Costureira faz sucesso com peças de época em Venda Nova

*Leandro Fidelis

Aos 64 anos, a costureira Deolinda Peterle, de Venda Nova do Imigrante, tem uma vida ligada a tesouras, linhas e agulhas. Em quatro décadas, ela calcula ter costurado 48 mil vestidos de festa, entre eles centenas de modelos para noivas.

Deolinda já chegou a costurar um vestido de noiva em três dias – Foto: Leandro Fidelis

Deolinda é conhecida pela casa de noivas que mantém desde 1981, no centro da cidade e, mais recentemente, pelo Sítio BellaToza (“moça bonita”, no dialeto vêneto), no distrito de Alto Caxixe. Nesse local, os visitantes podem se vestir com trajes de época para fotografar.

Ela conta que descobriu sua paixão pela costura aos oito anos, quando criou a primeira roupinha para uma boneca feita com sabugo de milho. Anos mais tarde, fez um curso de aprimoramento em Colatina e não parou mais.

A costureira chegou a confeccionar, por ano, 1.200 roupas, entre vestidos, peças masculinas e trajes para pajens e damas. Um vestido de noiva, por exemplo, ficava pronto em três dias. “Eu era um bicho atentado, costurava oito roupas de festa por dia”, diz Deolinda.

A costureira aprendeu o ofício na década de 70 e não parou mais de criar roupas – Foto: Leandro Fidelis

Foi no início da década de 70 que ela aprendeu o ofício que a tornou conhecida também na capital capixaba. De 1972 a 1974, Deolinda trabalhou numa famosa alfaiataria, já extinta, perto do Parque Moscoso, no centro.

Ali, junto com os seus patrões, atendeu à alta diretoria da Petrobrás, lideranças do governo e Clementina Velloso, mulher de Arthur Carlos Gerhardt Santos, governador na época.

“Nunca tinha costurado ternos e smokings antes disso. Aprendi com o casal de proprietários da alfaiataria, que se mudou para São Paulo e acabei perdendo o contato depois”, conta.

O recorde da costureira na capital foi produzir 20 calças masculinas em um dia. “Fiquei conhecida como a ‘Cobra das Máquinas’, me divertia.”

De volta à terra natal, Deolinda queria contribuir para a realização do sonho de muitas mulheres e abriu a casa de noivas, garantindo freguesia em toda a região.

Com o dinheiro proveniente das costuras, ela comprou máquinas industriais modernas, construiu casa, sustentou a família e viajou para vários estados do Brasil e países da América do Sul.

“Costura dá dinheiro, porém não faz ninguém ficar rico. Não tenho mais o ritmo de antes, mas não consigo ficar parada um segundo”, diz.

Costureira fez filha Miss ES em 99

Quando os concursos de miss ainda buscavam recuperar a popularidade do passado, Deolinda Peterle ajudou a filha Kátia Peterle Camargos a ser a mais bela do Espírito Santo em 1999.

A costureira criou o vestido da filha, Kátia, para um concurso de Miss em 1999 – Foto: Leandro Fidelis

Na época, o vestido principal da estudante e o traje típico foram feitos pela costureira. Intitulado “Sereia do Mar e das Montanhas”, esse último venceu um concurso nacional em Brasília.

Kátia começou a participar de concursos de beleza aos 15 anos. Ao todo, conquistou 15 títulos estaduais, nacionais e internacionais, sempre tendo como destaque os trajes confeccionados pela mãe.

“O fato de a minha mãe ser costureira facilitou muito. Não tínhamos acesso à Internet como hoje para realizar uma pesquisa de trajes de miss. A gente conversava muito sobre possíveis modelos que poderiam me valorizar na passarela e ela fazia”, conta a administradora Kátia Peterle, atualmente com 33 anos.

Outra contribuição da costureira na conquista de um título de beleza foi com Thaís Peterle Guisso, também de Venda Nova, eleita Miss Universo Pré-Teen em 2005, no Caribe. O vestido produzido por Deolinda foi o melhor traje de gala na ocasião.

Em sítio, novelas inspiram trajes de época

Vestida de italiana. É assim que Deolinda Peterle recebe os turistas no Sítio Bella Toza, seu novo empreendimento, na zona rural de Venda Nova do Imigrante, a 15 quilômetros do centro da cidade.

O marido, Eustáquio, ajuda Deolinda na hora de posar para fotos – Foto: Leandro Fidelis

Inaugurado há um ano e meio, o local já recebeu mais de 3.000 visitantes, que se divertem fotografando com os figurinos inspirados em novelas de época e na cultura dos imigrantes.

A sensação é de voltar ao passado com os mais de 50 trajes de festa e de campo de italianos, alemães e portugueses, povos que chegaram à região no final do século 19. Todas as peças foram confeccionadas pela costureira.

Os destaques ficam por conta das roupas de festas dos séculos 18 e 19 na Itália, que já desfilaram no concurso da Rainha da Festa da Polenta. As produções contam com tecidos finos e muita pedraria.

Para tocar o sítio, Deolinda tem o apoio do marido, Eustáquio Camargos, de 59 anos. Segundo Deolinda, muitas vezes sobra para ele e o filho do casal, o professor Renato (28), a função de manequim para os trajes masculinos.

É o caso da roupa inspirada em Dom Pedro II, imperador do Brasil, usada por Eustáquio na foto. 

Confira mais Notícias

Detran- ES alerta para golpe de falsas mensagens de notificação de penalidade

Ifes de Venda Nova lança a revista VNI Em Pauta

Exponoivas e Debutantes nas Montanhas 2024 divulga programação oficial

RuralturES oferece a verdadeira essência do turismo de experiência na Fazenda Pindobas

Passeio ciclístico de Venda Nova será realizado neste domingo, dia 28

Definido calendário do IPVA 2024 para o Espírito Santo

Governo do Espírito Santo anuncia pagamento de abono salarial em dezembro

Procon-ES alerta quanto às armadilhas do verão