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Alunos de Muniz Freire iniciam ano letivo com escola destruída

A célebre canção de Toquinho que fala daquela casa que não tinha teto, não tinha chão, não tinha nada poderia descrever perfeitamente a situação da Escola de Ensino Fundamental e Médio Arquimimo Mattos, em Piaçu, distrito de Muniz Freire. Mas a delicadeza da prosa e da melodia nem de longe lembra a situação que vivem os quase mil alunos, que estão há mais de onze dias sem aulas e terão que enfrentar, além das equações matemáticas e das subjetividades da Língua Portuguesa, aulas ministradas em salas improvisadas no ginásio de esportes do colégio.

Na história, um impasse. No final de novembro do ano passado, após licitação feita pelo Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes), a empresa Gizzfer foi contratada para fazer alguns serviços de reformas no prédio. A empresa verificou que haveria mais intervenções na obra do que o licitado e parou os serviços, após retirar a laje de todas as salas da escola e de uma área em anexo, onde também funcionavam salas de aula. O Iopes alegou que a empresa se precipitou destruindo o telhado ao invés de aguardar a posição do Instituto, que precisaria de uma nova planilha de custos para prosseguir com os trabalhos.

Neste meio tempo, a escola ficou destelhada, as obras praticamente paradas e, além de não ter teto, está sem piso, sem lousas, com fiação exposta e infiltração por toda parte. As professoras fazem o possível e estão até otimistas com o reinício do ano letivo nesta segunda-feira (3), data prevista para que as salas improvisadas ficassem prontas.

Não tinha teto, não tinha nada

O presidente da Associação de Amigos e Moradores de Piaçu, Joel Madeira Tiengo, nasceu no distrito e nutre muito amor pela comunidade. Ele enfatiza que a escola não é apenas um centro de ensino, mas um centro de vivência. “Aqui se realizam as festividades da nossa comunidade, o colégio está sempre de portas abertas para todos nós e nós também estamos lutando para que o colégio esteja em breve com a obra pronta”. E completa, com poesia. “A gente luta para ajudar a manter o nosso lugar. Esta escola é o nosso cartão postal. Saem daqui os alunos que vão representar a nossa comunidade em outros lugares. Saem daqui preparadas para ajudar outras comunidades”, se emociona.

Mas era feita com muito esmero

A casa do “seu” Luiz Antônio Noia fica perdida no meio de tanta plantação. São frutas, uma horta de dar inveja e flores por todo canto. Ele mostra admirado uma flor que, segundo ele, merece ser filmada durante o dia inteiro. O lavrador conta que ela desabrocha branquinha e vai escurecendo durante o dia, até atingir um tom de rosa quase berrante. O respeito do “seu” Luiz pela terra tem motivo: foi ela que garantiu o sustendo dos dois filhos. Ele fala do Arthur, que trabalha durante o dia depois pega a estrada para fazer faculdade de administração em uma cidade próxima.

Para “seu” Luiz, não importa o esforço, o que precisa é estudar. A filha de 16 anos, chamada Luina, cursa o 3º ano do ensino médio. Deveria estar na sala de aula, mas é na sala da casa que ela mexe nos livros, já pensando no vestibular que pretende enfrentar no final do ano. E com muita propriedade, o lavrador vai direto ao ponto. “Ela está estudando sozinha em casa, durante a manhã, porque ela trabalha à tarde. Mas não é a mesma coisa, é preciso professores e acompanhamento”

Luina, que ainda não decidiu o curso que vai tentar, assina embaixo da opinião do pai. “Eu estava pretendendo ´pegar firme´ este ano, porque quero prestar o vestibular no final do ano, conseguir fazer uma faculdade. Aí acontece isso, fica parado agora e é sempre prejudicial”

A lavradora Maria da Glória Vieira Finoite tem dois filhos: Ilaine, de 16 anos, cursando o 1º ano do Ensino Médio, e Rogério, com 16 anos, no 3º ano. Ela mora a 10 km da sede do distrito, mas na tarde desta sexta-feira (29) foi até a escola para tentar entender o motivo da paralisação nas aulas e desabafou. “É um atraso, porque eles terão que estudar até nos feriados. Para eles é um transtorno”.

Segundo a diretora geral do Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes), Marilza Lopes, em 2007 houve visitas técnicas para o levantamento das obras que seriam necessárias no imóvel para que se enquadrasse nos padrões estabelecidos pela Secretaria de Estado de Educação (Sedu), com colocação de telhado, piso, revisão dos banheiros e da rede elétrica, pintura e substituição das telhas da quadra de esportes. A laje da escola, de acordo com a diretora, não estava prevista, já que seria necessário mexer na estrutura para verificar se ela estaria ou não danificada, o que ocorreria durante as obras. A diretora explicou que por isso o nome orçamento estimativo.

Logo após a visita técnica, foi aberta a licitação e a empresa Gizferr Ltda., de Muniz Freire ganhou a concorrência. Ao iniciar o procedimento de reforma, a empresa contratada constatou que havia a necessidade de refazer a laje do prédio anexo, onde começaram as obras. Segundo a diretora, ao invés de aguardar a posição do Iopes, a empresa destelhou o restante da escola, cuja laje também necessitava de reparos urgentes.

A fiscalização acontecia, segundo a diretora, de 15 em 15 dias, quando um técnico do Iopes ia ao local. A medição do serviço era feita de 30 em 30 dias. A diretora não precisou as datas de visitação e afirmou que o destelhamento e retirada dos rebocos das paredes foram feitos entre uma visita e outra do técnico responsável, mas quando a empresa constatou o problema, o Iopes foi verificar mas as salas de aula já estavam sem a laje e sem os pisos.

A retirada da laje começou em dezembro e, questionada sobre a demora de dois meses para conduzir os trabalhos no intuito de buscar um espaço alternativo para os alunos, a diretora explicou que “no serviço público o trabalho é mais moroso, porque nós temos que dar satisfação de tudo que fazemos”. Segundo ela, foi necessário refazer as planilhas de custo do contrato.

A diretora do Iopes estima que a obra esteja pronta para o próximo semestre. Segundo ela, não há como dar, com exatidão, a data em que os alunos poderão voltar para as salas de aula já que ainda será feito um levantamento dos serviços necessários no local. Ela disse ainda que está sendo feita uma análise interna dos serviços prestados pela empresa Gizzfer Ltda.

Nossa equipe de reportagens entrou em contato com a Gizzfer Ltda e, segundo o supervisor administrativo, Johnny da Silva Souza, as obras estão dependendo de ordens do Iopes para continuar. Segundo ele, o primeiro orçamento não previa a demolição e reconstrução das lajes. Ele disse ainda que as obras não receberam visitas técnicas no período em que a empresa atuou na escola. Ele disse ainda que não recebeu projeto de execução dos serviços e que o edital saiu de uma forma e, quando foram executar, não havia formas de fazer dentro do orçamento previsto. Ele afirmou ainda que a empresa fez contatos com o Iopes e não obtiveram retorno.

* Por Fernanda Zandonadi

para o site Gazetaonline

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