No início, os olhos ficaram vermelhos. Em pouco tempo, começaram a arder e ficaram muito sensíveis à luz do sol. Receoso com os sintomas, e com uma “carne” que crescia na frente dos olhos, o marceneiro Fernando Henrique de Abreu (23), procurou um médico na rede básica de saúde, que deu o diagnóstico: pterígio. Com indicação para cirurgia, ele recebeu o encaminhamento para realização do procedimento.
Doença pode comprometer a visão e prejudicar diagnóstico de outros problemas na visão/Foto – Reprodução |
Conforme explica o oftalmologista Marcos Rogério Arantes Andião, do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, o pterígio é um crescimento anormal da conjuntiva – uma membrana que protege o globo ocular – sobre a córnea – parte transparente na frente do olho e fundamental na formação da visão. Portanto, continua o médico, o problema pode ir além dos incômodos citados, comprometendo de fato a visão.
O pterígio apresenta graus: nos mais baixos não causa problemas significativos à capacidade de enxergar, mas, nos mais altos, pode comprometer a visão. Ele pode aparecer em pessoas de qualquer faixa etária, mas os adultos jovens e os idosos são os mais afetados. “Na infância, é quase impossível surgir esse tipo de problema”, complementa o oftalmologista.
O especialista diz que essa condição pode ocorrer por razões genéticas e também por exposição a sol, vento, poeira e outros fatores irritantes. Ele ressalta que o uso de óculos escuros com proteção 100% contra raios ultravioleta e a aplicação de colírios lubrificantes podem evitar ou retardar o crescimento do pterígio. “Mas, isso não garante total eficácia”, observa, informando que essas medidas também são indicadas para alívio dos sintomas.
Riscos
Segundo Andião, a cirurgia é simples e de baixo risco. Com duração de aproximadamente 30 minutos, é feita no centro cirúrgico, mas com anestesia local e o paciente não precisa ficar internado. Ele recebe alta pouco tempo depois de finalizado o procedimento.
O maior risco, informa o médico, é a chance de o problema aparecer novamente, principalmente quando o paciente se submete à cirurgia ainda jovem. “A avaliação deve ser feita caso a caso, balanceando os riscos e os benefícios da operação. Se possível, é indicado adiar”, argumenta.
No caso de Fernando, citado no início da matéria, os sintomas estavam incomodando muito e ele afirma que se sente aliviado por ter feito a cirurgia. “Estou muito satisfeito. Meus olhos pararam de arranhar e a vermelhidão já está sumindo”, diz.
De acordo com o oftalmologista, o pós-operatório é dolorido nos primeiros dois dias e o paciente deve evitar poeira e exposição ao sol, além, é claro, de usar os medicamentos corretamente. Para quem trabalha, de sete a dez dias são suficientes para garantir a recuperação e o retorno às atividades.