: os agricultores familiares, que persistiram à falta de estrutura no campo ao longo da história e conseguiram fazer de São Bento de Urânia o maior produtor de inhame do país. Hoje os agricultores capixaba podem contar ainda, com a pavimentação das estradas, graças ao Programa Caminhos do Campo, além de telefonia rural, para continuarem avançando cada vez mais”.

Colnago lembrou ainda, das qualidades do inhame e afirmou que há um grande mercado externo a ser explorado. “Se as pessoas descobrissem o valor nutricional e medicinal do inhame, valorizariam mais a raiz. Ele é altamente energético, nutritivo e de fácil digestão”.

O presidente do Incaper, Gilmar Dadalto, afirmou que esse lançamento simboliza a vitória dos produtores em parceria com a pesquisa. “É a primeira vez que uma raiz genuinamente capixaba, e brasileira, é registrada no Ministério da Agricultura, e isso é fruto da descoberta de um produtor junto com o trabalho do pesquisador”, frisou.

Gilmar Dadalto disse ainda que, com o Taro São Bento, os produtores terão a oportunidade de aumentar a produtividade, o valor comercial e, conseqüentemente, a rentabilidade de sua propriedade familiar. “O ‘São Bento’ é mais um avanço da ciência e da tecnologia do Incaper para a produção de alimentos saudáveis”.

O secretário de Gerenciamento de Projetos e ex-presidente do Incaper, Ênio Bergoli, disse que o lançamento do São Bento representa um exemplo de agricultura familiar atrelada à pesquisa. “Há um ano fizemos o compromisso de registrar esse material no Ministério da Agricultura e hoje, podemos dizer com orgulho que o São Bento é o primeiro registro brasileiro de raiz. Somos um exemplo para o Brasil de como aliar agricultura familiar ao conhecimento do pesquisador.”

Ênio Bergoli frisou ainda a importância do agronegócio para o desenvolvimento econômico capixaba. “O agronegócio é tão importante para o Governo do Estado como qualquer outro projeto prioritário que gerenciamos”, destaca.

Todos presentes no lançamento puderam saborear pratos típicos produzidos com inhame, como coxinhas, croquetes, sonhos com recheio de inhame, pudins, cocadas de inhame, tudo produzido pelas mulheres da comunidade a partir do curso sobre o aproveitamento do inhame na culinária, ministrado pela economista doméstica do Incaper, Rita Zanúncio. Durante a cerimônia, as alunas receberam do Incaper o certificado de conclusão do curso.

No evento, os produtores rurais familiares participantes receberam kits-mudas, contendo 3 kg de sementes do ‘São Bento’. Além disso, foram homenageados o produtor Jair Pianzoli, que descobriu a cultivar em sua propriedade; o pesquisador do Incaper, Carlos Alberto Simões, responsável pela pesquisa com o São Bento; e a filha do então técnico agrícola do Incaper, Laudir Pianzola (in memoriam), que, na ocasião, levou esse material à coordenação do Programa de Raízes do Incaper, quando a partir daquele momento, foram iniciados os estudos.

O produtor Jair Pianzoli afirmou estar muito feliz com a divulgação do São Bento. “Sinto satisfeito em ajudar, estou muito orgulhoso em ver o resultado depois de tanta luta”, comemora.

O ‘São Bento’ se destaca por apresentar plantas vigorosas, de alta produtividade e rizomas de excelente aspecto comercial, favorecendo ainda mais a exportação no Estado, que é um dos maiores produtores e exportadores da raiz no país.

A cultivar São Bento

É a primeira cultivar de inhame genuinamente capixaba e brasileira. As primeiras plantas dessa cultivar foram selecionadas na propriedade de Jair Pianzoli, no sítio Monte Verde, em 1989, em uma lavoura de produção comercial da cultivar Chinês, no distrito de São Bento de Urânia, em Alfredo Chaves. A partir daí, o produtor passou a multiplicar as sementes e a distribuir/vender para parentes e amigos.

Em 1995, o técnico agrícola do Incaper, Laudir Pianzola (in memoriam), que auxiliava na condução de experimentos de inhame, levou essa material à coordenação do Programa de Raízes do Incaper. Em 1999, o Incaper, por meio do pesquisador Carlos Alberto Simões do Carmo, iniciou as pesquisas com a cultivar. Entre elas, a de Avaliação de Cultivares, em que o São Bento foi testado com outros 41 materiais, do Espírito Santo e de outros estados, principalmente da Universidade Federal de Viçosa.

Não existe no Brasil relato de trabalhos de melhoramento genético. Pesquisas realizadas pelo Incaper no período de 2001 a 2003, no município de Domingos Martins, mostraram que o clone “São Bento” obteve produção superior a 50,4 t/ha, sendo 90,4% classificada de rizoma “Extra” (> 100 g), com peso médio em torno de 220g, enquanto os cultivados na região (o Chinês e o Macaquinho – esse lançado pelo Incaper em 2004) produziram, respectivamente, 36 e 43 ton/ha, em nível experimental. Portanto, a cultivar ‘São Bento’ apresentou 30% mais produtiva que as cultivadas tradicionalmente e maior valor comercial para exportação.

Em 2007, por ocasião da 1ª Festa do Inhame de São Bento de Urânia, o Incaper e a Seag assumiram o compromisso de registrar, no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o inhame com o nome de São Bento, o que foi concretizado em abril de 2008, tendo recebido o registro de nº 22.987. Outro compromisso firmado foi fazer o lançamento oficial dessa cultivar.

* Fonte: Assessoria Incaper