Quando se preparava para deixar o Brasil, rumo ao Haiti, a freira capixaba da Congregação Imaculada Conceição Rosângela Altoé, 54 anos, enviou um e-mail relatando sua felicidade, e a expectativa das pessoas que a aguardavam naquele país, em companhia da médica Zilda Arns, onde realizariam o trabalho de implantação da Pastoral da Criança. Zilda Arns morreu, mas Rosângela Altoé sobreviveu ao terremoto que matou milhares de pessoas naquele que é considerado um dos países mais pobres do mundo.
Natural de Vargem Alta, na Região Serrana do Espírito Santo, a freira viajou para o Haiti, no último domingo, em companhia da médica Zilda Arns, a quem assessorava no trabalho da Pastoral da Criança em nível internacional.
Sua irmã, a dentista Rosa Laura Altoé, explica que a freira Rosângela não estava com a médica quando o acidente que a matou aconteceu. “Soubemos hoje (ontem) cedo, que a médica saiu em companhia de quatro militares, para visitar uma área afetada pelo terremoto. Nessa visita, da qual minha irmã, Ângela, não participou, houve o desabamento de um prédio, provocando a morte da doutora e dos militares”, disse a dentista capixaba.
Só por volta do meio-dia de ontem a família da freira soube, por meio de uma ligação telefônica de uma pessoa da Pastoral da Criança, em Curitiba, no Sul do Brasil, que a irmã Rosângela estava viva, hospedada na Casa Episcopal de Conferência em Porto Príncipe, no Haiti.
“Foi um alívio. Só aí informamos o que havia acontecido à nossa mãe, que tem 80 anos de idade”, disse Rosa Laura Altoé.
Ela explica que sua irmã ingressou na congregação religiosa ainda garota, e que antes de atuar em Curitiba, sede da Pastoral da Criança, também trabalhou em Vitória, na Serra, em Governador Valadares (MG) e São Paulo. (Claudia Feliz)
Confiança antes da viagem
“Levantei com uma certeza de que ia dar tudo certo e cantando: Graças pela manhã tão linda, graças por todo amanhecer, graças, porque os cuidados eu te posso oferecer…. Era dia da Epifania – manifestação do Senhor. E foi mesmo. Deu tudo certo, eles me liberaram o visto no prazo de uma hora. Viajo no domingo às 7h50 da noite para Guarulhos, de lá troco de voo para Miami e em Miami trocamos de novo para Haiti. Será uma epopeia… Mas tenho certeza de que vai dar tudo certo. Eles estão nos esperando ansiosos e disseram que será para eles um acontecimento de Deus para a vida do povo.”
* Trecho do e-mail enviado pela irmã Rosângela Altoé, 54 anos, a uma prima, no Brasil, relatando sua expectativa no dia em que obteve o visto americano, antes de fazer a viagem que a levou ao Haiti
Contato
Por telefone, Rosa Laura Altoé, irmã da freira, disse à produção da TV Gazeta Sul que as buscas foram desesperadas. “Entre 9h e meio-dia, ficamos numa busca intensa atrás de informação. Soubemos quando uma pessoa de Curitiba, onde ela morava havia 2 anos, nos ligou informando que ela tinha feito contato por telefone”. (* Gazeta Online)
