* Leandro Fidelis

O secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), Rodney Rocha Miranda, apresentou na tarde desta sexta-feira (17), em Vitória, os três acusados pelo homicídio do produtor rural de Venda Nova, Carlos Iraciano Comarela, o “Cacau”.

Os irmãos Deosdete Uliana Cristo, 44 anos, e Adil Uliana Cristo, 42, são apontados como mandantes do crime. Já Robson Procópio dos Santos, 28, é tido como o executor. Diego Barbosa Ramalhete, 20, não chegou a ser preso porque foi morto no dia 28 de abril, por conta de dívida de tráfico de drogas.

O motivo do crime seria uma briga de trânsito. Segundo relato dos acusados, Deosdete dirigia um carro, atravessou um sinal e quase bateu no veículo de Carlos, na BR-262 em Venda Nova. A vítima ficou com raiva e se desentendeu com o acusado. Após o problema, Deosdete e seu irmão Adil contrataram os executores por R$ 5 mil para assassinar Carlos.

Deosdete foi preso em 13 de julho, no município de Conceição do Castelo, com apoio dos policiais da Delegacia do município. O irmão Adil foi preso ontem, em Guarapari. O acusado já havia sido preso pela Polícia Federal, em outubro de 2006, com oito quilos de pasta base de cocaína, espingarda calibre 38 e várias munições.

A prisão de Robson ocorreu no dia 30 de junho, em Ponta da Fruta, Vila Velha. Neste dia, foi apreendida a arma utilizada no crime, um revólver calibre 38 cromado, durante uma operação em Terra Vermelha, Vila Velha. O revólver foi encaminhado para exame de balística.

Durante as investigações, os policiais ouviram algumas testemunhas, colheram provas, identificaram alguns suspeitos e confeccionaram quatro retratos falados por meio de características passadas por populares que viram a presença dos suspeitos que circularam pela região antes do crime.

O crime

Carlos Iraciano Comarela foi sequestrado em sua casa, no dia 24 de abril, em São João de Viçosa, distrito de Venda Nova. O corpo foi encontrado no dia 25, em Alto Pinga Fogo, região rural de Conceição do Castelo.

O caso começou a ser investigado pelas delegacias de Venda Nova, Conceição e a Antisequestro, antes do corpo da vítima ser encontrado. Após constatado o homicídio, o Chefe de Polícia, delegado Julio Cesar Oliveira Silva, designou o delegado José Lopes, adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para presidir o inquérito, com o objetivo de concentrar as informações e agilizar as investigações do assassinato.

Família não acredita na versão dos acusados

A família do agricultor disse não acreditar na versão dos acusados de que uma briga de trânsito motivou o crime. A Polícia Civil foi quem comunicou o desfecho do crime aos familiares em Venda Nova.

Nesta sexta-feira (17), a mãe da vítima, Ana Lorenzoni Comarela, 85, filhos e netos assistiram juntos à apresentação dos acusados pela TV.

O taxista Lauro Comarela, 59 anos, afirma que a alegação do trio é uma forma de acobertar os mandantes. “Nós e muitas pessoas conhecidas achamos que essa história está mal contada. Não acreditamos nesta versão”, disse.

Ainda de acordo com Lauro, a família continua contando com a polícia na investigação. “Quando se faz justiça, a gente fica um pouco melhor. Mas conforto não seria a palavra adequada para dizer o que estamos sentindo neste momento”.