Doce, preto, amargo, cremoso… Tomar um cafezinho de dar água na boca só pelo cheiro é um hábito que o brasileiro possui em suas raízes históricas, mas tomar esse café na companhia de amigos, em um lugar propício, tem sido muito usual entre os jovens.
Com a cultura do café no Brasil, iniciada em 1727, o produto adaptou-se ao clima e ao solo tropicais, fazendo com que a produção brasileira se destacasse mundialmente, anos depois. No Espírito Santo, essa produção não é diferente. O Estado possui 0,5% do território nacional, mas bateu o recorde na colheita de grãos de café e a estimativa para a safra de 2011/2012 é de 11,5 milhões de sacas. Com a evolução das pesquisas na área, houve melhorias na qualidade dos grãos e, com isso, um aumento da produção, além do consumo, já que esse mercado cresce em nosso Estado.
Já que o consumo do café cresce, o ramo de cafeterias também evolui no mercado capixaba, e ganha destaque entre os jovens que curtem esses novos ambientes cada vez mais descontraídos e modernos. Se antes as pessoas bebiam café somente em copos simples, atualmente a situação é diferente, já que há estabelecimentos focados em modernizar a forma como se bebe café, seja pela opção ou pelo recipiente usado. O mercado de cafeterias trouxe um clima jovem e diferenciado para a degustação da bebida, em locais criados especialmente para atrair esse tipo de consumidor, com drinks diferenciados e acesso à internet sem fio, por exemplo.
Segundo o coordenador do programa da cafeicultura e pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Romário Gava Ferrão, “hoje, tomar café é um hábito que vai muito além do prazer da bebida. A cafeteria também é um local para boas conversas”, afirmou.
De acordo com o proprietário de uma cafeteria de Vitória, Vagner Benezath, ao abrir o empreendimento houve preocupação em todos os aspectos, desde o cardápio até a arquitetura do local. “Por ser próxima à Ufes, a freqüência de jovens é previsível. Nos preocupamos com a música, cores, abordagem no atendimento e contratação que influi no público-alvo”, afirmou Vagner. Outro aspecto inovador foi o uso das redes sociais como ferramentas de vendas. “O café é o carro chefe da casa, porém, outras opções sem cafeína são consumidas em grande número, e são clientes atraídos pelo clima do local. Temos grande saída de sucos, cervejas artesanais e também da cozinha”, ressaltou.
Além de um lugar adequado, os clientes exigem um produto bom para consumir e há diferentes formas de se preparar um café mais saboroso, cheiroso e que cause prazer em quem beba. Esse produto é conhecido como ‘café de qualidade’ e tem sua produção diferenciada dos demais grãos porque é considerado ambientalmente correto – sem uso de agrotóxicos e demais poluentes do solo – e socialmente justo – sem uso de trabalho escravo. Esse produto de qualidade tem o selo de confiabilidade e bioquímica da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) o que dá ao consumidor mais segurança.
Nesse contexto, há muitas formas de se preparar o café devido à criatividade variada, o que estimula o comércio e abre um novo mercado gerando empregos e renda, além de criar novos pontos de encontros para as pessoas. No mercado capixaba o consumo tem crescido e dissemina o conceito das cafeterias como um nicho que se amplia em pontos estratégicos da cidade.
O jeito de se tomar café mudou. Agora temos vários locais adequados e cheios de opções diferenciadas para que esse momento seja prazeroso pela companhia e pelo cardápio. “O jovem mudou seu jeito de tomar café, isso é fato. Diante dessa percepção, as cafeterias estão em expansão e há uma arquitetura propícia para esse perfil jovem e para os diferentes tipos de pessoas frequentarem”, afirmou Romário.
Tomar café tornou-se algo bem mais gostoso, comparado aos primórdios do produto. Atualmente, as cafeterias estão modernizando a forma de se beber café.