* Leandro Fidelis
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Acusado de participar da morte do juiz federal do trabalho Manoel Medeiros, em 2004, o empresário Wesleisandre Comério Faroni, o “Weslei”, de 36 anos, voltará ao banco dos réus no próximo dia 27 de fevereiro, no Fórum de Marechal Floriano, Região Serrana do Estado.
Ele é enteado do juiz e teria planejado o crime com sua mãe, Joscenir Comério, 57, mulher da vítima, por causa de dinheiro. O Ministério Público e o assistente de acusação recorreram da decisão do tribunal do júri que absolveu Weslei em outubro de 2010. Agora, afirmam terem provas contundentes da participação dele no crime.
O Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo- TJ/ES entendeu que Weslei deveria voltar a júri e por isso foi marcada nova audiência. Se condenado, a pena pode variar de 12 a 30 anos de prisão. Para hoje, o juiz da Comarca de Marechal Floriano, Bruno de Oliveira Feu Rosa, vai nomear outros sete jurados, que poderão decidir a condenação de Weslei.
O assistente de acusação, o advogado Vinicius Lopes Coutinho, afirma que os autos do processo têm provas concretas contra o réu. A acusação aposta no DVD com imagens inéditas do depoimento de Diego como prova da participação de Weslei no assassinato.
De acordo com o advogado, no primeiro julgamento essas imagens não puderam ser exibidas porque não estavam anexadas ao processo. “Nas imagens, é possível ver Diego confessar detalhes do quanto Weslei tinha interesse em apoiar a mãe na morte do juiz. Tenho muita expectativa com a condenação, uma vez que o crime gerou muita repercussão”, disse Vinicius.
No primeiro julgamento, em 2010, a mãe de Weslei foi condenada a 20 anos de prisão por ser mentora do crime e Diego Costa dos Santos (38), a 21 anos como executor.
Ela e Diego recorreram da sentença e aguardaram o recurso em liberdade. Em dezembro de 2013, saiu mandado de prisão contra os dois, mas só o assassino foi localizado e cumpre pena em presídio por ter matado o juiz com cinco tiros no sítio da vítima, em Marechal.
O assassinato, segundo os autos do processo, foi motivado pela ambição de Joscenir. Na época, investigações da polícia apontaram que a viúva teria planejado a morte do companheiro devido a um ultimato dado pela vítima para que ela saísse da vida dele.
Revoltada, Joscenir teria procurado advogados para saber o que ganharia com a separação. Ao descobrir que não teria direito a nada, planejou o crime com ajuda do filho Weslei.
Viúva está foragida
Joscenir Comério, viúva do juiz Manoel Medeiros, nunca mais foi vista no Estado. Existe um mandado de prisão contra ela desde 25 de novembro de 2013, mas até agora Joscenir não se apresentou à Justiça.
O assistente de acusação Vinicius Coutinho argumenta que a viúva do magistrado planejou o crime para se livrar de uma dívida de R$ 93 mil de promissórias. Segundo o advogado, esse seria o valor do empréstimo concedido pelo marido para ela e o filho abrirem uma casa lotérica na Grande Vitória.
“Foi uma forma de ela usufruir de parte do dinheiro do marido, uma vez que não levaria nada na separação. A promissória está no processo, assim como o depoimento do executor do crime em que consta o valor que iria ganhar da mulher pelo serviço.”
Ainda de acordo com o advogado, Joscenir aproveitou que o processo transitou em julgado para se ausentar. “Ela foi procurada em todos os endereços dados à Justiça, mas nunca foi localizada.”
Defesa pede adiamento
O advogado de defesa de Wesleisandre Comério Faroni, o “Weslei”, Lécio Silva Machado, solicitou à Justiça de Marechal o cancelamento do júri, que seria realizado nesta segunda-feira (15), no Fórum da cidade. Ele alega problemas de saúde e pede que a audiência seja realizada no início de 2015.
De acordo com Lécio, ele está de atestado com problemas de estresse e não teria condições de advogar em favor do acusado na morte do juiz Manoel Medeiros amanhã.
Ainda segundo o advogado, o cliente Weslei não recebeu a intimação para comparecer ao Fórum amanhã. “Comuniquei ao juiz a mudança de endereço em Vila Velha, mas mesmo assim a intimação não chegou”, disse Lécio.
A assessoria do juiz de Marechal, Bruno Feu Rosa, por sua vez, afirma que não recebeu um atestado do advogado de defesa até a tarde da última sexta-feira (12). Nesse caso, o juiz poderá nomear um defensor para o réu.
Entenda o caso
– O crime aconteceu na madrugada do dia 4 de agosto de 2004.
– O juiz Manoel Medeiros foi rendido dentro de casa, em Mata da Praia, Vitória, por quatro homens encapuzados.
– O bando rendeu ainda Joscenir Comério e uma empregada doméstica, que estavam na residência.
– Os três foram levados para o sítio do juiz aposentado, às margens da BR-262, em Marechal Floriano, na Região Serrana, onde o magistrado foi morto com cinco tiros.
– Foram levados dinheiro, eletrodomésticos e armas avaliadas em R$ 210 mil.
– Inicialmente, Joscenir tentou defender a ideia de latrocínio – roubo seguido de morte. No entanto, as investigações apontaram a viúva como mentora do crime.
– Ela foi presa, junto com os demais acusados, menos de um mês após o crime, mas foram soltos.
– Em 2010, foi realizado julgamento de Joscenir, Weslei e Diego, mas somente esse foi condenado à prisão. Desde então, nenhuma outra audiência foi realizada.
– Em 2013, o juiz Bruno Feu Rosa expediu mandado de prisão contra Weslei e Joscenir, que está foragida