A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou, em 2015, 690 casos de hepatites virais A, B e C no Espírito Santo. A maior parte das pessoas infectadas, 426, contraiu o vírus da hepatite B, que é transmitido principalmente por relações sexuais sem proteção, mas também pelo compartilhamento de objetos pessoais como barbeador, escova de dente, alicate de unha e seringas e agulhas contaminadas.
De acordo com o Programa Estadual de Hepatites Virais da Sesa, foram confirmados, também, 258 casos de hepatite C e 06 casos de hepatite A, no ano passado. Já em 2016, até 30 de junho, foram confirmados 293 casos de infecção pelos vírus da hepatite, sendo 174 casos de hepatite B, 117 de hepatite C e 02 de hepatite A.
Segundo o coordenador do Programa Estadual de Hepatites Virais, Marcello Leal, diferentemente do HIV, que sobrevive em torno de uma hora fora do corpo humano, o vírus da hepatite B pode resistir até sete dias, por isso é importante não compartilhar objetos pessoais em hipótese alguma e descartar adequadamente objetos perfurocortantes.
A hepatite B não tem cura, mas pode ser prevenida com vacinação e também pode ser tratada caso uma pessoa não imunizada seja infectada. O infectologista Marcello Leal ressalta que a vacina está disponível gratuitamente nas unidades básicas de saúde para toda a população. “Para ficar imunizado é necessário tomar as três doses da vacina”, enfatiza o especialista.
Ele também orienta quem não está imunizado a buscar uma unidade municipal de saúde para fazer o teste e iniciar o acompanhamento médico caso o resultado seja positivo. “Nem sempre há indicação de tratamento, como no caso de pacientes com carga viral muito baixa, por isso é feita uma avaliação caso a caso com base em exames. De qualquer forma, mesmo sem indicação de tratamento a pessoa deve ser acompanhada durante toda a vida. É preciso fazer uma nova avaliação pelo menos a cada seis meses, porque no curso da doença pode haver uma piora no grau de inflamação do fígado", esclarece o infectologista.
Ele complementa que o tratamento até pode ser recomendado para pacientes com baixa carga viral, mas isso ocorre em situações menos comuns, quando existem comorbidades associadas, como infecção pelo HIV e caso o paciente tenha familiares com câncer de fígado.
Outra forma de transmissão da hepatite B, segundo Marcello Leal, é de mãe para filho, na gestação ou no parto. Por isso o coordenador do Programa Estadual de Hepatites Virais diz que, quando existem casos da doença na família, sugere-se que a mãe realize o teste, pois todos podem estar infectados sem saber, já que as hepatites virais costumam não apresentar sintomas durante anos.
Hepatite C
Assim como a hepatite B, a hepatite C é transmitida por sangue e secreções contaminadas com sangue. No entanto, dificilmente o contágio ocorre por relações sexuais. O coordenador do Programa Estadual de Hepatites Virais alerta que pessoas que fizeram tatuagem, transfusão de sangue ou qualquer procedimento cirúrgico ou odontológico antes de 1993 devem fazer o teste de hepatite C. Isso porque até aquele ano não existia a testagem disponível para a doença.
De acordo com o infectologista, não existe vacina contra a hepatite C, mas o tratamento disponível na rede pública de saúde é extremamente eficaz, com chance de cura de mais de 90%. Mas para iniciar o tratamento é feita uma avaliação caso a caso, verificando o grau de comprometimento da função do fígado. Por isso é tão importante detectar a doença logo no início.
“O tratamento era feito com um medicamento chamado interferon. Era disponibilizado na forma injetável, mas a partir deste ano estão sendo ofertados outros medicamentos na forma de comprimidos e o tratamento demora menos, de três a seis meses”, detalha o coordenador do Programa Estadual de Hepatites Virais da Sesa.
Hepatite A
A hepatite A é mais comum na infância. O contágio ocorre principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados com matérias fecais que contenham o vírus. Por isso, a higiene das mãos e dos alimentos é a forma de prevenção mais eficaz para quem não é vacinado.
A vacina contra hepatite A está disponível na rede pública de saúde para crianças de 1 ano a menores de 2 anos. Portanto, os pais devem garantir que seus pequenos recebam a dose para que, no futuro, não corram o risco de contrair a doença. Conforme ressalta o infectologista Marcello Leal, não existe tratamento específico para hepatite A. O tratamento se baseia no controle dos sintomas.
Fonte: ascom/Sesa