O calorão que tem feito em várias cidades brasileiras é assunto para começo de qualquer conversa, seja com o vizinho no elevador, com um desconhecido na fila do supermercado ou com aquele primo que foi morar do outro lado do mundo. Mas afinal por que todo esse calor? Isso é normal? Este ano está mais quente? É o aquecimento global? Para responder a essas perguntas, é preciso consultar os dados meteorológicos e analisá-los.
O verão é a estação mais quente do ano, caracterizada pela presença de uma grande massa de ar quente e úmida que cobre o país. É justamente por causa dessa massa de ar, combinado com outros elementos meteorológicos como baixas pressões, ventos fortes em vários níveis da atmosfera e o forte aquecimento diurno, que surgem as famosas nuvens cumulonimbus, ou simplesmente os Cbs, forma abreviada usada pelos meteorologistas.
Em várias cidades, tem chovido, mas não na quantidade esperada, o que já é motivo de preocupação quando levamos em conta os níveis das represas e reservatórios que precisam de muita água para encher. Mas em alguns locais, os temporais têm causado estragos e até mortes provocadas por enchentes e raios.
Várias áreas da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai receberam mais 400 mm de chuva em 20 dias causando muitos transtornos e prejuízos aos moradores, principalmente com as cheias dos rios Uruguai e Ibirapuitã.
ASAS mandando no tempo
Do ponto de vista sinótico, ou seja, das condições do tempo no dia a dia, percebe-se a presença quase permanente da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), próximo à costa do Sudeste, sistema responsável pelo bloqueio do avanço de frentes frias pelo interior do continente e pela diminuição das áreas de instabilidade.
A nebulosidade e a chuva são importantes reguladores da temperatura do ar. As frente frias, acompanhadas de massas de ar frio, ajudam a baixar as temperaturas no centro-sul do Brasil. Quando elas interagem com o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis no Nordeste (VCAN), sistema de circulação ciclônica que se forma em torno de 10 km de altitude, e a Alta da Bolívia (AB), grande sistema de alta pressão atmosférica (circulação anticiclônica), favorecem a formação de extensas bandas de nuvens de chuva entre as regiões Norte e Sudeste nesta época do ano, a tão necessária a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
El Niño
Além disso, neste verão temos o El Niño, fenômeno climático que afeta o clima global, mas que ainda não se configurou totalmente, segundo os principais centros internacionais de monitoramento do clima do planeta, como a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), dos Estados Unidos. Mesmo assim, seus efeitos não têm passado despercebido, principalmente em relação ao forte calor na Região Sudeste!
As temperaturas máximas estão até 5 graus acima da média e abrangem uma área maior em relação aos anos anteriores. A maior ano diferença para mais (anomalia positiva) é justamente na Região Sudeste.
Até quando vai esse calor?
A resposta não é nada animadora. O calor vai continuar por alguns dias. Até “refresca” um pouco com as pancadas de chuva à tarde, mas depois as noites seguem abafadas. Até o final de janeiro e ainda na primeira semana de fevereiro de 2019, não há previsão de mudanças significativas na circulação dos ventos sobre a América do Sul que traga mais nebulosidade e chuva para o centro-sul do Brasil, em particular para o Sudeste, que ajudem a normalizar a temperatura.
Por ora, é preciso se ajustar o quanto possível às altas temperaturas e seguir as recomendações já bastante citadas para suportar o calor como reforçar a proteção solar e beber bastante líquido. Para quem ainda curte as férias, nada melhor que sombra e água fresca ou água de coco.
Fonte: Climatempo/texto adaptado