Crianças e adolescentes se apresentaram em concerto na última sexta-feira (23) – Foto: Valdinei Guimarães

* Valdinei Guimarães

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Uma noite dedicada à música e ao encontro de famílias. Foi o que aconteceu na última sexta-feira-feira (23) no Centro Cultural e Turístico de Venda Nova do Imigrante. Alunos do projeto de banda sinfônica da Fundação Máximo Zandonadi realizaram um concerto gratuito com peças de grandes nomes da música brasileira e mundial. O evento foi mais do que uma apresentação musical. Representou o sucesso do trabalho de estudantes e profissionais do projeto.

O auditório do Centro do Cultural ficou lotado de pessoas que foram ver de perto o resultado do trabalho que dura o ano todo. No repertório, obras de Villa-Lobos, Mozart e Franz Schubert, dentre outros nomes. Todas as peças foram executadas por alunos do projeto de banda sinfônica, que acontece desde 2012. Cerca de 140 crianças e adolescentes são atendidos gratuitamente na iniciativa, que é dividida em duas frentes. Uma da banda sinfônica e outra de musicalização infantil.

Pedro Henrique começou diz que adora fazer música – Foto: Valdinei Guimarães

Um dos alunos atendidos é Pedro Henrique Premuli Alves (11). Ele toca queixada, um instrumento de percussão. Pedro ensaia seis dias por semana e começou a tocar por causa do amor pela música. “Eu comecei no projeto ano passado. Em 2014, vim para a Banda Sinfônica. Surgiu uma oportunidade e eu adoro fazer música”, comenta o estudante, que fez o primeiro concerto aberto ao público na sexta-feira.

A estudante Júlia Moreira Zandonadi (14) também faz parte do projeto. Ela tocou bumbo na abertura do evento. Júlia está na sua segunda apresentação. Foi a edição do ano passado que a motivou a começar na música. “Eu vim ao concerto e achei legal. Eu gostei muito de ver a percussão, a flauta, o clarinete e resolvi aprender a tocar”, conta a estudante.

Júlia (segunda menina da esquerda para a direita) se interessou pela banda após o primeiro concerto, em 2013 – Foto: Valdinei Guimarães

Marli foi assistir a apresentação da sobrinha – Foto: Valdinei Guimarães

Além do público em geral, a plateia era formada por pais e amigos dos jovens músicos que se apresentavam. A autônoma Marli Betini (60) foi acompanhar o concerto por dois motivos: o amor pela música e pela sobrinha, que toca na banda sinfônica. “O que me trouxe aqui não é simplesmente acompanhamento musical. Minha sobrinha faz parte do concerto. Porém, mesmo que ela não fizesse, eu viria, porque gosto de música e arte”, conta Marli.

Para a autônoma, mais do que ensinar música, o projeto ajuda na formação dos alunos. “Além da cultura, acho que o projeto oferece um futuro melhor para o jovem, para que ele amanhã não caia nas drogas”, acredita Marli. Pensamento que é compartilhado pelo regente da banda sinfônica, Pedro Roberto da Silva. Ele é músico profissional e toca na Banda da Polícia Militar do Estado. Para Pedro, a música ajuda de várias formas a formação dos estudantes.

O regente da banda, Pedro da Silva, diz que música se faz com amor – Foto: Valdinei Guimarães

“Ninguém faz música com ódio no coração. Para fazê-la, você tem que ter amor. É preciso ter uma ideia, que trará algum sentimento. A música, na formação de uma criança de cinco ou seis anos, vai ajudá-la quando ela tiver seus vinte anos. A musicalização infantil trabalha coordenação motora, percepção, audição e fala. Então, no futuro, teremos um ex-aluno com boa desenvoltura na comunidade, no trabalho e na família graças à musicalização”, defende o regente.

Para o bispo emérito da Diocese de Colatina e presidente do conselho curador da Fundação, dom Décio Zandonadi, o projeto é uma forma de dar dignidade aos jovens e à sociedade como um todo. “A gente tem que usar a música para encontrar caminhos de promoção humana completa. A música faz com que as pessoas mais simples descubram que foram tocadas por Deus. Alguém que talvez nunca tenha se aproximado de um instrumento, talvez não descubra o talento que está dentro dela”, acredita dom Décio.

Dom Décio sonha em fazer o projeto crescer ainda mais – Foto: Valdinei Guimarães

O concerto terminou por volta das 20h30, depois de o público presente pedir bis mais de uma vez. Novas apresentações estão previstas ainda para este ano. Se depender da vontade de dom Décio, o projeto e a banda devem ficar cada vez melhores. “Estamos lutando para que cresça cada dia mais de maneira que cada apresentação se torne ainda melhor e um dia a Banda Sinfônica de Venda Nova tenha repercussão no Espírito Santo e no Brasil também. Este é meu sonho”, revela dom Décio.