* Leandro Fidelis
(leandro@radiofmz.com.br)
Com 5.206 óbitos registrados a partir de 1890, o Cartório de Notas e Registro Civil de Pessoas Naturais de Conceição do Castelo, Região Serrana do Estado, coleciona curiosas causas de mortes. Entre as mais exóticas, estão a de pessoas que morreram de câimbra, congestão e até de diarreia.
Os óbitos são dos primeiros moradores do município, incluindo o de índios puris, primeiros habitantes, e dos colonizadores portugueses e italianos, que vieram depois.
A registradora civil e notária Noemea Zandonade Feitoza conta que até a década de 50, a sede do município e também o então distrito de Venda Nova, não contavam com hospitais, por isso os laudos eram muitas vezes feitos por farmacêuticos. No balcão do cartório, era comum ainda o próprio declarante, geralmente um leigo membro da família, apontar a “causa mortis”.
Dessa forma, aparecem nos livros mortes decorrentes de “suicídio na forca”, “lombriga”, “mordedura de cobra”, com descrições bastante científicas para doenças comuns nos primeiros anos do cartório e outras de nomes mais simples atualmente.
“Quando os moradores vêm procurar informações sobre a família para tirar segunda via de documento, acabamos descobrindo mortes curiosas durante a pesquisa. A equipe se diverte com as histórias”, diz Noemea.
Nos recém-nascidos, descritos como “inocentes”, em vez de criança, era comum a “febre escarlatina”. Há registros curiosos como o do bebê que morreu em 1910 com o “Mal dos Sete Dias”, nome que se dava ao tétano iniciado no cordão umbilical, e de outro que teve “morte por dentição”.