Por Leandro Fidelis
Técnicos capixabas serão convocados para levantar a história do Brasil Império nas montanhas do Estado. O objetivo é traçar a rota feita por tropeiros, bandeirantes e outros desbravadores do interior do país naquele período para incluir o Espírito Santo na Estrada Real São Pedro DAlcântara.
O grupo será coordenado por Eberhard Hans Aichinger, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Estrada Real, que conta com 177 municípios espalhados pelos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Ele esteve nesta quarta (9), no Fórum de Venda Nova, na audiência pública promovida pela Comissão de Turismo e Desporto da Assembléia Legislativa do Espírito Santo para discutir a participação do Estado na Estrada Real.
Hoje, Aichinger visitou propriedades turísticas de Venda Nova e percorreu trechos da rota na Serra do Engano, na divisa entre o município e Domingos Martins.
A Comissão tem como presidente a deputada estadual Luzia Toledo. Além dela, também esteve presente o secretário de Estado do Turismo, Marcus Vicente. Apesar da necessidade do novo levantamento, a deputada destaca que os historiadores Leonor Franco de Araújo (Ufes) e João Eurípedes Franklin Leal (UFRJ) foram responsáveis pelas pesquisas que indicam a existência da Estrada Real Capixaba desde 1816.
A proposta da comissão inclui os municípios de Viana, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Muniz Freire, Iúna, Domingos Martins, Conceição do Castelo e Venda Nova do Imigrante. Este último município convergia tanto a velha estrada imperial como uma clandestina no Alto Lavrinhas, na divisa com Barcelos (Domingos Martins). A estrada, no meio da mata, teria sido usada para contrabando. Segundo relatam os moradores mais antigos, tesouros podem estar enterrados até hoje no local.
Décadas antes da colonização italiana, Venda Nova era uma região central onde podem ter passado os desbravadores, disse Luzia Toledo, explicando a escolha da cidade para a audiência.
Turismo
Criado para estimular o turismo, o circuito da Estrada Real conta com várias localidades no Estado de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, mas não inclui o território capixaba. De Diamantina a Ouro Preto, a rota é denominada Caminhos dos Diamantes. Já da antiga Vila Rica ao Rio, a estrada ganha o nome de Caminho Novo.
O terceiro caminho reconhecido, o Velho, liga Ouro Preto a Paraty (RJ), na divisa com São Paulo. Se o Espírito Santo integrar a Estrada Real, vai ganhar o nome de Rota Imperial, tendo Viana ou Santa Leopoldina (este um antigo porto) como ponto de partida para Ouro Preto.
O prefeito Braz Delpupo disse estar animado. Achei interessante São João de Viçosa, distrito de Venda Nova onde nasci, ter feito parte da história do Brasil Império. Este programa tem tudo para dar certo.
Em Conceição, o imaginário popular vai mais além, mas pode ter fundamento histórico. O imperador Dom Pedro II teria cortado o interior do município com sua tropa. A Trilha do Imperador fica no meio da mata atlântica, tem uma trilha com pedras gigantes colocadas pelos escravos e é usada por praticantes de trekking. Muito nos orgulha essa trilha, expôs o prefeito Saulo Belisário.
No próximo dia 13 de julho, outra audiência pública sobre a Estrada Real será realizada na Assembléia Legislativa, em Vitória, com a participação de representantes dos Estados participantes da rota.
