Um fenômeno tem intrigado moradores da Região Serrana do Espírito Santo. Centenas de esperanças têm invadido casas, prédios e ruas das cidades. Basta um olhar atento para ver os bichinhos pelas paredes, nos postes, nas plantas ou voando de um lado para o outro. A explicação para a invasão dos insetos está nas chuvas e no calor que este outono trouxe, explica o entomologista do Incaper, Maurício Fornazier.
"Com as chuvas e o tempo quente, há mais alimento no ambiente. Além disso, o ambiente favorável reduz o ciclo da praga. Se em um período de seca ou frio, por exemplo, o ciclo do inseto é de cem dias, mais ou menos, com o calor e a chuva, ele se encurta para 40 dias. Na prática, onde tínhamos apenas um ciclo reprodutivo, agora temos dois ou três", explica.
E esse aumento da população de esperanças nas matas é propício para que eles busquem novos locais para se reproduzir, por conta de um processo batizado de mecanismo de agregação, salienta Fornazier. "Isso significa que quando os insetos estão na mata e a população aumenta, eles se trombam. Esse esbarrão é código que indica que eles precisam migrar, pois há muitos outros no mesmo ambiente. Certamente foi o que aconteceu nas matas que cercam as cidades. O clima favoreceu, a população de insetos cresceu e eles sentiram a necessidade de migrar para as áreas com menos insetos, a fim de buscar alimentos. Por isso estão nas cidades".
Insetos não causam danos à saúde humana, portanto, não há motivo de preocupação |
O entomologista explica ainda que não há motivo para preocupação, já que, com a chegada do inverno, a tendência é diminuir o número de esperanças. "Vai passar naturalmente. No inverno, as condições são desfavoráveis para a reprodução, os insetos põem menos ovos e o ciclo de vida diminui. Também não há risco para a saúde humana, já que eles não são nocivos. Só é indicado ter cuidado com as crianças, pois nas patinhas das esperanças há pequenos espinhos, que podem causar irritação na pele", conta.
Os agricultores também não precisam ficar preocupados, diz Fornazier. "Esses insetos se alimentam de broto de plantas, capim e grama. Mas não oferecem risco para a agricultura. De qualquer forma, estamos atentos, já que em Alfredo Chaves ocorreu uma infestação de outro inseto, semelhante à esperança, que atacava a banana. Mas, aparentemente, os que estão nas cidades hoje não são o mesmo inseto".