* Por Leandro Fidelis
A dor e a comoção marcaram a chegada do corpo da professora Fábia Lázaro Machado, 25 anos, na manhã desta sexta-feira (25) à Igreja Matriz Imaculado Coração de Maria, em Piaçu, Distrito de Muniz Freire distante 16 km da sede do município. Aproximadamente 1.000 pessoas, dentre amigos e parentes, compareceram ao velório e sepultamento, por volta das 2 da tarde no cemitério local.
O caixão chegou lacrado por volta de 12h20 quando a igreja, que fica exatamente ao lado da casa da família da professora, já estava lotada de moradores. A localidade, que tem cerca de 5.000 habitantes, praticamente parou suas atividades em luto. Poucos comércios funcionaram.
O prefeito de Muniz Freire Ezanilton Delson de Oliveira também foi prestar solidariedade hoje à família, que é católica praticante e participa das atividades da Igreja há muitos anos.
“Tivemos uma longa conversa dias antes dela desaparecer, quando Fabinha me revelou a vontade de se casar e ser mãe. Nunca vou esquecer de como ela cantava bem nas celebrações da igreja. A gente já tinha 16 anos e ainda se vestia de anjo na coroação de Nossa Senhora, de tanto ligadas à religião”, disse a comerciária Graziane Aparecida Tiengo, 27, amiga de infância da professora.
Outra amiga de infância, a administradora de empresas Cláudia Neves, 25, estava desolada. Fábia sempre foi uma menina alegre. Ultimamente a gente teve pouco contato porque moro em outro Estado. Ela jamais pegaria carona e acho que alguém quis fazer maldade com ela.
O agricultor Romildo Tiengo, 42, disse que não se lembra de tragédia semelhante em Piaçu. Tenho quatro filhos e espero nunca passar pelo mesmo sofrimento. A gente sempre vê essas coisas na TV, mas jamais espera isto acontecer na nossa comunidade. Se houvessem penas mais rigorosas, não aconteceriam tantas atrocidades.
Os colegas de trabalho da Escola Municipal de Pindobas, zona rural de Venda Nova, onde Fábia lecionava aulas de ciências desde fevereiro deste ano, alugaram uma Van para ir ao velório. Os alunos foram liberados ainda pela manhã. Fabinha era uma pessoa muito amiga, companheira, animada… Apesar do pouco tempo na escola, ela se envolveu com todas as atividades e alunos. Sempre podíamos contar com ela, disse a diretora Sirlene Maria Ferreira Augusto Mazzoco.
Vivemos um velório de 13 dias
O sofrimento da família Lázaro Machado não termina com a localização do corpo da professora Fábia. Os pais e irmãos agora clamam por justiça para punir quem matou a moça.
Vivemos um velório de 13 dias. Como pode uma pessoa ter coragem de tirar a vida de uma inocente como minha irmã, que não usava drogas nem bebia. Nós não temos dinheiro, dívidas, muito menos inimigos. Não há motivos para este tipo de ataque contra minha família, disse o professor Eduardo, 31, irmão mais velho de Fábia ao desabafar ao microfone no fim da celebração.
Ao lado do marido Misael Machado, 57, a auxiliar geral Marlene Lázaro Machado, 49, mãe da professora, entrou em desespero quando o caixão chegou à igreja, sendo amparada por amigos e parentes. ´Minha filha era muito querida, estudiosa e não tinha inimizades. Sinto muita saudade. A dor que estou sentindo é incomparável. Entrego Fabinha neste momento a Deus como um presente´.
Namorado não compareceu
O professor Roziel Estevão Olavo, namorado de Fábia, não compareceu ao velório da professora. Segundo comentários dos moradores, ele, que mora em Irupi, Sul do Estado, não foi temendo sofrer represálias de populares, embora nada o incrimine nas investigações.
Uma conhecida da família disse que Roziel teria ligado para os pais da professora demonstrando interesse em participar do enterro, mas foi orientado a desistir. Desde o desaparecimento da professora, ele está vivendo com os seus pais na região do Caparaó. Sabe-se também que o professor teria sido ameaçado em Lajinha (MG) durante as buscas à professora.
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