Diante da falta de milho no mercado interno brasileiro, os avicultores capixabas e de Estados como Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul pressionam o Ministério da Agricultura para liberar a importação do produto. Se aprovada, a abertura vai permitir que o consumidor final não tenha impacto com o aumento do preço de ovos e carnes bovina e suína (nos quais o milho é um
componente essencial), uma vez que quem detém estoque de milho no Brasil tem especulado valores e empresários do setor não conseguem mais arcar com o aumento sem repasse para o consumidor.
O presidente da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves), Antônio Venturini, afirma que a falta de milho e a especulação no mercado fizeram com que o preço de um saco com 60 kg do grão passasse de R$ 16 para R$ 35 em dois meses, o equivalente a um aumento de 118%. Ele explica ainda que o grande impasse na liberação das importações é que na legislação brasileira é proibido receber do mercado internacional milho que tenha mais de 1% de transgenia, e que os países que possuem excedente para exportar são aqueles que trabalham com o grão transgênico.
Segundo o presidente, permitir a importação desses grãos, mesmo que temporariamente – até a próxima safra brasileira em fevereiro de 2008 – é a única saída que o governo tem de evitar o aumento expressivo no valor do milho para os produtores e para o consumidor final.
Se não houver a liberação, o representante da associação de avicultores capixavas afirma que ovos e carnes (aves, bovinas e suínas) podem sofrer um aumento de 20% a partir de janeiro na mesa do consumidor. Ele acredita que o Governo irá liberar as importações e que o Ministério da Agricultura já sinalizou positivamente, mas a decisão final depende do Comitê Nacional de Biossegurança.
“A expectativa do setor é que o Governo não tem saída. Ele tem que liberar! E acreditamos que vai liberar porque o ministro da Agricultura já sinalizou, mas não depende só do ministério. Existe a Comissão Nacional de Biossegurança. Até dia 15 de dezembro terá uma reunião extra para discutir somente esse assunto. Acreditamos que será liberado pelo menos momentaneamente até a próxima safra”, disse.
Entenda o caso
O presidente da Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves), Antônio Venturini, conta que a crise começou porque o Governo Federal teria errado nas estratégias das safras e dos estoques reguladores da produção 2006-2007. Houve excedente de grãos produzidos e, para não prejudicar o produtor de milho, que com o excesso de oferta receberia um valor menor, o governo, aproveitando a quebra de safra do trigo (usado na fabricação de ração animal) na Europa e Austrália, facilitou as exportações do grão sem deixar um estoque regulador do produto no mercado interno. Com isso, passou a faltar milho para avicultores brasileiros. Quem tem estoque do produto, segundo Venturini, tem feito especulações no mercado, o que vem causando o alto custo do grão nos últimos dois meses.
* Fonte: Gazeta Online