A Estação Ferroviária de Mathilde, em Alfredo Chaves, recebe neste sábado (22), às 19h, a inauguração do Cineclube Ludovico Persici – Compartilhando Cultura e Conhecimento. O Cineclube é um projeto aprovado pelo edital de incentivo à cultura da Secretaria de Estadi da Cultura (Secult) no ano de 2013.
O objetivo do projeto, de acordo com a idealizadora Roberta Taufner, é criar uma organização que visa democratizar o audiovisual por meio de exibições, debates, palestras, mostras e cursos, contribuindo na promoção cultural e garantindo a acessibilidade a cultura no interior do Estado. Ao longo do ano, segundo Taufner, irão ocorrer diversas exibições.
Conforme os organizadores, na noite de inauguração do Cineclube estão programados concerto musical, vídeo projeções, exibição de filmes e distribuição de pipocas aos participantes. “Será uma grande festa, onde iremos promover um grande idealizador capixaba e compartilhar cultura”, disse Taufner.
Ludovico Persici foi um importante cinematógrafo nascido no ano de 1898 em Alfredo Chaves e inventor do aparelho Guarany que filmava, copiava, media e projetava filmes em 1927. Persici realizou documentários com a competência de um grande cineasta e fez o primeiro bangue-bangue do Brasil. Suas obras eram exibidas em Castelo onde montou uma sala de cinema. Sem recursos não pode desenvolver sua arte e acabou não reconhecido em sua época e faleceu em Matilde em 1924.
Saiba mais sobre a vida de Ludovico Persici
Ludovico Persici entra para a história do cinema capixaba como o primeiro a produzir imagens em movimento no Estado. Mas ele fez mais do que registrar cenas do cotidiano da década de 20. Produziu um filme de ficção bang bang, que pode ser o pioneiro do gênero faroeste no país, segundo Alex Viany, um dos maiores historiadores e críticos de cinema no Brasil. Tudo isso, usando uma câmera que ele mesmo inventou, utilizando peças de gramofone e de relógios velhos.
O cineasta capixaba nasceu em 1898 em Alfredo Chaves, apenas três anos após a primeira exibição do Cinematógrafo dos irmãos Lumiére, em Paris. Em 1895, o mundo assistia A chegada do trem na estação, um marco do cinema mundial. No interior do Espírito Santo, Ludovico repetiu a cena, filmando locomotivas, passageiros e estações de trem na década de 20.
A partir de 1907 as salas de cinema multiplicam-se com extraordinária rapidez, inicialmente no Rio e em São Paulo, pouco mais tarde em outras capitais e em cidades de interior. O Espírito Santo conheceu o cinema também naquela época. De acordo com Fernando Tatagiba, em História do cinema capixaba (1998), o Éden Cinema foi palco das primeiras exibições. Foi inaugurado em 13 de janeiro de 1907 e pertencia à empresa Camões & Mayo.
Flávia Cesarino Costa, em O primeiro cinema (1995), explica que o cinema apareceu misturado a outras formas populares de diversão, como feiras de atrações, circo, espetáculos de magia e de aberrações. No cenário internacional, os primeiros filmes eram exibidos em meio a teatros de ilusionismo, parques de diversões e cafés. Esses locais eram chamados de vaudevilles, geralmente ligados aos chamados ´salões de variedades`. No Espírito Santo, o Éden Cinema pode ser considerado um autêntico vaudeville. O cinema era todo de madeira, coberto de folhas de zinco e comportava 150 pessoas. Ficava no Éden Park que reunia jardim, bar e bilhar.
Na época do Éden Park, Ludovico ainda era adolescente. Ele foi primogênito dos 18 filhos do casal Maria Giro e Erasmo Persici. A família aportou no Brasil em 1883, fixando-se na cidade de Alfredo Chaves, atraída pela promessa de prosperidade. Em vez da agricultura, Erasmo dedicou-se ao trabalho de ourives e relojoeiro, um conhecimento que trazia da Europa. Todos da casa trabalhavam na Relojoaria Persici, que era famosa na região. Ludovico era o que mais se destacava. Fazia coisas pouco comuns para a idade dele. Já deixava clara intimidade com as engrenagens.
