As férias escolares já chegaram e muitos pais aproveitam esse período para viajar com os filhos. Além de levar o cartão de vacinação, é preciso ficar atento às vacinas que devem ser ministradas antes da viagem, já que a falta de imunização pode até mesmo impedir a entrada do turista ao local de destino, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Foi o que aconteceu com a engenheira Gabriella Letayf Machado, 29 anos, e o marido. O casal passaria parte da lua de mel nas Bahamas, em abril do ano passado, mas acabou ficando em Miami – onde tinha hotel reservado somente para os três últimos dias da viagem – porque ela não havia tomado a vacina contra febre amarela.
“Dá uma frustração total porque você vai embarcar e descobre na hora que não pode. A viagem toda era de nove dias e ficamos apenas seis. Não foi tão ruim porque tínhamos condições de ficar em Miami, mas, além de termos precisado gastar mais com hospedagem, aluguel de carro e alimentação para ficar nos Estados Unidos, lá estava chovendo enquanto nas Bahamas tinha sol”, conta a engenheira.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações, Danielle Grillo, ressalta que uma das regras de ouro para quem vai viajar é estar com o cartão de vacinação atualizado, além de tomar as vacinas recomendadas para áreas de risco. Segundo ela, independentemente do local para onde a pessoa vai, é importante estar imunizado com três vacinas de rotina: a tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola; a dupla adulto, contra difteria e tétano; e a vacina contra hepatite B. Quem não foi imunizado contra essas doenças deve ir a um posto de saúde e garantir a proteção.
Além dessas três vacinas, que fazem parte da rotina dos brasileiros, o viajante internacional precisará tomar a vacina contra febre amarela – áreas de recomendação –, que atualmente tem validade de dez anos, e contra poliomielite. Para quem viaja dentro do território brasileiro, a imunização contra febre amarela segue o Calendário Nacional de Vacinação, com a primeira dose sendo aplicada a partir dos 09 meses de idade.
“Se for a primeira vez, não importa a idade da pessoa, a dose deve ser aplicada pelo menos dez dias antes da viagem para que o organismo tenha tempo de fazer a soroconversão, ou seja, transformar a vacina em anticorpo”, detalha Danielle Grillo.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações diz que crianças, adolescentes e adultos que tenham tomado a última dose da vacina contra poliomielite há mais de 12 meses devem receber uma dose de reforço se forem viajar para áreas no exterior com indicação da vacina. Quanto às crianças, porém, a necessidade do reforço tende a ser menor, uma vez que a vacina contra pólio faz parte da rotina dos pequenos. As doses, segundo Danielle Grillo, são ministradas aos 02, 04, 06 e 15 meses de vida, além dos 04 anos de idade. O Brasil realiza ainda campanhas anuais de vacinação contra a doença para as crianças que tenham entre 06 meses e menos de 05 anos de idade, independentemente de já terem recebido e de quando tenham recebido outra dose.
Para viajantes internacionais, a vacinação contra febre amarela é uma exigência sanitária, conforme publicação regular da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para garantir que os viajantes estejam imunizados contra a doença, alguns países exigem que eles apresentem o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), que é obtido mediante apresentação do Cartão Nacional de Vacinação – comprovante válido em todo o território brasileiro – em um Centro de Orientação do Viajante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No Espírito Santo, o Centro de Orientação do Viajante está localizado no aeroporto de Vitória e funciona das 9h às 12h e das 13h às 16h de segunda a sexta-feira. Mais informações sobre imunização para viajantes com destinos internacionais podem ser obtidas no local e também na página Saúde do Viajante (www.anvisa.gov.br/viajante).
Febre amarela
Uma pessoa com febre amarela apresenta, nos primeiros dias, sintomas parecidos com os de uma gripe. Entretanto, esta é uma doença grave, que pode complicar e levar à morte. Os sintomas mais comuns são febre alta e calafrios, mal-estar, vômito, dores no corpo, pele e olhos amarelados, sangramentos, fezes cor de “borra de café” e diminuição da urina.
A forma silvestre da doença é endêmica nas regiões tropicais da África e das Américas. No Brasil, embora não se registrem casos de febre amarela urbana desde 1942, a ocorrência de casos e surtos da doença transmitida por mosquitos silvestres nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, próximo a centros urbanos, pode propiciar a reurbanização da doença. Quando a pessoa vai para a cidade, em locais com a presença do Aedes aegypti, o mesmo mosquito da dengue, pode dar início a um ciclo de transmissão urbana.
A maior parte do território brasileiro é atualmente área de recomendação para vacinação contra febre amarela – 3.527 municípios, segundo o Ministério da Saúde. Por isso é muito importante que a população se preocupe em tomar a vacina antes de viajar para esses locais. “O Estado de Goiás, por exemplo, registrou este ano casos confirmados de febre amarela, inclusive com óbitos”, comenta Danielle Grillo.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações explica que, em áreas endêmicas, a vacina está disponível nas unidades de saúde para toda a população a partir dos 09 meses de idade. Já em áreas não endêmicas, como é o caso do Espírito Santo, a dose é aplicada apenas em pessoas que vão se deslocar para áreas de risco.
Sarampo
Atualmente, existe recomendação de vacinação contra o sarampo para o Estado do Ceará e também para Itália, Alemanha, Rússia, Estados Unidos, Canadá e países da África e da Ásia. O sarampo é causado por vírus, transmitido de pessoa a pessoa por meio de secreções ao tossir, espirrar ou falar. Os sintomas são febre alta (com início em até 12 dias a partir da exposição ao vírus e com duração máxima de sete dias), erupções vermelhas na pele, coriza, tosse, olhos vermelhos e lacrimejantes, conjuntivite e pequenas manchas brancas no interior da bochecha.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunizações explica que o esquema vacinal preconizado pelo Ministério da Saúde prevê que a criança receba a primeira dose contra sarampo aos 12 meses, com a vacina Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola),e a segunda dose deve ser dada aos 15 meses, com a vacina Tetra Viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
Danielle Grillo ressalta que a vacinação contra o sarampo também é importante em adolescentes e adultos. Conforme preconizado pelo Calendário Nacional de Vacinação, adolescentes devem ter duas doses da vacina tríplice viral, e adultos de 20 a 49 anos de idade devem ter uma dose.
Pólio
A poliomielite é uma doença infectocontagiosa causada por um vírus. Ele acomete, em geral, os membros inferiores e tem como principais características a flacidez muscular e pode levar à morte ou a sequelas paralíticas irreversíveis.
O último caso de poliomielite no Espírito Santo foi registrado em 1987 e no Brasil em 1989. Apesar de a doença estar eliminada do território brasileiro, as campanhas de vacinação e a recomendação de imunização para quem vai viajar para países afetados pela doença continuam para que seja mantida uma barreira contra a doença, presenteatualmente em 10 países: Afeganistão, Nigéria, Paquistão, Somália, Guiné Equatorial, Iraque, Camarões, Síria, Etiópia e Israel.
Fonte e foto: Secretaria de Estado da Saúde