* Leandro Fidelis
A costureira Zélia Caliman, de 81 anos, foi uma das primeiras mulheres a adquirirem a Carteira Nacional de Habilitação- CNH quando uma banca examinadora começou a aplicar provas de trânsito em Venda Nova do Imigrante, no início da década de 80.
Em 1985, ela juntou dinheiro proveniente da agricultura e das costuras para comprar o Fusca 74, cor verde exército, que ela mantém até hoje. Só aprendeu a dirigir após comprar o veículo, de um médico de Afonso Cláudio.
Zélia conta que sempre aparece alguém interessado em comprar o Fusca, mas isso está fora de cogitação para a costureira. "Muita gente querendo comprar o carro, mas não aceito. Sabem que ele é bom e bonito". De acordo com ela, o carro era de uma série de luxo na época.
A costureira continua indo às missas todos os domingos com o Fusca. Mas por conta de complicações com o diabetes, não está sempre ao volante, conta com a ajuda dos sobrinhos. Às vezes, vai até a saída da localidade de Lavrinhas, zona rural de Venda Nova, onde mora, estaciona o carro em um bar e segue o trajeto até o centro da cidade a pé por segurança. "Quando preciso buscar esterco, chamo alguém para dirigir para mim. Mesmo que compre um carro mais novo, ainda fico com o Fusca", disse.
Outro que não vende seu Fusca por valor nenhum é o empresário Arnaldo Silmar Lorenção, o “Alemão”, 40. Ele se orgulha quando diz que o início de sua empresa de distribuição de laticínios foi a bordo do seu Fusca ano 1975.