* Valdinei Guimarães
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Moradores da localidade de Serra Pelada, em Afonso Cláudio, deram um exemplo de fé, união e cooperação na manhã desta quinta-feira (19). Para enfrentar a seca que atinge o município, eles fizeram uma novena pedindo chuva e instalaram um cruzeiro no alto de uma montanha. A iniciativa foi feita em parceria entre os moradores que frequentam três igrejas diferentes: uma católica e duas luteranas.
A cruz, que é iluminada e tem 10 metros de altura por cinco de largura, foi feita de eucalipto tratado e levou dias para ficar pronta. “A comunidade decidiu fazer o cruzeiro há cerca de um mês. A gente usava o tempo depois do trabalho para construí-lo”, conta Wester Ratzke, membro de uma das igrejas luteranas da comunidade.
Wester conta que é uma tradição na localidade fazer novenas aos pés da cruz no alto do morro para pedir chuvas. “Os moradores foram ao topo da montanha durante nove dias fazendo orações e pedindo que a seca fosse amenizada. A iniciativa de construir um novo cruzeiro partiu deles”, explica o padre Carlos Pinto Barbosa, pároco da Paróquia de São Sebastião, de Afonso Cláudio.
A data escolhida para instalar o cruzeiro foi o dia de São José, 19 de março. De acordo com Wester, cerca de mil pessoas participaram da procissão que percorreu as ruas da comunidade por cerca de um quilômetro. “Uma vez que o morro é de difícil acesso, cerca de 350 pessoas subiram e estavam presentes na hora em que a cruz foi erguida”, comenta.
Além de padre Carlos, os dois pastores das igrejas luteranas de Serra Pelada participaram do culto ecumênico. “Foi um momento lindo e marcante para todos que estavam presentes e também para quem acompanhou de longe. Isso não é idolatria, mas sim um símbolo. Ao olharmos para a Cruz vazia, lembramos que ali Jesus sofreu por nós, porém venceu a morte e ressuscitou”, diz a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Serra Pelada na sua página no Facebook.
Cruzeiros são tradição
Este não foi o primeiro cruzeiro instalado pela comunidade. Outros dois já existiram no mesmo local, mas foram destruídos pelo tempo. “O primeiro a gente fez há cerca de 60 anos. Eu ajudei a construí-lo. Era pesado e três juntas de boi não agüentaram puxá-lo. Então, o padre fez um gesto com um chocalho e os animais conseguiram chegar até o alto do morro”, conta o aposentado João Gonçalves (75), que nasceu e cresceu em Serra Pelada.
A fé e união da comunidade chamaram a atenção do padre Carlos, que está na paróquia desde dezembro passado. “Aqui eu senti esse espírito ecumênico muito forte. Foi um momento muito bonito que envolveu todas as igrejas”, comenta o pároco.
(FOTOS: REPRODUÇÃO/FACEBOOK)