Mais de 40 profissionais do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), se reuniram nesta quarta-feira (11) no Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro-Serrano, em Domingos Martins, para discutir os principais resultados do primeiro ano do Programa Renovar Arábica e definir a programação de ações para 2010. Os técnicos representam os 33 municípios de maior produção de café arábica no Estado.
Lançado pelo Governo do Estado, por meio da Seag e do Incaper, com a parceria de 22 entidades, o objetivo do programa é dobrar a produtividade e a produção do café arábica capixaba, melhorar a qualidade do produto e oferecer mais sustentabilidade à atividade, a partir da renovação e do revigoramento das lavouras.
Apesar de o programa ter sido implantado em 2008, as ações já são trabalhadas com os cafeicultores, em algumas regiões, há cinco anos. Nesse período, foi registrado um aumento de 33% na produtividade e alta de 21,13% na produção, mesmo com uma redução de 9,6% da área plantada. Somente no primeiro ano, o programa já foi implantado em 33 municípios, com renovação de seis mil hectares. Para tanto, foram utilizadas 12 toneladas de sementes.
Para 2010, o plano é renovar 10 mil hectares de lavouras, a partir da distribuição de 20 toneladas de sementes das variedades recomendadas pelo Incaper. Serão plantadas, somente no final deste ano e início do próximo, mais de 30 milhões de mudas, resultantes das 12 toneladas de sementes distribuídas em 2009, explica o coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura e pesquisador do Incaper, Romário Gava Ferrão.
Mais de 10 mil cafeicultores receberam treinamento técnico em diferentes cursos e eventos de café neste ano. Foram recomendadas três novas variedades adaptadas e resistentes à ferrugem (principal doença da cultura). Também foi publicada e disponibilizada uma cartilha para mais de cinco mil produtores sobre as tecnologias necessárias à melhoria da produtividade e sustentabilidade do café arábica.
As ações de capacitação continuam em 2010 serão mais de 300 ao longo do ano. Para 2010, serão instalados seis campos de produção de sementes de arábica, o que vai proporcionar um avanço na renovação. Atualmente, todas as sementes são provenientes de outros Estados. A partir delas são produzidas as mudas, para então serem plantadas nas lavouras. Com os campos, o Estado vai facilitar o acesso do produtor às novas tecnologias, destaca Ferrão.
O diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, explica que o café arábica enfrenta um momento difícil do ponto de vista econômico, mas o produtor está percebendo a importância do programa e começando a aplicar as novas tecnologias. O produtor que não aderir às novas bases tecnológicas, não conseguirá ser competitivo, alerta.
Evair de Melo disse ainda que o café arábica, apesar de receber ao longo dos anos ganhos significativos de qualidade, teve pouco avanço na produtividade. O Programa Renovar Arábica vem justamente resolver esse gargalo e ser um marco na história da cafeicultura de arábica do Estado, já que pretende revigorar todas as lavouras capixabas de arábica, com vistas à melhoria não apenas da qualidade, mas principalmente da produtividade do produto.
Isso é resultado das tecnologias desenvolvidas e disponibilizadas através de um importante trabalho de pesquisa e assistência técnica em andamento. Os resultados são surpreendentes e a adesão dos produtores está acima do esperado, comemora Romário Gava Ferrão.
Metas
Entre as principais metas, que deverão ser cumpridas até 2025, a partir do que foi definido no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Novo Pedeag), está a renovação de 100% do parque cafeeiro de arábica, com o uso de variedades recomendadas pelas pesquisas científicas e de boas práticas agrícolas. Desta forma, será possível dar um salto histórico na produção do café arábica capixaba: dobrar a produtividade, elevando de 12 sacas beneficiadas/ha para 23 sacas e aumentar a produção de dois para quatro milhões de sacas, sem aumentar a área plantada.
Outras metas também estão no programa, como ampliar a produção de café superior de 300 mil para um milhão de sacas por ano e a exportação desse produto com valor agregado, além de implantar salas de provas de café arábica em todos os municípios.
Segundo a pesquisadora do Incaper que trabalha com o arábica, Maria Amélia Gava Ferrão, os produtores que têm utilizado adequadamente as tecnologias desenvolvidas e feito boa gestão da atividade têm alçando produtividades excelentes. Chegam até a 80 sacas beneficiadas/ha e média de produção com base em vários anos de mais de 40 sacas/ha, afirma.