Fiéis vão pedir beatificação de frei

Leandro Fidelis

leandro@radiofmz.com.br

Treze anos após sua morte e dez da inauguração do memorial em homenagem a ele, o frei Alaôr dos Santos continua vivo na lembrança dos fiéis. Um grupo de devotos está reunindo gravações que relatam graças alcançadas e atestados médicos para iniciar o processo de beatificação do religioso junto ao Vaticano.

Frei Alaôr (Divulgação).

Conhecido pelas sessões de cura e por feitos considerados sobrenaturais em Conceição do Castelo, Castelo e Venda Nova do Imigrante, municípios nos quais atuou, frei Alaôr também passou a ser invocado nas orações para alcançarem um milagre que possa ser comprovado, uma das exigências da Causa para os Santos na Santa Sé.

O advogado José Coco Fontan, um dos coordenadores e autor do livro “A Divina Missão de Curar”, sobre a vida do frei, diz acreditar que um trabalho de campo de mais seis meses seria suficiente para reunir provas das virtudes de Alaôr. “É só trabalhar, pois temos tudo nas mãos. Temos que aproveitar essa abertura do Papa Francisco para esse tipo de processo, a exemplo da beatificação do padre José de Anchieta, em abril deste ano.”

O movimento de beatificação ainda não é conhecido pela Província Agostiniana Recoleta de Santa Rita, a qual Alaor pertenceu. Para o ex-provincial, frei Chico Bottacin, que é vendanovense, é necessário reunir mais material para a abertura do processo de beatificação. “Essa força tem que vir do povo. As pessoas devem colocar frei Alaôr nas suas intenções para ele não cair no esquecimento. Quanto mais divulgarmos o seu nome, mais chances temos de torná-lo beato”, acredita Bottacin.

Leandro Fidelis
O advogado José Coco Fontan, um dos coordenadores é. autor do livro “A Divina Missão de Curar”, sobre a vida do frei

Milagres não devem faltar para a beatificação do frei. Vários fiéis contam histórias supostamente inexplicáveis, obras de interseção de Alaôr. Mesmo sem o laudo das autoridades eclesiásticas, o primeiro milagre pode ter acontecido há quatro anos. Se não é o único, pelo menos é o mais surpreendente, na avaliação dos fiéis da Região Sul-Serrana.

Em maio de 2010, o estudante Yves Sisconeto de Oliveira (25), então com 21 anos, sofreu um grave acidente de moto em uma estrada vicinal na zona rural de Castelo, onde vive com a família. Ele ficou 14 dias em coma na CTI da Santa Casa de Cachoeiro e não havia expectativa de recuperação, segundo a família.

De acordo com o pai de Yves, José Guaraci de Oliveira, bastou o jovem ser tocado por um objeto que pertenceu ao frei para que ele reagisse. “Toda vez que colocávamos a estola do frei alaor sobre meu filho em coma, ele se agitava e virava até a cabeça. Foi o principal ponto da sobrevivência dele.”

Outro suposto milagre atribuído ao frei é relatado pela contabilista Maria José Ventorim Nunes, a “Zezé” (47). Ela lembra de uma vez que o sítio onde morava, no interior de Conceição do Castelo, era infestado por cobras e bastou a oração do frei para elas sumirem. “Nunca esqueço que, durante a reza dele, vários filhotes de cobra brotaram do nada em uma garrafa d’água.” Ela disse que, depois disso, as cobras teriam sumido do sítio.

Acervo pessoal
Mesmo sem o laudo das autoridades eclesiásticas, o primeiro milagre de frei Alaôr pode ter acontecido há quatro anos com Yves Sisconeto, entre os pais Maria e José.

Zezé pretende se dedicar mais à causa de frei Alaôr no próximo ano, porque acredita que deve isso a sua mãe, que morreu em 2005 e foi grande entusiasta do memorial. “Os milagres estão aí. Desde pequena sempre quis ver um milagre acontecer diante dos meus olhos, mas não sabemos enxergá-lo no dia a dia. Não podemos deixar o legado de frei Alaôr acabar”, disse.

A agricultora Vanilde de Carvalho Bissaco (60) também tem história de milagre realizado pelo frei. “Minha filha nasceu com uma perna mais curta que a outra. Quando ela tinha dois anos, meu marido me levou a uma missa celebrada por frei Alaôr, que colocou a mão na cabeça dela e a curou”, conta emocionada.

Mesmo não sendo considerado santo, Frei Alaôr recebe devoção. Vanilde leva ofertas e faz orações todos os meses no altar do memorial em homenagem ao frei, que foi montado em Conceição e abriga fotos, pertences e os restos mortais do religioso, que morreu no dia 31 de julho de 2001 em decorrência do diabetes.

Leandro Fidelis
Vanilde Bissaco leva ofertas e faz orações todos os meses no altar do memorial em homenagem ao frei, em Conceição do Castelo. 

A comprovação de um milagre é o principal documento para a Igreja Católica validar a candidatura de alguém a beato. Só quem pode validar é o Vaticano, após análise do bispo da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, que é responsável pela paróquia em Alaor era pároco.

Depois de elaborado um processo, incluindo a constatação canônica dos milagres, o caso é apresentado ao papa, que decide se proceder ou não à beatificação ou canonização.

A diferença entre um ato e o outro é o fato de que, na beatificação não existe um pronunciamento explícito quanto à certeza de que a pessoa beatificada está na glória do céu. Já na canonização existe essa atestação pontifícia, tanto vida virtuosa como modelo de santidade, quanto da certeza de que aquela pessoa declarada encontra-se na Igreja triunfante.

Histórias curiosas vão de fim de pragas na lavoura a incêndios

1-    Contam que, na década de 70, um homem sentado à beira da rua se negou a seguir uma procissão liderada por frei Alaôr em Conceição. O religioso, então, teria colocado a mão sobre a cabeça do homem, fazendo-o ficar paralisado na mesma posição até o final da procissão. Na volta, o frei o puxou pelo chapéu e o homem se levantou.

2-    Em outra ocasião, um agricultor de Venda Nova lamentou com o frei o ataque de lagartas nas plantações de hortaliças. Bastou a benção de Alaôrpara que os insetos nunca mais o incomodassem.

3-    Uma vez, em Viçosinha, na zona rural de Venda Nova, o fogo atingiu com velocidade uma mata ao pé de uma pedra, “subindo morro acima”, como dizem os moradores mais antigos. Os moradores chamaram o frei Alaôr, que rezou e o fogo cessou na mesma hora.

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