Peças são feitas com folhas de alumínio reutilizadas – Foto: Valdinei Guimarães

* Valdinei Guimarães

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Uma ex-servidora pública faz sucesso em Venda Nova do Imigrante com um trabalho que combina arte, tradição e sustentabilidade. Com criatividade, a artesã Luciana Vilastre Minto (44) reaproveita folhas de alumínio, que são transformadas em retratos e brasões de família. O artesanato, rico em detalhes e beleza, é criado a partir de uma técnica que ela mesma desenvolveu.

Luciana começou a produzir os brasões, como são chamados os emblemas de famílias, pessoas ou Estados, há cerca de dois anos. Antes deles, a artesã já produzia quadros com retratos e figuras, mas foi a pedido de um amigo que a ideia de fazer brasões ganhou forma. “Ele me pediu que fizesse o brasão para a família dele. Aí, seu colega de trabalho gostou e pediu um. Depois, a esposa desse colega encomendou outro e aí a coisa engrenou”, conta Luciana.

Brasões e retratos levam de 10 a 15 dias para ficarem prontos – Foto: Valdinei Guimarães

As peças são feitas com finas folhas de alumínio, que a artesã compra de gráficas da cidade. Latinhas de cerveja também podem ser usadas. Com o metal nas mãos, ela usa instrumentos simples para dar forma aos brasões. “As ferramentas eu mesma fiz. São pedaços de canetas que adaptei para o trabalho. Costumo pedir canetas usadas aos amigos para fazer as ferramentas”, revela a artesã.

Artesã tem vários trabalhos feitos por ela em casa – Foto: Valdinei Guimarães

O ateliê onde as peças são criadas fica na casa de Luciana, no bairro Providência. Lá, ela usa o terraço da residência para produzir os quadros e brasões. Para ficar pronta, cada obra leva de 10 a 15 dias, dependendo das condições do clima. “Eu uso vernizes para pintar, por isso, às vezes demora mais para secar. Se o tempo ajudar, fica pronto mais rapidamente”, detalha.

Ela produz até 10 peças por mês. Todas são únicas, porque Luciana não utiliza moldes prontos. Tanto para a criação dos emblemas quanto dos retratos, ela desenha à mão os traços da imagem na folha de alumínio. Depois, usa uma técnica, que ela não permite revelar, para dar o relevo e textura às obras. As últimas etapas são a aplicação dos vernizes coloridos e a secagem.

O talento para desenho vem de berço. Luciana aprendeu a desenhar sozinha. Hoje, usa o dom nas obras que faz e se orgulha de não criar duas peças iguais. “Se você pegar dois brasões da mesma família feitos por mim, vai ver que são muito parecidos. Porém, olhando de perto, perceberá que não são idênticos. Eu desenho tudo do zero cada vez que faço”, conta ela.

A técnica e as ferramentas usadas no trabalho foram criadas por Luciana – Foto: Valdinei Guimarães

Para criar os emblemas de família, a artesã faz pesquisas até encontrar a imagem correta. Na reprodução de fotografias, o cliente é quem leva um retrato, que será reproduzido. Em alguns casos, ela se baseia em mais de uma foto para compor uma única cena. Foi o caso de um quadro que ela fez para dar de presente a um amigo. Para esse, ela usou três fotos diferentes dos membros da mesma família para criar a peça em alumínio.

As obras de Luciana têm bom reconhecimento. Ela já expôs as peças e algumas delas foram levadas para fora do país. Hoje, a servidora pública licenciada vive do artesanato. Cada brasão ou retrato custa R$ 150, mas a recompensa da artista vai além do dinheiro. “Fico feliz mesmo é quando vejo o rosto contente das pessoas quando recebem o trabalho pronto”, diz Luciana.