* Leandro Fidelis
(leandro@radiofmz.com.br)
O potencial turístico das montanhas do Espírito Santo vem atraindo investimentos no setor. Um exemplo disso é o Centro Cultural Villaggio di Italia, a “Vila Italiana”, em Pedra Azul, no município de Domingos Martins. O Centro Cultural e o Bristol Vista Azul (hotel e apart-hotel), ainda em construção, ambos do Grupo Izoton, pretendem gerar juntos 300 empregos diretos. A inauguração oficial do Centro Cultural será no próximo dia 14, e a expectativa é que mais de mil pessoas circulem no local por semana.
Um portal inspirado no famoso Arco de Constantino, que fica ao lado do Coliseu em Roma (Itália) é um convite para o turista conhecer o complexo turístico às margens do Km 89 da BR-262, que liga Vitória a Belo Horizonte. Se por si só o portal já virou cartão postal, conhecer o Villaggio di Italia é sentir a forte ligação da Região Serrana capixaba com a Itália, país de origem de, estima-se, 90% da população das montanhas.
Da arquitetura às placas escritas em italiano, tudo foi pensado visando valorizar a imigração nesse recanto. Dos cinco empreendimentos inicialmente previstos, dois já estão funcionando: um orquidário e o bazar do Instituto Jutta Batista da Silva- IJBS, entidade que fomenta a produção de artesanato em 18 associações voluntárias locais para comercialização em prol de projetos sociais nos 11 municípios onde atua. O bazar IJBS abre todos os finais de semana das 9h às 17h.
O orquidário é uma parceria com o Empórium das Orquídeas, que mantém espaço em Venda Nova do Imigrante e Domingos Martins, famoso pela exposição e venda de espécies puras e híbridas da planta. Junto ao Centro Cultural, a proposta foi criar um espaço para a comercialização de orquídeas e também para os visitantes fotografarem. “Queremos que os visitantes conheçam as variedades dessa planta”, aponta a administradora do Empórium das Orquídeas, Mônica de Oliveira Costa.
Na loja são oferecidas espécies puras para colecionadores, híbridos raros, pequenas mudas para plantio, floridas, além de outras plantas para jardinagem como as bromélias. Os preços variam de acordo com a espécie e estado da planta e vão de R$ 10,00 a R$ 100,00, podendo chegar a valores mais altos em caso de espécies raras.
Gente da terra no comando dos negócios
A Vila Italiana abrigará ainda delicatessen, adega, confraria do vinho, cafeteria, memorial do café, galeria de artes, playground infantil e centralizará o atendimento de dois parceiros, o Montanhas Capixabas Convention & Visitors Bureau e da Associação Turística de Pedra Azul- ATPA.
O projeto será ampliado também com capela ecumênica e um cerimonial a céu aberto. De acordo com o presidente do Grupo Izoton, Lucas Izoton, já tem uma fila de pessoas interessadas em se casar no local.
Com exceção do bazar, o orquidário, a delicatessen, a cafeteria e a confraria do vinho vão oferecer 30 novos postos de trabalho. Izoton destaca que todos os empreendimentos são parcerias com pequenos empresários da região.
“Quando o Villaggio di Italia ainda era um projeto, vim ouvir dos empreendedores o que eles esperavam para a região se desenvolver, e percebemos faltavam mais alternativas de visitações e de espaços para os turistas ficarem mais dias por aqui. Eu me comprometi com a comunidade criando o Centro Cultural”, diz Lucas Izoton.
O empresário ressalta ainda a contratação de prestadores de serviços também na região durante a obra, a exemplo da Transjap, com escritório do outro lado do Villaggio, e Aroeira Pré-Moldados e Avemar, de Venda Nova.
E os empreendimentos também buscam valorizar os produtos da agroindústria e agroturismo locais. É o caso da "Travoletta", sociedade dos primos Ricardo Feitosa e Raoni Perim. A delicatesen contará com vinhos, queijos, antipastos e outros tira-gostos produzidos na região. Quem adianta pra gente é Ricardo Feitosa.
“Nosso propósito desde o início era ter um link com a região. O intuito é fazer com que nossos pratos e tudo mais oferecido pelo estabelecimento tenha essa ligação com as propriedades do agroturismo. Não só experimentar o produto, como também viajar dentro dessas fazendas e conhecer as suas histórias.”
Outro empreendimento já conhecido na cidade de Venda Nova e que traz novo conceito para o Villaggio é o Café do Rafa. A sócia Carolina Carvalho anuncia uma cafeteria mais completa, com atrativos envolvendo toda a cadeia produtiva do café. “O visitante vai encontrar desde a planta até o café preparado na xícara. Nós queremos agregar ao Villaggio, implementando um laboratório onde qualquer cliente terá acesso ao café torrado na hora e aprender mais sobre esse mundo de sabores.”
Apesar da oferta de empregos, encontrar o perfil profissional ideal para o empreendimento ainda é difícil na região, na avaliação de Lucas Izoton. No processo de seleção, as entrevistas quase diárias para preencher as vagas de garçom, cozinheiro e jardineiro, por exemplo, revelam, muitas vezes, a falta de preparação dos candidatos.
Para Izoton, as oportunidades estão em todas as áreas do complexo turístico. “O povo daqui tem bom nível cultural, e o que a gente precisa é qualificação. Temos cinco vagas para jardineiros, porém não conseguimos preenchê-las. Futuramente teremos a adega funcionando e vamos precisar de pessoas que entendam da bebida. E onde vamos encontrá-las? Aqui”, completa Izoton.
Com um histórico de sucesso no mundo empreendedor, Lucas Izoton não pensa somente na fase atual do Villaggio di Italia, do Bristol e também do residencial, cujos projetos estão à venda no local. Ele vislumbra os próximos nove anos- o seu planejamento contempla ações até 2022- considerando os investimentos públicos na infraestrutura e logística do turismo nas montanhas, a exemplo da duplicação da BR-262. “Já estou pensando nas melhorias da rodovia já duplicada”.
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** Em breve você acompanha a segunda reportagem da série "Vamos falar de empreendedorismo"!
