Fernanda Zandonadi
Devido à prolongada estiagem que atinge o Estado, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) declarou estado de alerta em todo o Espírito Santo. Isso significa medidas mais duras e uma rigidez maior no uso da água, priorizando sempre abastecimento humano e proibição da irrigação em determinados horários do dia. O estado de alerta vale para todos municípios. No Norte do Espírito Santo, por exemplo, muitas cidades já enfrentam problemas até mesmo para abastecimento humano, caso de São Mateus.
Pela categorização da Cesan, a Região Serrana ainda está em estado de atenção. Nessa categoria, não há falta de água para o abastecimento, mas é preciso reduzir o consumo para evitar problemas mais graves. É uma situação mais tranquila do que no Norte do Estado, informou uma fonte da Agerh, mas mesmo assim demanda cuidados.
Em Venda Nova, várias medidas que foram tomadas na última seca, no início de 2015, agora surtem efeito positivo. "Fizemos um bom trabalho de base, desde o ano passado, quando tivemos cenário de alerta, por meio da orientação da captação de água, principalmente em São José do Alto Viçosa, onde fica o manancial de abastecimento da cidade, o rio São João de Viçosa. Já sabíamos da possibilidade desse déficit hídrico e não teremos tantos problemas na agricultura quanto tivemos no ano passado, já que trabalhamos nas caixas secas e pequenos reservatórios para os produtores não ficarem sem água", ressalta o secretário de Agricultura de Venda Nova do Imigrante, Domingos Sávio Fileti.
Afonso Cláudio decreta estado de emergência por causa da seca
Prefeitura de Conceição faz alerta para falta de água na cidade
Segundo Fileti, a chuva que caiu na cabeceira do Rio São João de Viçosa, há mais ou menos 30 dias, e que chegou aos 40 milímetros, atenuou um pouco o problema, principalemnte para os produtores rurais. "Para o abastecimento estamos em uma situação mais confortável do que outros municípios", relata.
A barragem do Alto Bananeiras também tem fundamental importância para superar o período de seca, explica a secretária de meio ambiente de Venda Nova do Imigrante, Sabrina Zandonadi. "A barragem no Alto Bananeiras quase não teve redução no volume. Está apenas 20 centímetros abaixo do nível máximo", relata.
Segundo Sabrina, hoje a captação principal ainda é no Rio São João. Da barragem são tirados apenas 3 a 5 litros por segundo. "Se o consumo da cidade está em 31 litros por segundo, 28 litros vêm do Rio São João. A barragem é um complemento e ela foi pensada justamente para complementar o abastecimento durante o período de seca", revela.
Nascentes
O trabalho preventivo surtiu efeito contra o problema da seca, mesmo assim, a zona rural já vê o resultado da pouca chuva: várias nascentes estão secando.
"A vazão das nascentes diminui a cada dia. Há dois ou três anos o volume de chuvas é inferior e as temperaturas estão mais altas. São fatores que influenciam diretamente nas nascentes. Já acompanhamos propriedades onde a vazão está em 30% do volume normal. É um agravante e, se as chuvas não vierem, certamente teremos problemas mais graves", diz Fileti.
Outras cidades
Em Conceição do Castelo, a prefeitura já decretou estado de atenção por conta da falta de chuvas. A orientação é evitar o desperdício. Já em Afonso Cláudio, foi decretado estado de emergência.
"Em Castelo já não há água sequer para o consumo em algumas comunidades. Em Cachoeiro, a prefeitura já está enviando carros-pipa para matar a sede de rebanhos em algumas regiões. A situação é alarmante", diz o secretário de agricultura.