As faces da dor

Fernanda Zandonadi
jornalismofmz@gmail.com

 

Bruna Neitzel é casada com José Ronaldo Martins. Os dois estavam no micro-ônibus que foi atingido no acidente na BR-101. Bruna se salvou. José Ronaldo, não. A dor da esposa que perdeu o marido é palpável. Ao seu lado, a família busca dar amparo, apoio, algum suporte.  Bruna é uma das faces que ainda tenta entender e assimilar a tragédia, se isso é possível.  Ela se salvou porque foi dormir nos fundos do ônibus. A parte onde estava sentado José Ronaldo foi a mais atingida. Ele estava na poltrona atrás do motorista.  Em Campinho, há muitas mães, pais, irmãs, irmãos e amigos que estampam a mesma dor em seus rostos. A cidade chora e sofre. Impossível não se solidarizar com a perda de tantas vidas. Impossível não chorar junto. 

 

Bruna, que também estava no micro-ônibus, chora a perda do marido

 

A auxiliar de serviços gerais Raquel Aparecida Martins é irmã  de José Ronaldo Martins.  Ela caminhava pela praça de Campinho, falando ao telefone, sem conseguir assimilar o que estava acontecendo. A forma como soube do acidente, também foi cruel.  "Minha irmã disse que o marido dela tinha visto no Facebook essa notícia e os nomes. Como eu estava sem acesso à internet, fui na casa da mãe da minha cunhada (Bruna). Quando cheguei lá, eles sabiam de tudo. Nem sei o que senti". 

 

Em meio a tanta dor, ainda há histórias de solidariedade. Os jovens do Grupo de Dança Bergfreunde conseguiram ajudar os amigos que não sabiam como sair do ônibus em chamas. Segundo relatos, a parte esquerda do ônibus foi a mais atingida pelas placas de granito no primeiro impacto. Já com a segunda batida, no caminhão de cervejas, os dois veículos pegaram fogo. A única saída possível, segundo os sobreviventes, era pelas janelas que foram quebradas durante a primeira colisão. 

 

William José Mayer, que faz parte do Bergfreunde desde 2014, conta os momentos de horror que viveu durante o acidente. "Eu estava dormindo e após a primeira batida eu acordei. Vi o ônibus batendo a segunda vez no caminhão de cerveja. Quando bateu, a janela do meu lado estourou. Quando o ônibus parou eu puxei ela (Nínive)".

 

William, mesmo machucado, conseguiu ajudar a amiga a sair do ônibus

 

"Ele me puxou e o Nielson (Ferreira Brzesky, que sobreviveu à tragédia) voltou para buscar mais duas pessoas depois que ele saiu", complementa Nínive Degen de Carvalho, que estava ao lado de William no momento da batida. Nínive faz parte do grupo desde fevereiro deste ano.

 

Novo nascimento

A estudante Ana Paula Merscher comemorou seu aniversário de 15 anos no sábado (9), um dia antes do acidente. Triste e abatida pela morte de amigos e companheiros do grupo, ela  conta que estava dormindo na poltrona no momento do primeiro impacto.

 

Ana Paula diz que alguém a puxou para que não fosse para o lado das chamas

 

 "Com essa batida eu cai no chão, mas ainda não estava totalmente acordada, porque tinha tomado remédio para dormir na viagem.  Na segunda batida, senti um monte de vidro quebrado vindo para cima de mim. Baixei a cabeça para não ver. Quando levantei, ia sair pelo lado do fogo, mas alguém, que não sei quem é, me disse 'por aí não, que você vai morrer'. Não sei quem foi, porque foi tudo muito rápido. Foi quando machuquei o pé na hora que pulei a janela", relata. 

 

O micro-ônibus estava incendiado na frente e no fundo, segundo ela. E houve ainda uma explosão, logo depois que o grupo que  conseguiu se salvar tinha saído do local. "Nos afastamos dali por causa do fogo. E começaram a chegar motoristas, pessoas que estavam no trânsito para ajudar". 

 

Velório

 

Três vítimas da colisão foram veladas nesta segunda-feira (11), no Pavilhão da Igreja Luterana, em Campinho. Os corpos de Karini Santana Vetter, Nandeiara Kliper Martins e Aloisio Endlich chegaram por volta das 21 horas ao local. Outros oito corpos aguardam a liberação no Departamento Médico Legal (DML).

 

Campinho de luto: velório de três vítimas foi marcado por dor e tristeza

 

 

Fotos: Fernanda Zandonadi/Rádio FMZ

 

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