Iniciado no hemisfério Sul, na madrugada desta quinta-feira (22), às 02h30, o verão na região Sudeste do Brasil caracteriza-se pelas altas temperaturas, alto índice pluviométrico e dias mais longos que as noites. No Espírito Santo, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro, são os mais chuvosos e com as maiores médias de temperaturas do ano. Essas características são fatores importantíssimos para a produção de café no Espírito Santo.
Para que o grão de café consiga ter um bom tamanho e a planta tenha mais grãos, é necessário boas condições de clima associadas a uma nutrição adequada para o desenvolvimento do fruto. Os fatores essenciais para o desenvolvimento do grão são água, nutrição, luz e temperatura elevada. Por isso o verão é a época em que a planta mais cresce, já que a maior incidência de raios solares é um dos fatores que contribuem para isso, além da adubação na quantidade necessária para o enchimento do fruto.
Segundo o coordenador estadual de café, Romário Ferrão, o período do verão é uma fase crucial para a produção de café, pois se ocorrer alguma adversidade no clima a produção pode ser comprometida. Porém, ele reforça que os impactos podem ser minimizados a partir do manejo adequado.
“Claro que as adversidades do clima influenciam o desenvolvimento do grão, mas ações de nutrição da lavoura e o manejo correto também definem o sucesso da produção. No caso de uma seca, por exemplo, o produtor poderia reduzir o estresse da planta com a irrigação e assim minimizar o impacto no volume e qualidade da produção”, ressalta.
Tendências da Estação
De acordo com o meteorologista do Incaper, Hugo Ramos, a La Niña – fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico, onde as temperaturas das correntes de ar são abaixo da normalidade e que influência o clima na América do Sul, faz com que as tendências de chuvas para o verão permaneçam dentro da média para o período. “Ainda estamos sobre o efeito da La Niña e com isso a média acumulada de precipitação para a estação fica acima dos 500 mm nas regiões Noroeste, Serrana e Sul capixaba, entre 300 e 400 mm nas regiões litorâneas e entre 400 e 500 mm nas demais regiões”, afirma.
O meteorologista também ressalta o motivo das chuvas ocorrerem de forma mais intensa no verão. “O principal sistema meteorológico de atuação é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que consiste em uma banda de nebulosidade semi-estacionária, que se estende desde o Sul da Amazônia, passando pela Região Centro-Oeste e prolonga-se para o Oceano Atlântico, acarretando chuvas que podem ser intensas, além das temperaturas máximas médias ficarem em torno dos 28ºC na região Serrana e 32ºC nas demais regiões. As temperaturas mínimas médias ficam em torno dos 18ºC na região Serrana e 22ºC nas demais regiões”, explica.
Neste período há ocorrência de mudanças rápidas nas condições do tempo, causadas principalmente pela instabilidade devido à alta taxa de umidade associada ao aquecimento diurno. Isso favorece a formação de nuvens, ocasionando as chuvas de forte intensidade em um curto período de tempo, que ocorrem principalmente no período da tarde, geralmente acompanhadas de trovoadas e rajadas de ventos.