Depois de passar seis dias em poder dos criminosos, a jovem sequestrada em Santa Maria de Jetibá quebrou o silêncio e agradeceu o apoio de amigos e familiares. Ainda sob efeito de sedativos, a advogada conversou com a imprensa na tarde desta quinta-feira (17).
Na varanda do apartamento da família, amigos foram dar apoio à advogada. Por volta de 14 horas, a jovem de 26 anos desceu do apartamento e, ainda debilitada, falou pela primeira vez com os jornalistas.
“Eu estava muito exausta. Só quero agradecer o secretário de segurança Rodney Miranda, à Delegacia de Divisão Anti-Sequestro, a todos os policiais, ao judiciário de Domingos Martins, a todos que me ajudaram, a todos que tiveram do meu lado, orando, rezando, dando essa força. Só isso”, disse.
Após falar com a imprensa, a jovem seguiu com a família para o interior do Espírito Santo. Segundo amigos da advogada, ela dormiu pouco durante os seis dias em que esteve no cativeiro. A mãe contou que a família agora está aliviada. “Ela está sob sedativos. Estou muito feliz de ter a minha filha em casa. Queremos agradecer primeiro a Deus”, comentou.
O caso
A jovem permaneceu vários dias em uma casa localizada em Nova Ponta da Fruta, em Vila Velha. Os criminosos pretendiam sequestrar o irmão dela. Ambos são filhos de um dos maiores granjeiros do país e moram em Santa Maria de Jetibá. Para libertá-la, os bandidos exigiram resgate de R$ 2 milhões. Os quatro sequestradores foram apresentados pela polícia na manhã desta quinta-feira (17).
Três foram detidos na tarde de quarta-feira em Santa Maria de Jetibá. O último foi preso durante esta madrugada no local do cativeiro, em Nova Ponta da Fruta, Vila Velha. O mentor do sequestro é Wancley Haese Falk, de 22 anos. Fernando Santos, de 46 anos, era o vigia do local onde a advogada e empresária foi mantida refém. O filho dele, Douglas Fernando Marques Santos, de 24 anos, era o negociador. O quarto membro da quadrilha, Efrainho Naitcel Loose, de 25 anos, escondeu o carro da vítima. Todos vão responder por extorsão mediante sequestro, formação de quadrilha e um deles, Douglas, por porte ilegal de arma.
Com os acusados, a polícia apreendeu três capuzes, uma pistola 765, documentos falsos, munição e telefones celulares. Mesmo com trabalho fixo como cabeleireiro na cidade, Douglas tentou justificar o crime. “Não se vê condições de trabalho no Brasil, infelizmente. Eu estava empregado, mas não dava para manter a minha família com o que eu ganhava”, admitiu.
Para a polícia, os sequestradores confirmaram que acompanharam a rotina da família em vigília por um mês e meio e que pretendiam, na verdade, sequestrar outra pessoa. “Nosso plano era o irmão dela, mas ela apareceu na hora. Foi a oportunidade. Naquele dia apareceu ela, então tinha que ser ela”, afirmou Douglas.
A empresária contou para o secretário Estadual de Segurança Pública, Rodney Rocha Miranda, que não sofreu maus tratos durante os seis dias de cativeiro. “Eu tive a oportunidade de falar com ela ainda de madrugada. Ela estava muito emocionada e abatida, logicamente. Disse que não foi agredida e contou que os sequestradores sempre estavam de capuz quando falavam com ela. Eles também a obrigavam a colocar um capuz nesses momentos. Ela não teve contato visual com eles”, disse.
* Folha Vitória