* Valdinei Guimarães
(valdinei@radiofmz.com.br)
A solidariedade também é uma forma de ajudar a combater o câncer. Voluntários doam cabelo para confecção de perucas, que são utilizadas por pacientes em tratamento. As doações vão para a Casa de Apoio aos Portadores de Câncer do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim. A atitude ajuda a levantar a auto-estima das pacientes e torna a luta contra a doença menos dolorosa.
A estudante Valéria Pasinato, 27, não pensou duas vezes na hora de ajudar. Ela era dona de uma longa cabeleira ruiva. Há dois anos, assistiu na TV uma reportagem sobre pessoas que doavam os fios para confecção de perucas. As histórias motivaram a jovem a deixar as madeixas crescerem para doar. Ela pretendia cortá-las só depois da formatura na faculdade, mas antecipou a boa ação. “Eu fiquei sensibilizada com as histórias e quis ajudar também. Já quiseram comprar meu cabelo, mas eu não quis vender. Cortei para doar agora e vou fazer isso de novo daqui a dois anos”, revela ela.
O cabelo de Valéria vai para a Casa de Apoio em Cachoeiro. Lá, ele se juntará a outras doações que, mais tarde, vão se transformar nas perucas, que são emprestadas às pacientes. A assistente social do Hospital Evangélico, Flávia Alemães, conta que essas doações reduzem muito o custo das perucas, que chegam a valer dois mil e quinhentos reais. As peças significam bem mais que estética para as mulheres em tratamento. “Já foi comprovado cientificamente que pacientes com auto-estima elevada têm melhores resultados. Tem paciente que perde a mama e, com o tratamento, perde também o cabelo. A peruca ajuda a se sentir mulher”, explica Flávia.
A professora Marselene Ferreira, 47, conhece a importância da auto-estima na luta contra o câncer, que apareceu na mama esquerda em 2005. Ela conta que a perda dos cabelos é muito difícil para a mulher. “No primeiro momento, senti um desespero. O cabelo faz parte da beleza da mulher. Senti vontade de sumir, não queria que ninguém me visse”, revela a professora. Ela não quis usar peruca, preferiu lenços e chapéus. Marselene conta que a ajuda da família também é fundamental durante o tratamento. “Minhas filhas, na época com seis e dez anos, me apoiavam muito. Uma vez, elas foram à igreja usando boinas, para combinar com o chapeuzinho de crochê que eu vestia”, conta ela.
Quem quiser doar o cabelo, deve cortá-lo, secá-lo e levá-lo amarrado ao Hospital Evangélico. O comprimento mínimo recomendado é de 11 centímetros, mas fios mais curtos também podem servir. Para quem tem medo de cortar os cachos, Valéria tem um recado. “A gente tem que lembrar que cabelo cresce de novo. Daqui uns meses, estará grande outra vez!”, lembra ela. Também podem ser doados outros itens básicos, como alimentos e materiais de limpeza. O telefone do setor de assistência social do Hospital é (28) 3526-6121.