Dez dias depois de detectado o último caso de meningite em Venda Nova, na última segunda-feira, dia 3, a secretária Municipal de Saúde, Leiliane Scheideger Athayde, e a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Venda Nova Marise Vilela, declararam considerar encerrado o risco de um surto de meningite na região. Segundo elas, o bloqueio alcançou o objetivo e a ausência de novos casos é a garantia do sucesso da ação da Saúde.
Ambos os casos de meningite são do entorno de Venda Nova. A menina Lara Fabian Bellon, quatro anos, morreu vítima na madrugada de quarta-feira de semana passada, dia 29 de outubro. Ela passou pelo Hospital Padre Máximo, de Venda Nova e depois foi transferida para o Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, onde faleceu.
Lara morava com a família na localidade de Braço do Sul, região de Castelo, que faz divisa com Venda Nova. O local fica a seis quilômetros do distrito de Forno Grande, também em Castelo, de onde era Jusan Garcia dos Santos, de 16 anos, outra vítima da meningite, que morreu uma semana antes, dia 22.
Todas as pessoas que tiveram contato com as vítimas passaram por quimioprofilaxia. De acordo com Marise Vilela, Jusan teve meningite meningocócica tipo c e os exames no sangue da menina detectaram o menigococcemia sem especificação.
Correria para vacinação
Os dois casos seguidos da doença causaram correria na cidade. Mesmo diante da informação de que a vacina só faria efeito de 15 a 20 dias após, centenas de mães se apressaram num quase desespero para imunizar os filhos.
Diante da clínica do pediatra José Carlos Uliana, na Vila Betânea, filas imensas se formaram desde quarta-feira da semana passada, dia 29 de outubro. Houve dia em que cerca de 400 senhas foram distribuídas. As pessoas se protegiam sob o toldo da padaria, diante do prédio, ou sob a sombra das árvores, no canteiro do outro lado da avenida.
Na tarde de quinta-feira, dia 30, uma mulher que não quis se identificar estava com o número 335. Ela disse que chegou com o filho de quatro anos e o marido por volta das 16 horas e calculava que seria atendida por volta das 22 horas. Vou vacinar meu filho, pois ele freqüentava o mesmo ambiente que a menina.
Já Vânia Debortoli, 23 anos, não tinha conseguido senha, mas garantiu que retornaria no dia seguinte. Seu filho, que completaria um ano dentro de dez dias precisaria de uma segunda dose para ficar imune. Ela falou que preferia fazer a vacinação mesmo assim, pois não queria arriscar esperar nem os dez dias e que talvez ela também tomaria a dose, que custa R$ 120,00. Na clínica do pediatra, o preço é mantido há dois anos. Mas há variações de R$ 130,00 a R$ 200,00 no mercado.
Quem também preferiu não se arriscar foi Mônica Gimenez, 24 anos, mãe de uma menina de cinco e outra de dois. Ela chegou às 15h30 e pegou senha para vacinar as duas. Prefiro prevenir, disse, repetindo o motivo provável de todas as mães que estavam na fila.
O atendimento começava por volta das 16h e teve dia que ia até às 22 horas. Entramos em acordo com o médico e a partir do dia 31, somente 50 doses diárias passaram a ser ministradas. A clínica não tem capacidade para mais e não havia necessidade para tanta correria, disse Marise. As vacinas continuam, basta agendar pelo telefone (28) 3546-1745. O médico também confirmou que não há necessidade de alarmar e a vacinação pode ser feita com calma.
Marise afirmou ser interessante tomar a vacina, que vale para o resto da vida. No entanto, ela não tem efeito imediato e por isto não é preciso correria. De acordo com ela, antes de um ano, a criança tem a imunidade natural que recebe através do leite materno. As pessoas corriam mais risco ficando expostas na fila do que dentro dos ambientes que costumam freqüentar. Num aglomerado como aquele, é possível contrair varicela, por exemplo, e até meningite, se for o caso.
* Fonte: Jornal Folha da Terra