O Espírito Santo ocupa menos de 0,5% do território brasileiro, mas teve a maior produtividade média de café do Brasil, batendo recorde de produção no Estado. Segundo dados da terceira estimativa da safra 2011/2012, realizada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a cafeicultura capixaba atingiu a maior produtividade, passando na frente de todos os Estados brasileiros.
“Nunca havíamos registrado uma safra deste porte no Estado. Até esta terceira estimativa de safra, foram colhidos no Espírito Santo 11.573 milhões de sacas de café, sendo 3.079 milhões de arábica e 8.494 milhões conilon. Nossa produtividade media foi de 25,5 sacas por hectare, superior a média nacional, que foi de 22 sacas por hectare. Este ano entra na história capixaba, com o alcance das maiores produtividades já registrada para as duas espécies”, destaca o coordenador do programa de cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão.
Com relação aos últimos seis anos de produção, o Estado teve um crescimento 43,5% de crescimento entre 2005 e 2011. Dessa porcentagem, 50% foi devido ao aumento na produção de café arábica e 41% do conilon. Para o coordenador, este aumento na produção se deve a várias ações feitas pelo Governo do Espírito Santo e parceiros nos últimos anos, como a pesquisa aplicada nas diferentes áreas do conhecimento desenvolvidas pelo Incaper, programas de melhoria de qualidade e renovação de lavoura. “No programa de pesquisa do Incaper, vêm sendo desenvolvidas tecnologias voltadas para a cafeicultura no Espírito Santo. São 25 anos de pesquisa, com 38 projetos e 153 ações de pesquisa voltadas para a melhoria da produtividade e da qualidade do café capixaba. afirma Romário.
A primeira estimativa da safra 2011/2012 ocorreu entre os meses de novembro e dezembro de 2010, época em que as lavouras estão enfolhadas com cargas elevadas de frutos em formação, e a segundo estimativa aconteceu em abril de 2011, período em que as lavouras mostravam alto potencial de produção com bom enchimento dos grãos.
Além do Espírito Santo, destacam-se na produção do café os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia, Rondônia e Mato Grosso.
Panorama
O Espírito Santo possui uma área aproximada de 500 mil hectares de lavoura de café, que foi responsável pela produção de mais de 11.500 milhões de sacas, oriundas de 60 mil propriedades localizadas no Estado. Essa produção coloca o Espírito Santo como o segundo maior produtor do Brasil, com 25% da produção nacional. Quando tratado apenas do Conilon, o Estado ocupa o primeiro lugar, com 72 % da produção do Brasil. Se fosse um país, o Estado seria o terceiro maior produtor mundial, perderia pelo próprio Brasil e Vietnã.
O café está presente em todos os municípios capixabas, exceto Vitória, sendo ele o maior gerador de empregos no Estado. A cafeicultura é a principal atividade econômica em 80% dos municípios e representa, sozinho, 43% do PIB agrícola do Estado. Toda cadeia que envolve o café gera aproximadamente 400 mil postos de trabalhos por ano, e só no setor de produção é envolvido 131 mil famílias. A produção que gera esse grande negócio é obtida prioritariamente por produtores de base familiar, com tamanho médio das lavouras em torno de 4,8 hectares para o café arábica e 9,4 hectares para o café conilon.
Dentro da produção de café estadual, aproximadamente 73% é de Conilon e 27% de arábica. O café Conilon é plantado em 64 municípios, em regiões quentes, com altitudes inferiores a 500 metros. Os maiores produtores são Vila Valério, Jaguaré, Sooretama, Linhares, Rio Bananal, São Mateus, Nova Venécia, Pinheiros São Gabriel da Palha, cuja produção de cada município é superior a 400 mil sacas por ano.
Já o arábica é produzido em 43 municípios capixabas – em regiões com altitude superior a 500 metros -, envolvendo 20 mil propriedades. Cerca de 70% da produção advém das regiões do Caparaó e Serrana, sendo que os principais municípios produtores são Brejetuba, Iuna, Vargem Alta, Muniz Freire, Irupi, Ibatiba. A produtividade média no Estado é de 17,85 sacas beneficiadas/ha, mas muitos produtores alcançam produtividades superiores a 40 sacas/ha, atingindo até 80 sacas/ha. A safra estimada para 2011 é de 3,078 milhões de sacas.