Cafeicultor de Afonso Cláudio ganha R$ 25 mil em prêmio por qualidade e sustentabilidade

É do município de Afonso Cláudio, na Região Serrana do Estado, o grande vencedor da nona edição do Prêmio Cafuso/UCC das Montanhas do Espírito Santo, considerado o ‘Oscar’ da cafeicultura arábica capixaba. A amostra do cafeicultor Francisco Braga foi a melhor entre as 440 concorrentes e garantiu o prêmio máximo do concurso, R$ 20 mil, na etapa final, além de R$ 5 mil, da classificação municipal, a novidade deste ano. Ao todo, então, o cafeicultor levou para casa R$ 25 mil. O mesmo ocorreu para o segundo e terceiro lugar, que acumularam as duas premiações: Ricardo Brunoro, de Venda Nova do Imigrante, levou R$ 20 mil, e José Antônio Debona Romão, de Castelo, recebeu ao todo R$ 15 mil. Para os três primeiros colocados na classificação municipal, as premiações variaram entre R$ 5 mil e R$ 1 mil.

Com participantes de 16 municípios capixabas, o 9º Prêmio Cafuso/UCC das Montanhas do Espírito Santo distribuiu R$ 400 mil em premiação. O objetivo é incentivar os produtores na busca constante da melhoria da qualidade, como meio mais eficaz de conquistar novos mercados e atender a crescente demanda por produtos diferenciados.

O anúncio oficial dos vencedores aconteceu neste sábado (05), em Venda Nova do Imigrante. Participaram o vice-governador, Ricardo Ferraço, o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, o diretor-presidente do Incaper e coordenador técnico do concurso, Evair Vieira de Melo, o prefeito local, Dalton Perim, o presidente do Grupo Tristão, Sérgio Tristão, o gerente-geral da Ueshima Coffee Company (UCC), Shota Takemoto, secretários de Estado, prefeitos da região e aproximadamente 800 cafeicultores.

O produtor campeão, Francisco Braga, da comunidade de Vila Pontões, em Afonso Cláudio, dedicou a prêmio à esposa e à mãe. “Cuido bem do meu café. Isso faz diferença. Minha mãe e minha esposa são as responsáveis por esse prêmio. Elas que cuidaram do terreiro. Eu apenas colhi e despolpei o café. Elas secaram e prepararam, com muito capricho”.

Evolução

O secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, afirmou que o prêmio reflete a evolução da qualidade do café capixaba, fruto da integração do Governo do Estado com indústrias, prefeituras, cooperativas e outros órgãos. “Quem imaginava, há seis anos, que São Roque do Canaã, município tradicional de Conilon, com pouca produção de arábica, estaria participando de um concurso de qualidade das Montanhas? A inserção do Estado na rota dos cafés de qualidade, a união dos elos das cadeias produtivas, os investimentos do Governo, como o Programa Renovar Arábica, são incentivos valiosos aos produtores. Rompemos com as improvisações que reinavam na agricultura. O Espírito Santo conta com um estoque de conhecimento à disposição dos cafeicultores. Quem está produzindo com qualidade, por enquanto consegue melhor remuneração. Mas num futuro bem próximo, esse fator será determinante no processo de venda”.

Segundo o diretor-presidente do Incaper e coordenador técnico do concurso, Evair Vieira de Melo, o diferencial deste ano foi levar a política de qualidade a todos os municípios produtores. “Mudamos a concepção da premiação. A ideia foi identificar em cada município um café campeão. Verificamos que o aroma e o sabor são diferentes em cada região. Isso vai incentivar a todos a utilizarem as tecnologias necessárias para a produção de um café superior”.

Evair de Melo afirma ainda que o Prêmio tem cumprido o papel de difusão das tecnologias e das boas práticas agrícolas. “Foi com esse intuito que introduzimos o critério de sustentabilidade. E o formato de pontuação tem se mostrado eficiente, porque os produtores estão aderindo às boas práticas agrícolas e à produção com responsabilidade ambiental, social e econômica”.

O coordenador de degustação do concurso, Silvio Leite, disse que o café capixaba apresenta qualidade e diversidade, além de sustentabilidade. “Diferentes municípios mostram diferentes condições sensoriais. Determinados sabores são muito marcantes. O Prêmio este ano está mais democrático, pois promoveu a diversidade ao premiar todos os municípios. Obrigada cafeicultores por produzirem cafés de tão alta qualidade”.

“Milhões de japoneses bebem o café do Espírito Santo e gostam. Há uma boa aceitação, estamos muito satisfeitos com a qualidade do café capixaba. Todos os que provei estão acima do nível. Apresenta um paladar muito diferente do café normal. Um gosto suave, com bom equilíbrio de doçura e acidez. Há mercado para ele. Com o café do último prêmio, por exemplo, já lançamos um creme de café – bebida gelada, sem álcool – e ainda um café torrado, que têm agradado aos japoneses”, afirma o gerente-geral da UCC, Shota Takemoto, que participou da degustação dos cafés finalistas.

De acordo com o presidente da Empresas Tristão, Sérgio Tristão, o prêmio significa a consolidação de um movimento que cresce a cada ano. “Os cafés de qualidade têm espaço nas prateleiras do mercado mundial. Querem cada vez mais o bom café produzido aqui. Isso significa melhor preço, remuneração ao produtor, melhores condições para a produção. Esperamos ampliar a oferta desse tipo de café e ocupar cada vez mais espaço nesse mercado”.

Encerrando a solenidade, o vice-governador Ricardo Ferraço disse que o concurso representa a evolução da produção cafeeira. “Participo com carinho deste evento como cidadão capixaba e neto de cafeicultor. Tenho imenso respeito e reconhecimento à cafeicultura no Espírito Santo pelas oportunidades geradas, pela distribuição de renda e participação efetiva na economia capixaba. A cada ano vemos o prêmio crescer e reconhecer atitudes inovadoras na cafeicultura, que busca se tornar uma atividade casa vez mais sustentável e em harmonia com os recursos naturais”, afirmou.

O Prêmio Cafuso/UCC das Montanhas do Espírito Santo é uma realização da torrefadora capixaba Real Café Cafuso, da Empresas Tristão, da torrefadora japonesa Ueshima Coffee Company (UCC), da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), com a coordenação da Cooperativa de Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo (Pronova).

A premiação

Este ano, o concurso apresentou uma nova forma de classificação. Além da premiação estadual, que destinou R$ 20 mil para o primeiro lugar, R$ 15 mil para o segundo, e R$ 10 mil para o terceiro lugar, houve também a premiação municipal. Mas, para participar dessa categoria, o concurso determinou o mínimo de 10 amostras inscritas por município. Das 440 amostras inscritas, provenientes de 16 municípios, apenas 64 foram classificadas para a etapa municipal. Nesta etapa, o primeiro colocado ganhou R$ 5 mil, o segundo, R$ 2 mil, e, para o terceiro colocado, o prêmio foi de R$ 1 mil. Além disso, todos receberam um ágio sobre o preço de venda do café e ainda um certificado de qualidade.

Nas 64 propriedades classificadas para a etapa final, uma equipe técnica realizou auditoria para avaliação dos critérios sócio-ambientais, que equivaleu a 20% da pontuação. Foram observados a rastreabilidade, o uso de fertilizantes e de defensivos, a gestão do solo, colheita e pós-colheita, a gestão de resíduos, a conservação do meio ambiente e a saúde e a segurança do trabalhador. O desempenho dessas etapas foi somado ao resultado da avaliação sensorial da amostra (80%), feita por degustadores brasileiros, dois japoneses e um indonésio, que verificaram a qualidade da bebida produzida.

Pioneiro em aplicar critérios sócio-ambientais para garantir ao consumidor a aquisição de um produtor com qualidade e segurança alimentar, o Prêmio possui regras que, além de valorizar o resultado final, premiam a forma de produção que confere equilíbrio ambiental, social e econômico ao meio rural.

Classificação Final Estadual

1º colocado – Francisco Braga – Afonso Cláudio – R$ 20 mil

2º colocado – Ricardo Brunoro – Venda Nova do Imigrante – R$ 15 mil

3º colocado – José Antônio Debona Romão – Castelo – R$ 10 mil

Classificação Final por município:

Afonso Cláudio

1º colocado – Francisco Braga – R$ 5 mil

2º colocado – Jeremias Liettig Braga – R$ 2 mil

3º colocado – Pedro Edimilso Delpupo – R$ 1 mil

Brejetuba

1º colocado – José Côco Camporez – R$ 5 mil

2º colocado – Douglas da Silva Ulyana – R$ 2 mil

3º colocado – Ademar Côco Camporez – R$ 1 mil

Castelo

1º colocado – José Antônio Debona Romão – R$ 5 mil

2º colocado – João Luis Spavier – R$ 2 mil

3º colocado – Domingos Sávio Lopes – R$ 1 mil

Conceição do Castelo

1º colocado – José Rodrigues da Costa – R$ 5 mil

2º colocado – Maria Luzia Vargas Pinto – R$ 2 mil

3º colocado – Alesio Eler Dela Costa – R$ 1 mil

Ibatiba

1º colocado – Alex Sandro Souza Pereira – R$ 5 mil

2º colocado – Givaldo Gomes Amorim – R$ 2 mil

3º colocado – Amélio Leocádio Pereira – R$ 1 mil

Itarana

1º colocado – Cláudia Krause Battestin– R$ 5 mil

2º colocado – Braulino Hertzpg – R$ 2 mil

3º colocado – Arnaldo Krause – R$ 1 mil

Marechal Floriano

1º colocado – Edmar Busato – R$ 5 mil

2º colocado – José Carlos Velten – R$ 2 mil

3º colocado – Izael Francisco Evald – R$ 1 mil

Muniz Freire

1º colocado – Márcio Bicalho Thezolin – R$ 5 mil

2º colocado – Antonio Pessim – R$ 2 mil

3º colocado – Juliano Paulucio – R$ 1 mil

Santa Teresa

1º colocado – Devacir Baratela – R$ 5 mil

2º colocado – Darci Corteletti – R$ 2 mil

3º colocado – Jorge Emilio Covre – R$ 1 mil

São Roque do Canaã

1º colocado – Evandro da Silva – R$ 5 mil

2º colocado – Verandina Margon Zuffelatto – R$ 2 mil

3º colocado – Fernando Margon Zufelato – R$ 1 mil

Vargem Alta

1º colocado – Solimar Venturin – R$ 5 mil

2º colocado – José Carlos Marchioru – R$ 2 mil

3º colocado – Laerte Carlos Venturin – R$ 1 mil

Venda Nova do Imigrante

1º colocado – Ricardo Brunoro– R$ 5 mil

2º colocado – Marco Aurélio Camilan – R$ 2 mil

3º colocado – José Gilmar Caliman – R$ 1 mil

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