Programa Renovar Arábica completa um ano e comemora crescimento na produtividade

O Programa Renovar Arábica está completando um ano de existência com resultados a comemorar. Lançado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), e do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), seu objetivo é dobrar a produtividade e a produção do café arábica capixaba, melhorar a qualidade do produto e oferecer mais sustentabilidade à atividade, a partir da renovação e do revigoramento das lavouras.

Apesar de o programa ter sido implantado em 2008, as ações já são trabalhadas com os cafeicultores, em algumas regiões, faz cinco anos. Nesse período, foi registrado um aumento de 33% na produtividade e alta de 21,13% na produção, mesmo com uma redução de 9,6% da área plantada.

“Isso é resultado das tecnologias desenvolvidas e disponibilizadas através de um importante trabalho de pesquisa e assistência técnica em andamento. Os resultados são surpreendentes e a adesão dos produtores está acima do esperado”, comemora o coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão.

Somente no primeiro ano, o programa já foi implantado em 33 municípios, com renovação de seis mil hectares. Para tanto, foram utilizadas 12 toneladas de sementes. Mais de 10 mil cafeicultores receberam treinamento técnico em diferentes cursos e eventos de café. Foram recomendadas três novas variedades adaptadas e resistentes àferrugem (principal doença da cultura). Também foi publicada e disponibilizada uma cartilha para mais de cinco mil produtores sobre as tecnologias necessárias à melhoria da produtividade e sustentabilidade do café arábica.

Competitividade

O diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, explica que o café arábica enfrenta um momento difícil do ponto de vista econômico, mas o produtor está percebendo a importância do programa e começando a aplicar as novas tecnologias. “O produtor que não aderir às novas bases tecnológicas, não conseguirá ser competitivo”, alerta.

Evair de Melo disse ainda que o café arábica, apesar de receber ao longo dos anos ganhos significativos de qualidade, teve pouco avanço na produtividade. “O Programa Renovar Arábica vem justamente resolver esse gargalo e ser um marco na história da cafeicultura de arábica do Estado, já que pretende revigorar todas as lavouras capixabas de arábica, com vistas à melhoria não apenas da qualidade, mas principalmente da produtividade do produto”.

O técnico do Incaper Fabiano Tristão orienta os produtores a realizar a renovação de apenas uma parte de suas lavouras a cada ano. “Assim, eles conseguirão manter a colheita anual até a renovação de toda a lavoura que já está envelhecida”.

Entre as principais metas, que deverão ser cumpridas até 2025, a partir do que foi definido no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Pedeag), está a renovação de 100% do parque cafeeiro de arábica, com o uso de variedades recomendadas pelas pesquisas científicas e de boas práticas agrícolas. Desta forma, será possível dar um salto histórico na produção do café arábica capixaba: dobrar a produtividade, elevando de 12 sacas beneficiadas/ha para 23 sacas e aumentar a produção de dois para quatro milhões de sacas, sem aumentar a área plantada.

Outras metas também estão no Programa, como ampliar a produção de café superior de 300 mil para um milhão de sacas por ano e a exportação desse produto com valor agregado, além de implantar salas de provas de café arábica em todos os municípios.

Segundo a pesquisadora do Incaper que trabalha com o arábica, Maria Amélia Gava Ferrão, os produtores que têm utilizado adequadamente as tecnologias desenvolvidas e feito boa gestão da atividade têm alçando produtividades excelentes. “Chegam até a 80 sacas beneficiadas/ha e média de produção com base em vários anos de mais de 40 sacas/ha”, afirma.

Cafeicultura no Espírito Santo

O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil – com uma produção média de 10,5 milhões de sacas – e o primeiro de Conilon (7,5 milhões de sacas). A produção capixaba representa mais de 25% do total nacional. Se focar a produção de arábica, o Estado fica em 4º lugar no ranking nacional, atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Mas o que mais se destaca nesse café é a qualidade. O café arábica do Estado é conhecido mundialmente como o “Café das montanhas do Espírito Santo”, e recebeu diversos prêmios internacionais, além de ser exportado para Europa e Estados Unidos.

A cafeicultura é responsável por 43,6% do Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária do Espírito Santo. Já o café arábica representa 9,3% do VBP Capixaba.

A cafeicultura de arábica é uma das principais atividades das regiões Serrana e Caparaó do Espírito Santo, que são responsáveis por aproximadamente 74% da produção de arábica do Estado. A atividade está presente em aproximadamente 20 mil propriedades, oferecendo trabalho a 53 mil famílias e gerando 150 mil empregos diretos. Mais de 75% dos produtores que cultivam esse café são de base familiar.

Confira as atividades realizadas no primeiro ano do Programa:

– Produção de 30 milhões de mudas

– Treinamento de 100 viveiristas

– 10 seminários de mobilização, com a participação de 4.000 cafeicultores

– 200 cursos, num total de 3.200 horas de capacitação de produtores sobre boas práticas agrícolas, realizados pelo Incaper e pelo Serviço Nacional de aprendizagem Rural (Senar) – 3.000 cafeicultores

– Cinco Dias de Campo: 500 cafeicultores

– Visitas técnicas: 200 cafeicultores

– 25 encontros de cafeicultores: 5.000 participantes

– Implantação de 15 unidades demonstrativas de boas práticas agrícolas

– Três campos de produção de sementes, com área de três hectares

– 16 variedades utilizadas: três foram recomendadas em 2008 (Ubatã, Paraíso, Tupi)

– Produção de um livro em forma de circular técnica sobre Boas Práticas Agrícolas – 5.000 cafeicultores

– 200 técnicos envolvidos no programa: orientação de 10.000 cafeicultores

– 15 projetos de pesquisa, nas áreas de: variedades, poda, manejo da planta, conservação de solo, adubação e nutrição do cafeeiro, manejo de pragas e doenças, produção em sistemas orgânicos, água residuária, qualidade final do produto e sustentabilidade.

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