A segunda edição do Festival Sabores da História- O Maior Feijão Tropeiro do Mundo será realizada nos próximos dias 11 e 12, no Espaço Coração Sertanejo, em Ibatiba. A proposta é produzir uma tonelada de feijão tropeiro em uma panela de aço de 110 kg, medindo 6 metros de diâmetro e um metro e meio de profundidade. O feijão é produzido em uma fornalha de barro gigante, à lenha. O evento é realizado em resgate a cultura do tropeirismo em Ibatiba. Na primeira edição foram produzidos 843 quilos e o evento contou com a participação de 5 mil pessoas.
Cerca de 100 voluntários estão envolvidos na organização da festa, que tem programação voltada para a cultura tropeira. Haverá shows com músicas de raízes e regionais, desfile rural, encontro dos tropeiros, cavalgada, gastronomia tropeira, festival de sanfona e moda de viola e o tradicional Rancho do Rosário, estrutura rústica feita de barro e pau a pique que remonta a história dos antigos tropeiros, com artefatos e fotos da época.
Ibatiba foi reconhecida como a Capital Capixaba do Tropeiro, e esse título rendeu ao Estado uma lei, a nº 9299/2009, que reconhece o Dia do Tropeiro em todo o Espírito Santo, no primeiro domingo de setembro de cada ano.
Ibatiba
O município de Ibatiba fica entre as montanhas da Serra do Caparaó, no Sul do Espírito Santo. É cortado pela BR 262, por isso a facilidade de escoamento da produção e do agroturismo, já que é o principal acesso para turistas de vários estados do País, principalmente de Minas, São Paulo e do Distrito Federal.
Com mais de 22 mil habitantes, o município foi colonizado por tropeiros, vindos principalmente das Minas Gerais. Homens de muita resistência física, os tropeiros, ao longo de suas andanças, assumiram grande importância na história do município de Ibatiba, principalmente na intensificação da cultura cafeeira.
Nos lombos de mulas, esses tropeiros desbravaram caminhos e trilhas negociando muares e comercializando produtos como o café, do interior para os centros comerciais da época: Guaçuí, Castelo e Cachoeiro do Itapemirim. E abasteciam ainda o interior com produtos que não podiam ser fabricados por aqui, como o sal, tecido, fumo, querosene, calçados, e ferramentas, entre outros.
Os tropeiros foram regionalizando hábitos alimentares que iam adquirindo em seu dia-dia, os quais os obrigavam a adotar durante as longas viagens, principalmente, durante os pousos, quando paravam para descanso e para se alimentarem. No que tange à sua dieta, esta era, em geral, baseada em alimentos não sujeitos à ação do tempo, seco, fáceis de carregar, além de proporcionar energia suficiente para o trabalho, como o feijão, toucinho, fubá, farinha de mandioca, café e carne salgada.
As heranças tropeiras são marcas culturais que os habitantes adaptaram a seus hábitos alimentares durante e após o período do tropeirismo e que, até hoje, são percebidas na alimentação dos Ibatibenses. Assim, da culinária tropeira, os moradores herdaram este prato batizado de feijão tropeiro, cujos ingredientes básicos são: feijão, farinha de mandioca e carnes de gado e de porco, ou, ainda, lingüiça. Era feito pelos tropeiros, pois na tropa não havia mulheres.
Para o prefeito de Ibatiba, Lindon Johnson, a importância de resgatar os hábitos e costumes está ligada à busca das raízes e à necessidade de encontrar, na origem, uma explicação para os hábitos e costumes herdados. “A gastronomia está ligada a sua cultura e ao seu modo de vida. Reconhecer o feijão tropeiro como a culinária típica que represente Ibatiba valoriza seu patrimônio cultural, destacando-se como referencial gastronômico.”
Ainda de acordo com o prefeito, o turismo pode ajudar a estimular o interesse dos moradores pela própria cultura, uma vez que os elementos culturais de valor para os turistas e para a comunidade local podem ser recuperados e valorizados. A gastronomia tropeira é um elemento sociocultural com potencial de desenvolvimento e uso para as atividades turísticas, principalmente no município de Ibatiba, onde sua culinária tropeira já está intimamente vinculada aos onze empreendimentos que fazem parte do Circuito Turístico Caminhos dos Tropeiros.
O uso da gastronomia tropeira, nas atividades turísticas destes empreendimentos, apresenta-se como forma de preservar as receitas tradicionais, os modos de preparo, o saber popular, sendo utilizado como complementação da oferta turística e de desenvolvimento para o turismo rural.