* Leandro Fidelis
(leandro@radiofmz.com.br)
Para valorizar ainda mais um dos ícones da cultura de Venda Nova, desde 2001 a comunidade de Alto Bananeiras, na zona rural do município, promove a Festa do Socol. Sempre no mês de maio, o evento atrai, ao pátio da capela de Nossa Senhora Aparecida, centenas de visitantes que vão degustar o produto e participar das festividades.
A última edição, a décima, ocorreu nos dias 1º e 2 deste mês. Mais uma vez a programação contou com música, aposta do tamanho da linguiça gigante e, claro, porções de socol servidas no bar.
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O curioso é que todas as peças de socol são feitas na casa de um único produtor, Elvécio Falqueto, entusiasta da festa ao lado de Angelim Falqueto. Mais curioso ainda é que a tradição na família de Elvécio tem a mesma origem dos Lorenção. Afinal, sua mãe, Lúcia Caliman, de 87 anos, é irmã de Cacilda Lorenção, e ambas aprenderam com a mãe, Marieta Carnielli, a receita da iguaria.
O produtor conta com a ajuda de dois irmãos na preparação anual de cerca de 300 embutidos para o evento. Na casa da minha mãe, o pessoal gostava de comer socol como tira-gostos. Ela sempre doava umas peças para os leilões da comunidade. A festa consolidou o que já acontecia dentro de nossa casa, diz Elvécio.
Para Angelim, a festa é a oportunidade de a comunidade trabalhar unida e com alegria. A renda da festa é revertida em melhorias para Alto Bananeiras. Durante o evento, os moradores sentem alegria em poder ajudar a comunidade.
Ele, que produz socol apenas para consumo da família, já esteve na Itália para divulgar o produto e disse ver com bons olhos o projeto de indicação geográfica em vigor. Isso é bom para todo mundo porque ninguém vai tirar de Venda Nova a tradição de se fazer socol.
O socol
Quando os italianos chegaram à região trouxeram o costume de fazer o socol, que era uma forma de conservação da carne suína. Era feito com a carne do pescoço do porco (mais gorda) e consumido junto com polenta ou apenas fatiado acompanhado de vinho ou cachaça. Hoje ele é produzido com o lombo do porco devido à preferência do consumidor e das próprias famílias em ingerir menos gordura.
Produto de origem animal pelo dialeto chamado de ossocolo, é um embutido de lombo suíno envolto em peritônio (pele que envolve a barriga do porco), amarrado ou colocado dentro de rede elástica, curtido durante aproximadamente quatro a seis meses em ambiente fresco e ventilado, protegido do sol.
O tempero utilizado varia de acordo com a região de origem da família na Itália e mantém-se desde os nonnos. São utilizados além da pimenta do reino, alho e sal também o cravo e canela. É consumido cru fatiado bem fino, utilizado principalmente como tira gosto. Muito apreciado junto com a polenta.
Além do consumo familiar, o socol é comercializado como produto típico dos descendentes de italianos nas propriedades inseridas no agroturismo. A valorização do produto acontece também durante as festas regionais como a Festa da Polenta e na Festa do socol, que acontece na comunidade de Alto Bananeiras todo mês de maio. Também é muito apreciado em diversas composições de pratos nos restaurantes da região.
Os integrantes da Comunidade do Socol são agricultores familiares de Venda Nova do Imigrante que mantém a tradição familiar da fabricação do socol. A agricultura e pecuária são atividades principais e a agregação de valor ao produto é a mola mestra que move a economia das famílias, pois transformam os produtos primários e os comercializam principalmente nas propriedades diretamente ao consumidor. No início da década de 90 com a implantação do agroturismo na região, o socol passou a ser um dos carros chefes sendo muito valorizado pelos turistas e população em geral. A maior parte dos agricultores que fabricam o socol já possui pequenas agroindústrias familiares e processam os produtos dentro das normas de boas práticas de fabricação (*Fonte: Incaper).