Para o organismo sintetizar a vitamina D, a exposição solar é fundamental, uma vez que 80% desta absorção pela pele é ativada pelo sol¹. No entanto, como na maioria das cidades as pessoas passam boa parte do dia em ambientes fechados, a falta dessa vitamina, que é um pré-hormônio produzido pelo próprio corpo, costuma ser comum. E, no inverno, a situação pode se agravar: a incidência solar diminui e passamos a usar mais camadas de roupas para nos protegermos do frio.
A falta de vitamina D é considerada uma questão de saúde pública, segundo a Sociedade de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), pois está associada ao desenvolvimento de diversas doenças. Segundo a médica Victoria Borba (CRM 9951 – PR), professora adjunta de endocrinologia Universidade Federal do Paraná (UFPR), baixos níveis desta vitamina estão ligados à diminuição da imunidade e ao comprometimento da massa óssea, o que pode favorecer o desenvolvimento de osteoporose. Sem o nível ideal de vitamina D, apenas entre 10 e 15% do cálcio é absorvido pelo organismo.
“Além disso, a ausência da vitamina tem relação com a evolução do raquitismo e até alguns tipos de câncer. Nas gestantes, por sua vez, a falta de vitamina D está associada ao baixo peso do bebê ao nascimento e complicações do parto, como eclâmpsia (pressão alta grave). Já nos idosos, pode aumentar o risco de quedas e, consequentemente, de fraturas, por comprometer a saúde de ossos e músculos”, alerta a especialista.
A endocrinologista acrescenta que, geralmente, a falta de vitamina D é assintomática. “Em casos mais graves, pode provocar dor nos músculos e nos ossos, principalmente na região anterior da perna (panturrilha e tornozelo), explica.
Os grupos de riscos são formados principalmente por idosos, negros, pessoas com doenças crônicas, gestantes e lactantes, usuários de corticoides e antifúngicos, quem utiliza medicações para HIV, passou por cirurgia bariátrica ou nunca toma sol.
Alimentos e suplementos
A médica lembra que, além da exposição solar, o nível ideal de vitamina D pode ser alcançado pela alimentação equilibrada e pela suplementação. Apesar de a dieta ter um papel importante, as fontes alimentares ainda são escassas. A vitamina D vem do sol, dos alimentos ou da suplementação. Porém, é muito pouco disponível nos alimentos normalmente consumidos no Brasil. É encontrada em peixes gordos, como salmão selvagem, algas expostas ao sol e sardinha, mas em quantidades pequenas. A média de ingestão de vitamina D pelos brasileiros é de 80 UI/dia, segundo o estudo Brazos (Brazilian Osteoporis Study), quando o necessário é de, no mínimo, 1000UI/dia”, esclarece a especialista.
Portanto, como é pouco provável manter os níveis de vitamina D apenas pela exposição ao sol ou pela alimentação, os suplementos se tornam uma opção segura: “A suplementação deve ser feita por todas as populações de risco. Principalmente quando não houver exposição solar. Suplementos, em doses adequadas, que variam de 1000UI a 2000UI ao dia, são bastante confiáveis. Casos de nível baixo da vitamina necessitam, inicialmente, de uma reposição mais intensa de 7000UI ao dia”, finaliza a médica.
A indicação do melhor suplemento, bem como a dosagem correta, é individual e deve ser realizada pelo médico.
Confira a seguir uma relação, feita pela médica Victória Borba, de fontes alimentares com vitamina D:
Alimento |
VD (mcg/100g) |
VD (UI/100g) |
Quantidade para a necessidade mínima por dia(1000 UI) |
Salmão |
12,4 |
496 |
200gr |
Sardinha |
7,5 |
300 |
340gr |
Atum |
7,2 |
288 |
350gr |
Bacalhau |
7,0 |
280 |
357gr |
Fígado de boi |
0,8 |
32 |
3Kg |
Shitake fresco |
2,5 |
100 |
1 Kg |
Gema de ovo |
0,5 (unidade) |
20 (unidade) |
50 unidades |