O Governo, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura- Seag e do Incaper, vai lançar, nesta terça-feira (07), o Programa Renovar Arábica. A solenidade terá início às 9 horas, com a participação de mais de 700 produtores, no Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro Serrano do Incaper, em Domingos Martins.
O objetivo é aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto e oferecer maior sustentabilidade da atividade a partir da renovação e do revigoramento das lavouras de café arábica do Estado. Com o Programa, espera-se, entre outras ações, dobrar a produtividade e a produção do arábica capixaba.
O programa será implantado em 49 municípios, numa área de aproximadamente 190 mil hectares, em mais de 20 mil pequenas propriedades de base familiar e que envolvem cerca 53 mil famílias. Durante o lançamento, o Incaper irá recomendar três novas variedades de arábica para a região produtora do Estado, além de lançar a publicação Técnicas de Produção de Café Arábica e realizar a distribuição de sementes para produtores e viveiristas iniciarem a renovação de suas lavouras.
Entre as principais metas, que deverão ser cumpridas em um prazo de 15 anos, está a renovação de 100% do parque cafeeiro de arábica com variedades recomendadas pelas pesquisas científicas e com a utilização de boas práticas agrícolas. Com isso será possível dar um salto histórico na produção do café arábica capixaba: dobrar a produtividade, elevando de 12 sacas beneficiadas/ha para 23 sacas e aumentar a produção de dois para quatro milhões de sacas, sem aumentar a área plantada.
Outras metas também estão no Programa, como ampliar a produção de café superior de 300 mil para um milhão de sacas por ano e a exportação desse produto com valor agregado, além de implantar salas de provas de café arábica em todos os municípios e.
Cafeicultura de arábica no Espírito Santo
O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil – com estimativa para 2008 de 10,3 milhões de sacas – e o primeiro de Conilon (7,5 milhões de sacas). A produção capixaba representa mais de 25% do total nacional. Se focar a produção de arábica, o Estado fica em 4º lugar no ranking nacional, atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Mas o que mais se destaca nesse café é a qualidade. O café arábica do Estado é conhecido mundialmente como o Café das montanhas do Espírito Santo, e recebeu diversos prêmios internacionais, além de ser exportado para Europa e Estados Unidos.
A cafeicultura é responsável por 43,6% do Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária do Espírito Santo. Já o café arábica representa 9,3% do VBP Capixaba.
A cafeicultura de arábica é uma das principais atividades das regiões Serrana e Caparaó do Espírito Santo, que são responsáveis por cerca de 74% da produção de arábica do Estado. A atividade está presente em aproximadamente 20 mil propriedades, oferecendo trabalho a 53 mil famílias e gerando 150 mil empregos diretos. Mais de 75% dos produtores que cultivam esse café são de base familiar, com área média de plantio de 4,8 hectares, em altitudes de 400 a 1.200m. A altitude média das lavouras é de 671 metros.
Segundo o coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, Romário Gava Ferrão, a produtividade média de arábica entre 12 e 14 sacas beneficiadas/ha é considerada baixa, sendo uma das menores do País. Os principais problemas que levam à baixa produtividade são o parque cafeeiro envelhecido; necessidade de melhor gestão da atividade; seca e má distribuição de chuvas; baixa escolaridade dos cafeicultores; deficiência de crédito para custeio e investimento; assistência técnica ainda insuficiente; pouca organização dos cafeicultores; baixo uso de adubos e insumos em função dos preços elevados dos mesmos; elevado custo de produção; deficiência na utilização das tecnologias para a renovação e revigoramento das lavouras (mudas de qualidade, variedades, poda, conservação de solo, adubação e calagem, irrigação, manejo de pragas e doenças), entre outros, destaca.
O pesquisador Romário Ferrão afirma, ainda, que os produtores que têm utilizado adequadamente as tecnologias desenvolvidas para as condições de clima e de solo do Estado, e feito boa gestão da atividade, estão alcançando produtividade até 80 sacas beneficiadas/ha em anos favoráveis.
A pesquisadora do Incaper e da Embrapa Café, Maria Amélia Gava Ferrão, afirma que em condições experimentais, registram-se produtividades ainda maiores. Alguns materiais genéticos apresentam potencial produtivo de até 120 sacas beneficiadas/ha, garante.
De acordo com o diretor-presidente do Incaper, Gilmar Dadalto, o café arábica, ou o café das montanhas do Espírito Santo, como é conhecido mundialmente, apesar de receber ao longo dos anos ganhos significativos na qualidade do produto – o que rendeu até prêmios nacionais teve pouco avanço na produtividade. O Programa Renovar Arábica vem justamente resolver esse gargalo e ser um marco na história da cafeicultura de arábica do Estado, já que pretende revigorar todas as lavouras capixabas de arábica, com vistas à melhoria não apenas da qualidade, mas principalmente da produtividade do produto.
Por isso, destaca Dadalto, são necessários avanços tecnológicos e apoio governamental em ações planejadas, à semelhança do que ocorreu como o café Conilon. O que queremos é uma renovação intensa das lavouras, e para isso o Incaper e a Seag recomendarão mais três novas cultivares, disponibilizará sementes certificadas dos materiais genéticos recomendados, implantará um Programa de Aquisição e Distribuição de Calcário, entre outras ações.
O Programa Renovar Café Arábica está inserido no Programa Estadual de Cafeicultura Sustentável, o qual está sendo elaborado com base no Novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Novo Pedeag 2007 2025), e recebe o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D Café), da GTZ, entre outros.
* Fonte: Assessoria Incaper