Fotos: Leandro Fidelis |
* Leandro Fidelis
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Em Afonso Cláudio, na Região Serrana, mais de 1.500 objetos que contam a história das duas guerras mundiais estão à espera de um comprador. Eles pertencem à coleção pessoal do alemão Rolf Hofmann (61).
As peças, expostas no Museu das Grandes Guerras, estão avaliadas em R$ 1,2 milhão. O espaço fica às margens da estrada que liga o município a Laranja da Terra, na localidade de Três Pontões, e também está em oferta. O alemão pede R$ 1,8 milhão pelo imóvel, incluindo os objetos.
Rolf com a esposa, Dalva. |
Sem apoio e com problemas de saúde na família, Rolf e a mulher, a brasileira Dalva Kempin (45), colocaram o acervo à venda preocupados com a sua deterioração.
O museu foi construído em 2005 na propriedade da família de Dalva e conta com móveis, medalhas, fotos, fardas e vasto material bélico da época do nazismo.
Segundo o alemão, empresários de São Paulo e Curitiba se interessaram pela coleção, mas as negociações não chegaram a avançar. Há dois anos, um corretor de Venda Nova ficou responsável pela venda.
“Aparecem muitos interessados em adquirir as peças avulsas, o que não nos interessa. Nós só vendemos o acervo completo”, diz Dalva, que é tradutora do marido, que sofre de trombose.
A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) chegou a discutir sobre a importância do acervo para a história do Estado, atendendo uma solicitação do Instituto Goiamum. A ideia era implantar o Museu das Grandes Guerras no Sítio Casarão, em Serra.
No entanto, não houve discussão sobre a compra do acervo. Em dezembro de 2008, o Sebrae/ES concluiu um trabalho de quatro meses catalogando todas as peças.
Rolf e Dalva casaram-se na Áustria, de onde o colecionador e antiquário trouxe todas as peças. Na época, ele gastou o equivalente a R$ 120 mil para transportar 7.000 kg de objetos.
O museu fica aberto nos fins de semana. Nos outros dias recebe visitas agendadas por escolas.
Objetos curiosos do museu
1) Bíblia Luterana– A bíblia escrita em alemão foi achada no porão da casa de um pastor na Alemanha. Segundo Rolf, o livro tem mais de 200 anos e está em avançado estado de deterioração.
2) Garrafa de vinho– Durante a Segunda Guerra Mundial, a imagem de Hitler era estampada aos quatro cantos da Europa nazista. Não sobrou nem para uma linha de garrafas de vinho que, além da ilustração, trazia a frase em alemão “Ein Volk, ein reich, ein führer”, no português: “Um nacional, um rico, um líder.”
Livro publicado por Hitler. |
3) Metralhadora 2.000 tiros por minuto– Com o modelo MG 42, era possível disparar 2.000 tiros por minuto. A arma é alemã e só essa nacionalidade de combatente tinha acesso a ela, conforme conta Rolf. O colecionador achou a metralhadora em uma antiga trincheira no meio do mato. O cabo foi refeito em madeira para a exposição.
4) Máquina fotográfica– O equipamento pertencia ao pai do colecionador, Karl Hofmann, e registrou diversos momentos da Segunda Guerra Mundial, que hoje pertencem ao acervo pessoal de Rolf.
5) Uniformes militares– Entre as fardas expostas no museu, duas são objetos da estima do colecionador: as usadas pelo avô e pelo pai de Rolf, nas primeiras e segunda guerras, respectivamente. O pai vestiu o uniforme em uma batalha na África, enquanto o do avô, trata-se de um traje de gala do exército alemão.
6) Livro escrito por Hitler– O exemplar do livro “Mein Kampf” (Minha Luta), de 1936, é uma das raridades à venda no acervo completo do Museu das Grandes Guerras. De acordo com Rolf, a publicação foi escrita em alemão pelo ditador no tempo em que esteve preso antes da Segunda Guerra eclodir.
7) Moto inglesa– A motocicleta modelo BSA e motor dois tempos é de fabricação inglesa, de 1941. “Os alemães as roubavam dos ingleses e as usavam durante a Guerra”, diz Rolf. O veículo ainda funciona.
8) Chapéu de general de Napoleão– Toda história de Rolf com as guerras começou com a herança deixada pelo tataravô do colecionador, que lutou no exército alemão contra Napoleão Bonaparte. Entre os objetos, está um chapéu usado por um general de Napoleão.