Caso Amanda Correia: três anos sem respostas

Fernanda Zandonadi

 

Pouco se avança no sentido de encontrar a menina sumida, que completaria 19 anos no dia 19 de novembro

 

"Eu espero uma resposta, e tenho muita fé em Deus de que essa resposta virá. Até hoje eu não soube de nada que pudesse tranquilizar meu coração".  As palavras são de Elisa Regina Correia, mãe da jovem Amanda Correia, desaparecida em 11 de agosto de 2012, em Castelo. Quase três anos depois, pouco se sabe sobre o paradeiro de Amanda. Surgiram pistas no caminho, uma delas, talvez a última, de que a jovem estaria na Suíça. Nada foi comprovado. 

 

A região inteira se uniu em torno do caso. Cartazes nas ruas, na internet, vídeos, compartilhamento das fotos nas redes sociais. Muito foi feito pela comunidade, mas nada surtiu efeito. Uma página no Facebook chamada Desaparecida Amanda Correia, hoje dedica-se   a replicar outros casos de desaparecimento, tão raras são as informações sobre o paradeiro da jovem.   

E se pouco se avança no sentido de encontrar a menina sumida, que completaria 19 anos no dia 19 de novembro, é o coração da mãe que não descansa. "Falei com a polícia esta semana (semana passada) e eles disseram que tem que ser aos poucos, pesquisando onde há alguma coisa. Outras coisas eles não podem falar. Só sei que não posso perder a esperança, perder a fé, senão eu não aguento. Tenho que buscar uma solução", diz a mãe, já com um tom resignado na voz. 

Amanda faz parte de uma triste estatística. A cada ano, no Brasil, 250 mil pessoas desaparecem. O Ministério da Justiça estima que deste total, 40 mil sejam menores de idade. Segundo as estatísticas, cerca de 70% dos desaparecimentos são resolvidos. Outros continuam no banco de dados porque a família não deu baixa na queixa. E há 5% dos casos que fogem da explicação. Simplesmente não se encontra a vítima. 

Pela internet, as páginas que tentam achar alguma resposta sobre esses sumiços se multiplicam e tentam ajudar o poder público na solução desses casos. Uma delas, a desaparecidosdobrasil.org mantém um banco de dados atualizado com fotos, histórias e depoimentos. 

O site chama a atenção para a lei 8.069, o Estatuto da Criança e do Adolescente. Diferente do que diz o senso comum, não é preciso esperar 24 horas antes de dar queixa de sumiço. A regra determina investigação imediata em caso de desaparecimento de criança ou adolescente. 

 

“São milhares de pessoas desaparecidas no Brasil entre adultos e crianças e que continuam desaparecendo todos os dias sem deixar o menor vestígio. Não há registro de números oficiais, sabemos que são muitos milhares, sendo que a maior pesquisa neste sentido foi realizada em 1999 com o apoio do Ministério da Justiça que apontou um número fantástico: mais de 200.000 pessoas desaparecem por ano no Brasil. Os dados não refletem a real situação porque sabemos que um número infinitamente maior sequer registra o caso na polícia ou por falta de conhecimento ou pelo temor que a grande parte das pessoas têm de entrar numa delegacia (isto é fato)”, diz o site, já na página inicial.

 

Além das iniciativas civis, há também tentativas públicas a fim de minimizar essa triste estatística. No ano passado o Ministério da Justiça e a Secretaria Especial de Direitos Humanos lançaram o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, o Infoseg. A ideia era criar uma rede de investigação e acompanhamento dos casos, a partir  do acúmulo de dados sobre crianças, adolescentes, adultos e idosos.

Histórico do Caso Amanda
Amanda saiu de casa no dia 11 de agosto de 2012. À mãe, disse que iria com uma amiga a uma casa de shows no Bairro Bela Vila, em Castelo.  Segundo a mãe, a menina não pode entrar na festa, já que era menor de idade. A amiga, que já tinha mais de 18 anos, entrou no local. Foi a última vez que Amanda foi vista. 

 

A mãe da jovem comentou na ocasião do desaparecimento que Amanda, que cursava o 1º ano do ensino médio, saiu apenas com a roupa do corpo e com o aparelho celular. "Ela não levou nada. Já cansei de ligar, mas infelizmente só dá caixa postal. Eu e meu marido (pai de Amanda) procuramos por toda a cidade, municípios vizinhos e em alguns lugarejos, só que em vão".

Depois do desaparecimento, muitas pistas surgiram. Uma delas apontava que a menina teria sido vista na Rodoviária de Venda Nova do Imigrante na manhã de 12 de agosto de 2012. Em outra indicação, um mês após o desaparecimento, o delegado responsável pelo caso na época disse que a jovem enviou a duas amigas torpedos de celular. O envio foi na madrugada do desaparecimento, por volta das 0h40 de domingo. Nas mensagens, a moça dizia que estava muito triste, chorando e que tinha bebido. As amigas não souberam dizer onde a menina estava. Uma última pista apontou que Amanda teria sido vista na Suíça. 

 

Como estão as investigações
Em nota, a Polícia Civil informou “que foram feitas diversas diligências em busca de confirmar provas e denúncias reportadas à Delegacia de Castelo sobre o caso. Nenhuma das denúncias foi confirmada e o inquérito ainda está aberto aguardando novos elementos sobre a localização da vítima, para então ser concluir e relatado à Justiça”.

Em relação à inclusão dos dados de Amanda no sistema nacional de desaparecidos, a PC informou, em nota, que a parceria da Polícia Civil do Espírito Santo, por meio da Delegacia de Pessoas Desaparecidas (DPD), com a rede Infoseg só foi firmada em 2014 e o caso da Amanda Correia é de 2012. “Como o inquérito do desaparecimento dela segue pela Delegacia de Castelo e não foi enviada cópia para a DPD, não havia informações da vítima na DPD para serem incluídas na Infoseg depois de firmada essa parceria. De qualquer forma, vamos orientar o delegado que assumiu o caso a fazer esse procedimento”.

 

Fotos: arquivo pessoal/reprodução

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