* Leandro Fidelis
(leandro@radiofmz.com.br)
** Julio Huber (Montanhas Capixabas)
Uma vida normal e cheia de sonhos. É assim que vivem os gêmeos Guilherme e Gabriele Andreão, oito anos, que foram gerados em úteros diferentes e nasceram no dia 7 de maio de 2003. A mãe dos gêmeos, a professora Rosilene Fernandes Andreão, 36, é portadora de uma anomalia chamada Útero Didelfo.
Na época do nascimento dos gêmeos, esse foi o primeiro caso no Brasil, segundo na América Latina e o 23º registrado em todo o mundo. Mesmo contrariando orientação médica, Rosilene e o marido, o agricultor Robson Andreão, 34 anos, resolveram levar a gestação até o fim.
Hoje, os gêmeos são duas crianças saudáveis e que estão matriculadas na 2ª série na Escola Municipal Pindobas. O sonho de Guilherme, que gosta de jogar bola, é ser atleta profissional. Já o de Gabriele é ser professora, como a mãe. Ela confessou que adora matemática.
A família, que mora em Vargem Grande, na zona rural de Venda Nova do Imigrante, distante 12 quilômetros da sede, teve o caso contado em um telejornal a nível nacional no último domingo.
Rosilene disse que era desacreditada pelos médicos, que diziam que a gravidez não passaria dos três meses. Ela descobriu ter Útero Didelfo quando fez o primeiro preventivo. “Fiquei surpresa porque nunca tinha ouvido falar do caso, mas resolvemos levar a gravidez até o fim”, contou.
Quando ela e o marido decidiram ter filhos, procuraram se informar e fazer exames. Ela teve acompanhamento pré-natal com o médico Sérgio Onofre, em Venda Nova, e em Vitória, com Jules Wait. Naquela época, Jules era o único do Estado especialista em inseminação artificial. Havia possibilidade de aborto ou nascimento pré-maturo, já que os úteros eram bem pequenos.
Sobre ter mais filhos, Rosilene admite que não pensa em engravidar novamente. Já contei com a ajuda de Deus, que me deu esse lindo casal de filhos”, contou.
O Útero Didelfo ocorre devido a uma má formação do útero. Nesses casos, a mulher possui dois úteros, ao invés de um só. O problema acontece com uma em cada quatro mil mulheres. Quem tem o problema sofre com a dificuldade de engravidar, já que os úteros ficam com espaço reduzido, prejudicando o crescimento do feto.