A tradicional encenação da vida, paixão e morte de Jesus Cristo na noite da última sexta-feira (18), em Castelo, já começou enchendo o "Castelão" de emoção. A entrega das sandálias utilizadas por Mazinho Fioreze, que atuou por 35 anos como Jesus Cristo, a Denilson Côco, que pelo segundo ano atua no papel principal, foi uma homenagem à dedicação de Mazinho, que morreu no último dia 09 de março.
A entrega do calçado foi feita pela mulher e filhas de Mazinho para o novo ator, enquanto os demais atores exibiam uma faixa assinada pela Comunidade de São Manoel com a seguinte mensagem: "'A vida não é tirada, mas transformada (Ev. João)', Dedicação, trabalho, carinho é o que permanece da sua presença entre nós. Obrigado Mazinho Fioreze!".
O gesto foi aplaudido pelas três mil pessoas que compareceram ao grande teatro, que a partir daí acompanharam silenciosamente os 150 atores da comunidade de São Manoel em cena durante cerca de duas horas. "A última vez que assisti foi em São Manoel, está muito bonito, caprichado, diversificado, estão de parabéns", disse Raquel Campanharo de Lima, assistente de Educação, que mora em Castelo.
"Este é o segundo ano que participo em Castelo. Nesta Via Sacra já fiz diversos personagens, mas a sensação de fazer o personagem de Jesus Cristo é toda especial, muito diferente, muito emocionante, estou gostando muito. Estamos mantendo o mesmo esquema, mas inovamos algo, nosso intuito maior é passar a mensagem de Jesus ressuscitado", disse Denilson Côco, que interpretou Jesus.
Este ano, os efeitos especiais fizeram parte de todo o espetáculo. No momento da morte de Jesus, uma bomba, causando um barulho muito alto, prendeu ainda mais a atenção de quem assistia. Além disso, sangue cenográfico, cascata de luz e fumaça no momento da ressurreição tornaram a encenação ainda mais bonita.
O espetáculo conta com o apoio da Paróquia Nossa Senhora da Penha, da Câmara Municipal e da Prefeitura de Castelo, através da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, e atraiu pessoas de diversas partes do Estado, e de fora também. É o caso de Lidiane de Carvalho Barbosa, do Rio de Janeiro: "Esta é a primeira vez que acompanho a Via Sacra em Castelo e gostei muito. No Rio de Janeiro não tem, fiquei impressionada com tudo, já que é uma novidade para mim", disse a professora de Educação Física.
A carioca não foi a única a assistir a encenação pela primeira vez. "Sou de Vila Velha e achei muito bonito, a encenação é muito boa, foi emocionante, estou encantado", comentou o professor Tomaz Louzada Lima Rezende.
O evento, realizado pela Comunidade de São Manoel, acontece há 37 anos, sendo que nos últimos 14 anos a encenação é a mesma, mudando apenas o ponto alto da ressurreição. A Via Sacra é beneficente, e este ano foram arrecadados na entrada 1.500 quilos de alimentos não-perecíveis, que serão doados para o Asilo Vila Feliz, Santa Casa Castelense e para a Casa das Irmãs.
Os ensaios aconteceram uma vez na semana, desde o início da Quaresma, e na última semana os atores ensaiaram por duas vezes no local da apresentação. A encenação do próximo ano já tem data marcada. No dia 03 de abril, Sexta-feira Santa, quando os atores da Comunidade de São Manoel vão entrar em cena mais uma vez.
