A localidade de Araguaia, em Marechal Floriano, considerada uma das comunidades mais italianas do Espírito Santo, ganhará, oficialmente amanhã (17), mais um atrativo turístico e uma marca da cultura dos italianos que colonizaram a região. Será inaugurada, em uma festa típica italiana, a Casa do Nonno.
Trata-se de uma casa de estuque, construída ao lado da estação ferroviária da comunidade. A casinha, toda feita com uma técnica usada pelos antigos imigrantes, retrata como eram as residências nas décadas após os italianos chegarem ao Espírito Santo, a partir de 1876.
A ideia de construir a casa de estuque, feita com madeira de demolição e barro, foi do morador Ângelo Uliana, “Seu Angelim”, 81 anos. Ele contou que durante a festa italiana realizada no distrito em agosto do último ano, ele comentou que seria interessante que Araguaia tivesse uma casa de estuque.
“O que seria uma brincadeira acabou virando um assunto que interessou outros amigos e iniciamos o projeto. O principal objetivo é que os mais jovens conheçam como eram as casas antigas. Se não construíssemos essa casa, futuramente essa tradição antiga iria ser apagada”, contou Angelim, que é pedreiro e marceneiro.
As madeiras usadas para a construção, com cerca de 20 metros quadrados, têm mais de 100 anos. O telhado também é de madeira e as paredes com reboco de barro. Como acontecia antigamente, quando moradores se juntavam em um mutirão para a construção de residências, um grupo de moradores do distrito também acordaram cedo para “embarrear” a casa de estuque em Araguaia, no último dia 23 de março.
Angelim destacou o apoio de Admilson Grecco, 51, que participou de todas as etapas da construção. Segundo o presidente da Associação dos Moradores de Araguaia, Ademir Dadalto, a construção da casa de estuque é mais uma forma de mostrar que a cultura italiana é mantida pelos moradores.
A festa para inaugurar oficialmente a Casa do Nonno está programada para começar às 19 horas de amanhã. Muita comida típica, vinho, canções e danças italianas farão parte da programação. Após o embarreamento da casa, ocorrido no dia 23 de março, Angelim construiu fogão à lenha e concluiu o acabamento do imóvel típico.
“Muitas pessoas me perguntam quanto que eu ganhei para fazer essa casa. Eu respondo que não ganhei nenhum centavo, mas ganharei o reconhecimento por construir essa casa que ajudará a manter viva a cultura italiana em nossa comunidade. Espero que os jovens e governantes mantenham de pé essa casa, que será um novo atrativo para Araguaia”, destacou Angelim (*Texto Julio Huber- Montanhas Capixabas).
