As simulações atmosféricas feitas por supercomputadores indicam há vários dias a possibilidade de formação de um forte ciclone (área de baixa pressão atmosférica) sobre o mar, na altura da costa do Espírito Santo e sul da Bahia. Esta formação vem agitando os bastidores da previsão do tempo.
Pela latitude de formação e características de temperatura do seu centro, tanto em superfície como em camadas de ar superior, poderia ser um ciclone tropical, com potencial para ser até nomeado, mas no mínimo receber um INVEST pelo monitoramento internacional de ciclone tropicais.
Março é um mês de típico de formação de tempestades tropicais e subtropicais na costa brasileira por ser o fim do verão, quando a água do mar do Atlântico Sul na costa do Brasil está mais quente. No verão de 2019, este aquecimento acima do normal foi um fator determinante para os diversos eventos de chuva extrema que tivemos no litoral de São Paulo e no centro-sul do Rio de Janeiro.
Quando o ciclone poderá se formar?
A projeção dos modelos de previsão numérica do tempo apontam que a baixa pressão atmosférica que daria origem a esta nova tempestade começará a se intensificar no sábado, 23 de março de 2019. No dias seguintes, o forte sistema de baixa pressão atmosférica já formado permaneceria atuante e em movimento na costa do Espírito Santo até a terça-feira, 26 de março.
Formando ou não uma tempestade tropical, recebendo ou não um nome, esta baixa pressão atmosférica tem potencial para provocar grandes volumes de chuva, especialmente sobre o mar, além de ventos moderados a fortes que poderiam atingir também o Espírito Santo.
A Climatempo vai acompanhar atentamente as condições atmosféricas na costa capixaba nos próximos e informar o público. Por enquanto, nesta quinta-feira, 21 de março de 2019, é preciso ficar claro que não existe nenhum ciclone, nenhuma tempestade, nenhum furacão. Até o momento é apenas uma indicação das simulações atmosféricas feitas por supercomputadores que precisam ser analisadas com muita cautela e reavaliadas todos os dias, pois podem mudar o resultado de um dia para outro.
O que intrigou os meteorologistas da Climatempo?
O que intrigou os meteorologistas da Climatempo nos últimos dias é que as análises dos diagramas de fase do dia 19/3/2019, que projetam a temperatura e o deslocamento de futuros ciclones, indicaram que este possível sistema de baixa pressão atmosférica que poderá se formar na costa do Espírito Santo teria um núcleo quente em superfície e em ar superior, e também um deslocamento para oeste, em direção ao continente, o que não é comum porque contraria o escoamento natural da atmosfera que seria de do continente para o mar.
As soluções destes diagramas no dia 20 de março apontaram para um sistema enfraquecido e com deslocamento para o mar, ou seja, contrariando a solução do dia 19 de março.
Estas mudanças nas simulações atmosféricas feitas por supercomputadores ocorre diariamente, em muitas outras regiões e em diferentes situações meteorológicas. Por isso também os meteorologistas precisam ter muita cautela ao analisarem estas simulações. É preciso ficar atento para a consistência de um dia para outro.
A análise dos diagramas de fase do dia 19 de março mostrou o forte sistema de baixa pressão atmosférica com núcleos quentes e até com as características de furacão: núcleo quente profundo, simetria, movimento para oeste vencendo o escoamento normal da atmosfera.
Nos diagramas abaixo, a letra A indica a projeção para o início de formação do sistema e a letra Z indica a posição final.
Diagrama de fase do dia 19/3/2019 – modelo GFS
Diagrama de fase do dia 19/3/2019 – modelo GFS
E também com vento sustentado acima de 64 nós (118,5 k/h), o que seria a velocidade de vento de um furacão categoria 1.
Simulação da circulação do vento em superfície na costa do ES – modelo GFS em 19/3/19
Mas, nas outras soluções, a análise dos diagramas de fase do dia 20 de março, mostrou uma grande diminuição de intensidade do sistema, de forma geral, e seu deslocamento seria para leste, como é o escoamento comum na costa brasileira.
Diagrama de fase modelo GFS de 20/3/2019
Quem dá nome aos ciclones na costa do BR?
Quem "batiza" os ciclones especiais na costa brasileira é a Marinha do Brasil . Se este sistema de março de 2019 se formar na costa capixaba, ganhar organização e força para ser uma tempestade tropical ou subtropical será nomeado.
Na lista elaborada pela Marinha, o próximo nome de batismo seria "Iba". Esta lista foi elaborada pela Marinha e os nomes são em tupi-guarani.
A lista abaixo contém a sugestão de nomes em Tupi Guarani, que poderão ser adotados como nomes para os sistemas intensos de baixa pressão atmosférica tropicais e subtropicais que venham a se desenvolver no Atlântico Sul, mais especificamente dentro da METAREA-V, que é a área marítima de responsabilidade do Brasil.
1 – Arani (tempo furioso) – usado em março de 2011
2 – Bapo (chocalho) – usado em fevereiro de 2015
3 – Cari (homem branco) – usado em março de 2015
4 – Deni (tribo indígena) – usado em novembro de 2016
5 – Eçaí (olho pequeno) – usado em dezembro de 2016
6– Guará (ave das águas) – usado em dezembro de 2017
7 – Iba (ruim) – será que poderá ser usado em março de 2019?
8 – Jaguar (lobo)
9 – Kamby (leite)
10 – Mani (deusa indígena)