Imigração pomerana para o Espírito Santo completa 159 anos

Há exatos 159 anos, desembarcavam no Espírito Santo os primeiros imigrantes pomeranos. O grupo era formado por 27 famílias, em um total de 117 passageiros. Eles eram agricultores e luteranos, que partiram de Hamburgo, na Alemanha, no navio Eleonor, em abril de 1859. O transatlântico entrou no porto do Rio de Janeiro após dois meses de viagem. Lá estava sediada a “Central de Colonização”, responsável pelos contratos e transportes. Após essa breve escala, na capital do Império, seguiram viagem no barco “São Matheus” e chegaram a Vitória no dia 28 de junho. Nesta quinta-feira (28), em homenagem à data, comemora-se o “Dia do Imigrante Pomerano”. Parte desta história pode ser conhecida e pesquisada no acervo documental e nas publicações do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES).

 

A Pomerânia estava localizada entre a Europa e o Mar Báltico. A historiadora Cione Marta Raasch Manske, no livro “Pomeranos no Espírito Santo”, ressalta que o solo fértil, a diversidade hídrica e a localização estratégica desencadearam disputas pela posse da terra na Idade Média, deixando-a marcada por guerras, epidemias e fome. A imigração, neste contexto, mostrou-se como uma opção para a sobrevivência. Durante um período prolongado, diferentes conflitos devastaram o local. Em 1720, o território é conquistado pela Prússia, que em 1817 institui a “Província Prussiana da Pomerânia”. No século XIX, conforme aborda a autora, mudanças políticas, econômicas e sociais contribuíram de forma significativa para o agravamento da situação de crise. A instabilidade social gerada pelo desemprego impulsionou os pomeranos a imigrarem para o Brasil, com destaque ao Espírito Santo.

 

O diretor-geral do APEES, Cilmar Franceschetto, explica que para alcançar os lotes coloniais, seu destino final, os imigrantes tinham que subir o Rio Santa Maria até o então “Porto do Cachoeiro”, atual Santa Leopoldina. Nessa primeira viagem vieram os Bielke, Graunke, Krause, Küster, Raasch, Reinnholz, Schulz, Schmidt, Schumacher, Schroeder, Schwantz, Zumach, entre outros. Nos contratos de estabelecimento agrícola constam informações sobre os locais de origem na Europa, tais como: Horst, Bonin, Glietzig e Lankow. Essa região, hoje em dia, pertence à Polônia e compõe a parte noroeste desse país junto ao mar Báltico. Até 1860 vieram outros 46 imigrantes. Porém, o maior fluxo se verifica entre os anos de 1868 a 1874. Ao todo, foram 2.223 colonos de origem pomerana que entraram no Estado.

 

“Em Santa Leopoldina receberam lotes em uma região montanhosa denominada Alta Pomerânia, lugar que deu origem, posteriormente, ao município de Santa Maria de Jetibá. Cada família recebeu sua gleba de terra em meio à floresta virgem. Tiveram de providenciar suas próprias habitações, adaptando-se a novos costumes, em um ambiente que lhes era muito hostil e extremamente diverso das vastas planícies litorâneas da Pomerânia. Ao mesmo tempo, procuravam manter seus ideais, valendo-se de seus dotes culturais, da fé, do trabalho e principalmente, da esperança de um futuro mais promissor” ressalta Franceschetto.

 

Documentos sobre os pomeranos no Arquivo Público

 

Os documentos de cada grupo familiar, os “Contratos de Colonos”, preenchidos no porto de Hamburgo, antes do embarque, encontram-se disponíveis na internet no link http://imigrantes.es.gov.br/html/contrato_colonos.html. Na “Coleção Canaã”, a linha editorial do Arquivo Público, há diferentes publicações para download que retratam a história e trajetória dos imigrantes, o acesso pode ser feito em https://ape.es.gov.br/colecao-canaa.  Para pesquisas presenciais, o APEES está aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h30, na Rua Sete de Setembro, 414, no Centro de Vitória.

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