A medição de pressão arterial, da taxa de glicose e a aplicação de injeções vão voltar a ser feitas nas farmácias de todo o país. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, ontem, as novas regras para estabelecimentos farmacêuticos, que preveem uma série de medidas.
De acordo com a resolução, apenas os funcionários dos estabelecimentos passarão a ter acesso aos medicamentos. Além disso, as vendas pela internet só poderão ser feitas por estabelecimentos que possuam lojas abertas ao público e cujo o site esteja registrado em domínio “.com.br”.
Outra medida diz respeito ao direito do cidadão à orientação. Na entrega do medicamento em casa, o paciente deverá receber um cartão contendo o nome do farmacêutico responsável, o endereço e o telefone de contato do estabelecimento, para caso de dúvidas quanto ao uso do medicamento.
Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia, Carlos Bragança, as medidas são positivas. “Elas visam a transformar as farmácias em estabelecimentos de saúde. Remédio não é bala, e deve ser vendido com precaução”, diz.
O farmacêutico Paulo Alexandre Palácio acredita que as farmácias não terão dificuldade para se adequar. “O farmacêutico têm preparo para aferir pressão arterial, medir temperatura e aplicar medicação. Isso vai facilitar a vida do paciente”, afirma.
Ele acredita que a mudança vai ajudar os clientes a não comprarem nem tomarem medicamentos sem necessidade. As farmácias terão seis meses para se adequarem às normas.
Serviço não substitui médico
Com a possibilidade de medição da pressão arterial em qualquer farmácia, a partir da publicação da nova resolução da Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa), o alerta vai para o abuso desse tipo de serviço por parte dos pacientes.
Para presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Estado, José Aid Sad, a volta da prestação desse tipo de serviço em farmácias é positiva, mas os pacientes só devem utilizá-lo em casos excepcionais, como emergências.
“Diante de uma sensação de mal estar, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde ou um pronto-atendimento. Isso porque o farmacêutico poderá apenas informar a situação da pressão, mas não realizar um diagnostico”, diz.
Sad orienta que a população recorra às medições de pressão arterial nas farmácias apenas quando não houver a possibilidade de se dirigir ao médico. “Ela é válida em casos de conferência, apenas, mas não para a compra de medicamentos ou similares”, explica.
Além da pressão arterial, os farmacêuticos também poderão medir a taxa de glicose e aplicar injeções.
Venda de comida fica proibida
A venda de alimentos como sorvetes, carnes e bebidas alcoólicas passam a ser proibidas nas farmácias e drogarias do país. De acordo com a resolução da Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa), só será permitida a venda de alimentos que possuam propriedades funcionais ou de saúde nesses estabelecimentos.
Alguns dos que continuam sendo permitidos são alimentos para dietas e controle de peso, para praticantes de atividades físicas, para lactantes e crianças, à base de cereais, complementos alimentares e adoçantes.
Outros produtos liberados para venda são as plantas medicinais, drogas vegetais, cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal, produtos médicos e para diagnóstico in vitro (autoteste) – além de mamadeiras, chupetas, alicates e pentes, por exemplo.
Para o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Jaldo de Souza Santos, o objetivo é restringir o acesso da população aos medicamentos e, ao mesmo tempo, retirar dos estabelecimentos o caráter de supermercado. “O que se quer é dar mais atenção à saúde e ao paciente. Por isso, as farmácias também passarão a oferecer serviços de saúde”, diz.
Confira as novas regras
Procedimentos. Os farmacêuticos poderão aferir a pressão arterial de pacientes, assim como a taxa de glicose no sangue, por meio de teste de glicemia capilar. Podem, também, medir a temperatura e aplicar injeções
Aparelhos. Os aparelhos de medição de pressão devem possuir registro, notificação e cadastro, e devem ser mantidos registros das manutenções e calibrações periódicas dos mesmos
Alimentos. Passa a ser proibida a venda de alimentos, como sorvetes, carnes e outros que não possuam propriedades funcionais ou de saúde
Produtos. É permitida a venda de produtos, como mamadeiras, chupetas, lixas de unha, alicates, cortadores de unhas, pentes, escovas, toucas para banho, barbeadores, essências florais, plantas medicinais e perfumes
Balcão. Os remédios deverão ser acessíveis apenas aos funcionários, atrás do balcão, e não mais ficarem expostos ao alcance dos usuários. A Anvisa, porém, poderá estabelecer uma relação dos medicamentos isentos de prescrição médica que poderão continuar sendo comercializados ao alcance das pessoas
Entrega. Apenas farmácias e drogarias abertas ao público podem realizar a entrega de medicamentos em casa. É proibida a venda de medicamentos por meio de sites, que não possuam lojas abertas. O site dos estabelecimentos devem utilizar o domínio “.com.br” para comercialização
Acompanhamento. Na entrega do remédio em casa, deverá vir um cartão com o nome do farmacêutico, o telefone e o endereço do estabelecimento, para que o paciente possa entrar em contato em caso de dúvidas
Tarja preta. Medicamentos tarja preta não podem ser vendidos por telefone. É preciso que o farmacêutico tenha acesso à receita médica
Brincos. É permitida a colocação de brincos, por meio de perfuração com aparelho específico. Após a prestação do serviço, o usuário deve receber uma declaração de serviço farmacêutico, atestando o local onde ele foi prestado
Piercing. Não é permitida a venda de piercings e brincos comuns – não utilizados na perfuração da orelha – assim como a colocação desses materiais
* Fonte: Gazeta Online