A presença materna na vida do campeão do Cafuso 2003, Francisco Braga, 33, é marcante. Desde a morte do pai, quando tinha 12 anos, a união do cafeicultor com a mãe Lina Laus Braga, 71, se fortaleceu em nome da agricultura e hoje, mais do que nunca, por conta da produção de cafés de qualidade.
Eles vivem no Córrego da Liberdade, a poucos quilômetros de Vila Pontões, interior de Afonso Cláudio. Mãe e filho levantam cedo e muitas vezes o beneficiamento de café termina quase à meia-noite. Dona Lina tem sete filhos, mas só ela e Francisco administram a propriedade.
Minha mãe é um pé de boi. Me ajudou e me ajuda a qualquer hora, diz o cafeicultor, que levou R$ 20 mil em sua segunda participação no concurso, vencendo 360 concorrentes.
Os Braga ouviram falar de qualidade com Zélio Zambon e o saudoso Guarino Bissoli, que sempre ganhou prêmios em concursos e faleceu em 2005 Francisco conta que no início não tinha dinheiro nem para comprar a peneira do despolpador. Um vizinho vendeu o equipamento há quatro anos e o cafeicultor aumentou a produção para continuar investindo.
Logo passou a terceirizar os serviços para abater os custos do investimento. Sua vitória no Cafuso 2003 encheu os olhos de outros produtores e hoje pelo menos 12 despolpam na propriedade dos Braga e participam de concursos. Com o prêmio, acabou de fazer a casa onde mora com a mulher e um casal de filhos, comprou um carro, 1.000 alqueires de terra e diz que tenta melhorar ano a ano para voltar a vencer.
A qualidade mudou tudo na minha vida. Até virar mais homem eu virei, brinca Francisco, com um bom humor que o torna ainda mais conhecido.
Força
Dona Lina Laus merece um capítulo à parte. Mesmo doente, essa descendente de holandeses foi quem praticamente preparou todas as amostras vitoriosas no Cafuso. Não é boa de guardar números, como a própria idade e o telefone, mas sabe como ninguém os segredos de um bom grão. É só não ignorar os cafés das bordas na hora de espalhar. Ameacei até demitir um ajudante que não fazia isso direito.
Acostumada a trabalhar na agricultura desde os dez anos, ela é quem cuida do terreiro e ajuda na despolpa. Passou até o comando da cozinha para a nora Rosilene. Não consigo parar. Todos nós ficamos muito felizes com o prêmio. Deus foi muito bom para nós. Ao conhecer a história de sucesso destes vencedores, fica fácil saber de onde vem tanta sensibilidade.
* Por Leandro Fidelis
*Publicada em 02/12/2006