O dia 20 de janeiro é uma data muito simbólica em Domingos Martins. Há exatamente 120 anos, católicos e luteranos relembram nesta data o grande surto de febre amarela que levou à morte centenas de imigrantes e seus descendentes no município. Segundo registros, foi neste dia, no ano de 1895, que foram realizados os últimos sepultamentos de vítimas da doença. Desde 1972, a data é considerada feriado municipal, instituído pela Lei n° 531/72.
A doença é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que causa a dengue, e chegou ao Brasil no século 17, em navios que vinham da África. Os primeiros casos datam de 1685, no Recife, e de 1692, na cidade de Salvador.
Durante o século 18, não foram relatados casos dessa doença no Brasil. Porém, novas ocorrências da febre foram registradas no século seguinte, na forma de uma grande epidemia, que atingiu quase todo o país. O número de vítimas aumentou entre 1880 e 1889, quando foram registrados 9.376 casos, de acordo com o livro “A História da Saúde Pública no Brasil”, de Cláudio Bertolli Filho. A doença chegou ao Espírito Santo e, em Domingos Martins, não foi diferente.
Nessa época, houve dias em que eram realizados até cinco sepultamentos na cidade, deixando as famílias martinenses desesperadas. Foi quando católicos e luteranos se reuniram para um dia de penitência e ficaram durante todo o dia em jejum e oração: os luteranos na igreja de Campinho e os católicos em Santa Isabel.
Conta a história que a fé dos imigrantes foi tão grande que os últimos sepultamentos aconteceram no dia 20 de janeiro de 1895. A partir dessa data, católicos e luteranos consagraram a data como Dia da Penitência, instituído anos depois como feriado municipal.