Com um total de 10,23 milhões de sacas beneficiadas de café, o Espírito Santo obteve em 2008 uma safra histórica, com aumento de 6,7% da produção em relação ao ano passado. É o que aponta o levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), concretizado este mês. O motivo da safra recorde é o aumento da produtividade média do café arábica, que saltou de 11 para 14 sacas por hectare, na comparação entre o balanço 2007 e 2008.
De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura e pesquisador do Incaper, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura- Seag, Romário Gava Ferrão, este aumento da produtividade é reflexo do Programa de Renovação das Lavouras de Café do Estado, sob novas bases tecnológicas.
O Incaper tem prestado constante assistência técnica aos produtores sobre a utilização de técnicas mais modernas de produção, como o cultivo de novas variedades mais produtivas, o plantio de um maior número de plantas por hectare e o manejo adequado da poda, afirma Romário.
De acordo com o presidente do Incaper, Gilmar Dadalto, os bons resultados obtidos pelo Espírito Santo na produção de café são fruto de um trabalho que vem sendo desenvolvido há mais de 15 anos pelo instituto e entidades parceiras.
É com orgulho que observo os resultados satisfatórios de nosso esforço. Desde 1993, o Estado já triplicou sua produção de café. Mas não pretendemos parar por aí. Vamos continuar buscando cada vez mais o desenvolvimento da cafeicultura no Espírito Santo. O desafio é produzir maior quantidade, com qualidade e sem aumentar a área plantada, afirma.
Para o futuro, de acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Novo Pedeag), a meta é duplicar a produtividade e a produção de café no Estado e triplicar o número de cafés de qualidade superior, nos próximos 15 anos.
Destaque
Apesar de ocupar apenas 0,5% do território brasileiro, o Espírito Santo apresentou, na safra 2008, a segunda colocação no ranking nacional de produção cafeeira, atrás apenas de Minas Gerais, que contabilizou 23,5 milhões de sacas.
Em relação ao café Conilon, 70% da produção brasileira provém do Espírito Santo, com 7,3 milhões de sacas beneficiadas. A produção de arábica também obteve destaque. Com um total de 2,8 milhões de sacas, o Estado ocupa o segundo lugar. A produção total do País foi estimada em 45,9 milhões de sacas de 60 quilos, superior à safra passada em 27,5%.
Seca
De acordo com o pesquisador do Incaper, Romário Ferrão, devido ao programa de renovação de lavouras no Estado, a produção capixaba poderia ser muito maior, mas as lavouras de café Conilon foram gravemente prejudicadas pelas secas de maio a dezembro de 2007, sobretudo no Norte do Estado, onde estão concentrados 80% da produção desta variedade. Sem a seca, o estimado era uma produção de nove milhões de sacas de café Conilon, e não apenas 7,3, como foi obtido.
Dessa forma, numa comparação entre as safras de 2007 e 2008, o café Conilon sofreu decréscimo de 9,5%. Já em relação ao café arábica, houve incremento de 32,31% da produção.
Cafeicultura no Espírito Santo
A cafeicultura é a principal atividade agrícola do Espírito Santo. Ela emprega 33% da população ativa do Estado e está presente em todos os municípios, exceto Vitória. Ocupa 500 mil hectares de área em 60 mil propriedades (das 90 mil existentes), e representa, sozinha, 40% do PIB agrícola do Estado, movimentando cerca de R$ 1,6 bilhão.
A atividade envolve cerca de 130 mil famílias, gerando aproximadamente 400 mil postos de trabalho diretos e indiretos. É conduzida prioritariamente por produtores de base familiar, com tamanho médio das lavouras em torno de 9,4 hectares.
Destaca-se na cultura do café Conilon o município de Jaguaré, que representa 8% da produção estadual e é o maior município do mundo desta espécie.
Avanço em 15 anos
O Espírito Santo, por meio do trabalho de pesquisa desenvolvido pelo Incaper, é referência mundial em tecnologia e produção de café Conilon. As novas técnicas de manejo da cultura desenvolvidas pelo Instituto, assim como variedades melhoradas, aliadas à assistência técnica aos produtores, fizeram com que, em 15 anos – de 1993 até 2008 a cultura apresentasse crescimentos expressivos.
A produtividade média do Estado cresceu 188%, passando de 9,2 para 26,57 sacas beneficiadas por hectare. A produção teve incremento de 215%, passando de 2,4 para 7,3 milhões de sacas beneficiadas/ano, com um aumento de apenas 11% da área plantada. Dessa forma, o Estado consolidou sua posição de maior produtor de café Conilon do Brasil, com 70% da produção nacional.
Romário Ferrão acrescenta que produtores que utilizam adequadamente as tecnologias e fazem boa gestão da propriedade e da lavoura atingem produtividades superiores a 100 sacas por hectare.
Em dezembro de 2007, o Incaper lançou o livro Café Conilon, a mais completa publicação existente, que retrata as tecnologias mais avançadas de cultivo da espécie do Brasil e do mundo.
Além disso, o Espírito Santo apresenta duas marcas: Conilon Capixaba, robusto de qualidade, para o Conilon, e o Café das Montanhas do Espírito Santo, para o café arábica. Os selos têm como objetivo o reconhecimento dos cafés de qualidade superior produzidos no Estado.
* Fonte: Assessoria Incaper