Como “cidadão”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse “indignado” com o resultado do segundo julgamento do assassinato da missionária norte-americana, Dorothy Stang, realizado em Belém (PA), no qual o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido da acusação nesta terça-feira.
“Como brasileiro e como cidadão comum, obviamente que estou indignado com o resultado. Como presidente da República, eu não dou palpite sobre uma instância do Judiciário”, disse Lula nesta quinta-feira (8), após evento no Palácio do Planalto.
A missionária morreu na cidade de Anapu, no Pará, em fevereiro de 2005. Por cinco votos a dois, o Tribunal do Júri de Belém inocentou Bida na última terça-feira (6), que, no primeiro julgamento, havia sido condenado a 30 anos de prisão. A decisão revoltou a família da vítima e entidades de direitos humanos presentes no julgamento.
Apesar da indignação, Lula acrescentou, porém, que é preciso esperar os recursos sobre a decisão para ver o que vai acontecer. O promotor do caso, Edson Souza, já confirmou que vai recorrer da decisão e pedir um novo julgamento.
“Acho que depõe um pouco contra a imagem do Brasil no exterior. Acho que uma parte da sociedade começa a ter dúvida sobre o julgamento. De qualquer forma é uma decisão de um fórum legitimamente reconhecido”, afirmou o presidente Lula.
Na quarta-feira (7), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello também disse que a absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura poderia passar ao mundo uma imagem negativa do Brasil.
É certo que os jurados agiram soberanamente, em julgamento popular perante o tribunal do júri. Evidente também que, considerado o resultado anterior do julgamento, isso pode transmitir não apenas ao país, mas à própria comunidade internacional, uma sensação de que os direitos básicos da pessoa não teriam sido respeitados, notadamente os da vítima, afirmou o ministro.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Ministério Público já anunciaram que vão pedir a anulação da sentença que absolveu o fazendeiro. Segundo as duas entidades, o resultado do julgamento reforça o problema da impunidade no campo.
* Fonte: Site G1